Ananda Maia
“Que você continue dando significados à coisas que eu faço por vaidade, e que as estrelas continuem sendo sempre nossas e sempre à frente de nós nos levando pro lugar que devemos ir. Que o azul continue sempre em torno de nós, tranquilizando o nosso amor e descansando a nossa mente, porque ele nos lembra que nada que nós vivemos é por acaso e que temos muitos sorrisos pra abrir juntas e pelos mesmos motivos, e sempre que o azul sumir e as coisas ficarem cinzas, a gente olhe pro céu, e se tiver de noite, a gente olhe as estrelas, e se tiver chovendo, a gente se lembre que o Sol sempre vai nascer novamente porque ele é mais forte do que as nuvens carregadas. Que a gente continue sempre abrindo um sorriso doce, silencioso e meio tortinho sempre que ouvirmos “little things” em algum canto qualquer, e que cada verso dessa música nos relembre sempre o que nós somos. Que o banheiro continue sempre sendo o melhor lugar pra gente se pegar, e que a gente nunca se esqueça do nosso primeiro beijo dentro do da escola. Que sempre que virarmos uma esquina, que seja de mãos dadas, juntas e traficando amor, que a gente se lembre de todas as esquinas que você teve que deixar eu virar sozinha, e abrirmos um sorriso por termos conseguido o que tanto queríamos. Que sempre que você colocar a sua mão direita na minha esquerda, a gente se lembre que ninguém nunca vai conseguir encaixar duas mãos tão perfeitamente o quanto a gente consegue com as nossas e que você se lembre que sempre vou preferir andar do seu lado direito porque eu sou problemática com isso. Que sempre que lermos por acaso ou sem querer um trechinho de “o contrato”, a gente se lembre que ele é exatamente tudo o que a gente vivia em 2012, que foi onde nasceu a melhor coisa que temos dentro de nós hoje. Que sempre que formos ao cinema e olharmos duas pessoas fardadas por lá, a gente se lembre do quanto que a gente era feliz, do quanto rimos e se amou dentro das salas enquanto matávamos aulas. Que sempre que você tiver andando pelas ruas e olhar mulheres com as unhas pintadas de azul clarinho ou rosa forte, você se lembre de quando eu pintava as minhas dessas cores porque você amava elas nas minhas mãos e que eu fazia isso só pra te agradar e pra chamar a sua atenção (vou continuar fazendo isso sempre) e que toda vez que eu ver alguma coisa relacionada ao filme “o melhor de mim” eu me lembre de você falando o quanto que se lembrou de nós assistindo. Que a gente veja juntas o filme “para sempre” no nosso apartamento, porque a gente sempre quis isso e logo logo nós vamos poder. Que a nossa essência nunca mude, porque viver um amor é bom, mas derrubar o mundo com esse amor pra ser feliz é melhor ainda!
“Que a primavera nos dê mais flores a cada estação pra nos lembramos de como elas fazem parte da nossa história, que todas as cores só sirvam pra nos lembrar a nossa essência, que o cheiro delas nos lembre aos nossos perfumes, que o verde estampe nosso chão pra nos trazer boas energias, que as flores brotem tão lindamente quanto o momento em que nossos olhos se encontram e que os pássaros cantem as nossas músicas.
Que o verão seja tão iluminado quanto a nossa fé, que os raios do Sol sequem todas as nossas lágrimas, que o calor nos dê vontade de lutar mais ainda pelo o que queremos, que o tempo quente derreta as sensações ruins e os momentos difíceis, que a temperatura elevada leve pra cima junto com ela os nossos sorrisos e que o céu azul nos lembre o tom do nosso amor.
Que o outono nos traga ventos ainda mais intensos pra levar com ele tudo o que nos atrasa, que as folhas caiam junto com os nossos erros e que a gente não tropece nelas, que a mudança na cor das árvores traga mudanças nas nossas rotinas também trazendo assim dias melhores, que na baixa umidade a gente se ame debaixo dos cobertores e o único barulho que a gente escute seja dos nossos pés nos cascalhos enquanto andamos de mãos dadas.
Que o inverno não me leve dos seus braços, que a água da chuva só sirva pra limpar as nossas almas, que o frio seja só pra sentir mais vontade ainda de você, que as estrelas sumam do céu só pra sentirmos saudade delas, que a gente vista nossos casacos pra se proteger da maldade do mundo e pra escondermos o nosso amor pra ele nunca fugir.”
“Eu não faço a menor ideia do que eu quero da minha vida. Não sei se quero cursar aquele curso que tô querendo cursar, não sei se vou ser boa naquilo, eu nunca me acho boa em nada, muito menos acho que alguém me ache boa em alguma coisa, aliás, eu nem sei se eu quero mesmo cursar alguma coisa. Eu não sei porque todos os dias eu tenho que acordar antes das 7 e ir pra escola, eu não presto atenção em nada mesmo, não tenho interesse em nada que tá dentro daquele lugar, por que eu tenho que ir? Eu não sei porque eu tô nesse mundo, não entendo qual é o propósito do ser humano, você já parou pra pensar nisso? No porque de você tá aqui, o que você tem que fazer e porque você tem que morrer, qual o sentido disso tudo? Faz 18 anos e eu não sei porque levanto da cama todos os dias, já levantei, tomei banho, botei maquiagem, vesti aquela roupa legal, vi aquelas pessoas que hoje não tão mais aqui, tirei a maquiagem, e deitei de novo. Acordei no outro dia e fiz a mesma coisa, pessoas novas, e saíram, e entraram. Por que as pessoas entram e saem da nossa vida também? Não entendo porque construímos histórias ao longo da vida pra sentirmos saudade ou raiva delas depois, não é mais fácil ter só uma? Não entendo também porque as pessoas são tão más, porque existe gente que gosta de ver a infelicidade dos outros. Ah, eu também não sei se sou feliz. O que é ser feliz? Às vezes me sinto bem quando tô com aquela pessoa que eu amo, que inclusive não sei se vai tá aqui amanhã. Isso é felicidade? Também não sei porque as coisas têm que ser tão confusas, por que as pessoas se desentendem? Eu não sei o que eu tô fazendo dos meus dias, não sei se eles tão completos, não sei o que falta, não sei o que eu deveria colocar, não sei também se não tá tudo certo e não precisa de nada. Não sei porque a gente tem que ficar triste também, tem coisa que dói tanto, né? Às vezes a gente pensa sobre o motivo de estarmos sofrendo e parece que se você contar pra alguém o que você tá sentindo e o porque, vão confundir você com um circo. Não entendo também porque as pessoas não entendem nada do que a gente fala e sente, se a gente tá falando que é isso, é porque é, tem gente que questiona tanto. Eu não sei o que os nossos pais pensam quando dizem que querem o melhor pra gente, isso não é meio óbvio? Eu não entendo menos ainda o porque deles não entenderem que quem sabe o que é melhor pra mim sou eu. Eu não sei também o que eu tô fazendo com aquela pessoa, eu devo amar, não é? Ultimamente até isso é difícil. Eu sinto falta de sol, de mar, de vento, de andar. Eu sinto falta de noite, estrelas, céu limpo, sorrisos. Eu sinto falta de frio, edredom, carinho, eu te amo no pé no ouvido. Eu sinto falta de nota boa naquela porcaria de escola também, e também não vejo a hora de me ver livre dela, pra cursar aquele curso que não sei se serve pra mim também. Mas voltando ao ponto: eu não faço a menor ideia do que eu quero da minha vida.”