Anabela Pacheco
O tempo esgota-se!
Tantos projectos, tantos sonhos por viver...
A vida dá-nos tanto e tira-nos tanto!
Cada minuto, cada segundo,
sem saber...
Se entre o partir e o chegar,
existe o permanecer.
Porque a vida é um eterno descobrir,
entre emoções, sentimentos, sensações...
Não temos tempo para definir,
se avançamos ou recuamos.
Apenas vivemos, cada segundo, cada instante,
num eterno advir...
Será esta a resposta? Nada saber? Tudo sentir!
Anabela Pacheco
Deixa-me olhar para ti.
Descobrir se finges,
ou sentes o mesmo que eu.
Deixa-me escutar a tua voz.
Perder-me e encontrar-me.
Só por breves segundos.
Saber se sussurras o meu nome no silêncio.
Se o gritas ao vento,
assim como eu...grito o teu!
Este querer infinito,
que só tu sabes desvendar.
Uma alma perdida,
por tanto te amar!
Vislumbrar o teu rosto.
A cada amanhecer, a cada luar!
Porque vives em mim,
porque tudo o que sei é amar.
Anabela Pacheco
Esse amor indelével.
Cruel, devastador.
Porquê esse amor?
São meras fantasias,
que jazem tardias,
no teu esplendor.
Cruéis fantasias de amor!
Pecados mortais.
Doces tentações.
Histórias perdidas.
Mar de ilusões.
Esse amor indelével.
Cruel, devastador.
Porquê esse amor?
São frases não ditas.
Promessas malditas.
Que causam ardor.
Um grito no escuro.
Teu lado obscuro.
Que tanto me seduz!
São memórias esquecidas.
Apagadas. Destruídas.
Aquelas que vivi.
Por saber que não vinhas...
Senti-me perdida.
Definhei. Sofri.
Amaldiçoei teu nome.
Selei a ferida.
Desfaleci.
Não mais pude amar.
Resignei-me.
Sorri.
Esse amor indelével.
Cruel, devastador.
Porquê esse amor?
Anabela Pacheco
Diz-me!
De que cor pintaste o céu?
Será azul celeste,
agreste como eu?
Terá traços de negrura,
frios e vorazes?
Será a expressão das nossas vontades,
ou a certeza das nossas ternuras?
Diz-me!
Se vês o brilho do sol,
para lá do horizonte.
Se pintas a lua de branco.
Se esbates o castanho do monte.
Diz-me!
De que cor pintas a tua vida?
Será um esboço do nada?!
Estarei a ser atrevida?!
Não consigo adivinhar.
Vejo um espectro de cor,
sem significado.
Um traço parado.
Um destino, sem fado.
Diz-me!
Porque não queres colorir
um céu estrelado?
Dar luz e brilho
a um sonho encantado.
Diz-me!
Preferes viver e sonhar,
com um desenho inacabado,
que só tu podes terminar?
Diz-me!
Anabela Pacheco
Um só olhar...
Um momento.
Aquele momento!
Saciar a vontade
de ser e estar
contigo...
Doce melodia
cujo eco persiste
em me atormentar.
Saudade!
Do toque aveludado das tuas mãos,
do leve beijo,
do cheiro inebriante da tua pele...
Tão doce.
Tão macia.
Um só olhar...
Um momento.
Aquele momento!
Perco-me no querer
que nunca se vai concretizar!
Perdida. Sigo.
À procura do teu odor...
Cada vez que em ti me encontro.
Cada vez que em ti me perco!
Anabela Pacheco
Maior será a minha coragem!
Menor será o meu medo.
Vou olhar para o futuro.
Não faço disso segredo.
Porque o sol nasce a cada dia,
em todo o seu esplendor.
Porque estou viva,
rodeada de amor.
Porque adormecer,
é morrer a cada dia...
Porque maior será a minha alegria!
Porque desejar é querer,
a cada dia renascer.
Porque vou conseguir!
Vou lutar e atingir
tudo o que quero alcançar.
Fazer castelos de areia.
Dançar ao luar.
Correr, saltar.
Sentir, viver.
Sorrir, amar!
Porque maior será a minha coragem!
Porque menor será o meu medo.
Porque sou apenas humana,
não faço disso segredo!
Anabela Pacheco
Promessas vãs.
Sonhos vãos...
Palavras proferidas.
Escarpas. Feridas.
O tempo que não chega,
nem nunca chegou!
São bolbos ao vento.
Um gemido,
um lamento,
por tanto, por tão pouco...
Quem nunca chorou?!
Cruéis expectativas,
desespero,
fatiga...
Quem nunca perdoou?!
São chamas ardentes,
que queimam,
tão quentes...
Tão vivas, tão presentes!
Quem nunca amou?!
Anabela Pacheco
Só um sopro...
No rasgo do teu olhar,
na melancolia do teu sorriso,
na nostalgia da tua vida!
Apenas um sopro...
Na penumbra da tua sombra,
na raíz da tua saudade,
no silêncio do teu medo!
Não estás morto.
É apenas a tua alma
que não vive!
Frágil, em pedaços se desfez.
Sonhadora, em ilusôes se perdeu!
Só um sopro...
De esperança,
de crença, de felicidade!
