anasilvestre
a vida e o medo
sentei-me no relógio a ver o tempo passar
apunhalada pelo estremecer dos ponteiros
recitando-me degraus que não quis subir
asas me apelaram anunciando um céu
onde brilhava a liberdade em vaga-lumes cadentes
pisei um chão que não havia.poisei o olhar no instante
fechei os olhos,cerrei as mãos,tive medo de cair..
naquela noite
despi-te o luar
que vestias no olhar
dei sombra ao sol
que escondias no regaço
pronto para amar
ah esta loucura
que me faz escrever-te
me faz estremecer
a caneta na palma da mão
perceber que nada é em vão
este amor
qual cavalo selvagem
galopando nos vales
que se quebram nas dunas
perto do mar
não te quero sempre..
quero que me tragas o amor
antes da hora que ameaça
a chegada do amanhã
que tudo não seja mais
que uma esperança vã..
amor verdadeiro
agora que ouves meus silencios
habitas-te na minha pele
sonhas-te nos meus sorrisos
presencias meus avessos
soltas nos dedos as palavras
que me acariciam
arrancas meus devaneios
agora que me vês tal qual me sinto
sem nada nos pedirmos,sabemo-nos
mesmo que tudo nos pareça virado ao contrário.