Irás ser imortal,
no templo dos Deuses,
no mundo dos lendários.
Porque a tua história,
nâo desfalece no teu perder.
Sobrepõe-se ao teu viver.
É única, verdadeira, lendária!
Só um sopro
e será ETERNA...
Anabela Pacheco
São momentos!
Momentos feitos de certezas,
de alegrias,
de paz, de harmonia...
São momentos!
Momentos feitos de dúvidas,
incertezas,
ansiedade, tristeza...
São momentos!
Momentos de sabedoria,
de criação,
de aprendizagem, de autoria..
São momentos!
Momentos de reflexão,
de busca,
de culto, de solidão...
São fragmentos!
De um passado
que teima em ficar...
De um presente
que teima em acabar...
Anabela Pacheco
Perco-me no nada
e encontro-me no tudo...
Vielas despidas e frias.
Ruas sem gente.
O vazio tem um cheiro próprio
que não desaparece!
Frenesim de viver,
pressa de chegar,
a lugar nenhum...
Pequeno querubim.
Tua beleza e magia
contagiam de luz
a minha essência.
Porque do tudo, onde vivo,
me resgataste!
Porque no nada, me continuo a perder...
Anabela Pacheco
Doce luar.
Trazes contigo o brilho eterno do teu manto
perdido na luz que vagueia
entre a bruma e a saudade
e que me incendeia de amor...
São as estrelas tuas escravas
os cometas teus servos
bailando suspensos
num doce bailado de cores.
Névoa passageira
que ofusca as demais,
corpos celestes bailando
em gestos angelicais.
São eternas canduras
fantasias, ternuras
trocadas ao luar.
Porque teu rosto iluminado
há muito desejado
desperta em mim
a doçura de um olhar!
Anabela Pacheco
O tempo urge.
A pressa de chegar a um porto desconhecido,
desperta em mim a busca do inalcansável!
Há dias que acredito,
outros tantos que não...
Atingir um estado de graça,
em que tudo importa,
mas nada se desfaça...
É utopia!
Porque o tudo e o nada,
são o oposto da felicidade...
Estar, sentir, viver,
é o antídoto,
para querer, pedir, sofrer!
Porque não adianta...
O mundo tem uma força própria
que nos transporta para além do ideal...
Levitamos entre pólos opostos,
entre o que desejamos e o que obtemos.
Entre o sonho e a realidade!
Anabela Pacheco
Serei eu um eterno sonhador?
Busco incessantemente aquele momento...
Sim. Sonho com isso!
Despertei.
Já não sei se estou vivo,
se é apenas uma sombra de mim...que vagueia!
Apenas sinto um chamamento,
que dita o meu destino e inebria a minha mente!
Anseio. Tenho medo!
A magnitude daquele sonho, daquele momento...
Incessantemente, busco...Paz.
Auséncia de tudo e de nada.
Sentir para além de mim próprio!
O vazio que se enche de silêncio.
O som das estrelas que ilumina o céu de cor!
Preciso. Incessantemente!
Do cheiro das giestas, do toque dos arbustos.
Ouço o vento chamar por mim...
Serei eu um eterno sonhador?
Busco incessantemente aquele momento...
Sim. Sonho com isso!
Anabela Pacheco
Meu filho.
Não és mais uma criança.
Deixo-te o melhor de mim.
Um sopro de esperança!
Vais crescer e sentir,
a vida a fluir.
Experimentar sensações.
Viver desilusões.
Chorar, sofrer.
Mas vais descobrir
que vale a pena viver.
Por tantas razões.
Tu vais compreender!
Não queiras saber,
todas as respostas.
Vais abrir janelas.
Fechar muitas portas.
Vais ter de escolher,
o caminho a seguir.
Muitas dúvidas vais ter.
Vais ter de descobrir!
Não quero que fraquejes,
nem nunca desistas,
dos teus sonhos e metas.
Quero sempre que persistas!
Nem sempre vais conseguir.
Isso não faz mal.
Não te deixes abater.
Eleva sempre a moral.
Não te esqueças nunca,
de quem te ajudou.
Pratica o bem.
É a herança que te dou!
Amor!
Quando te sentires sozinho,
olha para dentro de ti.
Verás todos os tesouros do universo!
Estão ocultos à tua espera...
Só tens de querer observar!
É tão fácil amar,
o que de belo existe em cada um de nós.
Basta sentires,
a cada instante,
que és talentoso,
és brilhante!
Não deixes que contrariem a tua vontade.
És poderoso.
Majestade!
Ofuscas o brilho das estrelas,
o canto das sereias.
És especial.
És único.
És o dono e senhor das tuas ideias!
Anabela Pacheco
Vamos!
Não interessa onde.
Simplesmente, vamos...
Não fiques imóvel.
Não olhes para trás,
em busca do que não vem...
Vamos!
Vamos, tu e eu.
A minha imagem e o meu "eu".
Vamos juntos descobrir,
histórias para colorir.
Preencher a cada momento,
a cada instante,
um novo caminho
mais aliciante.
Vamos!
Vamos, tu e eu.
A minha imagem e o meu "eu".
Vamos conquistar o mundo.
Beber a sabedoria do universo.
Construir cada verso,
em jeito de premonição.
Vamos!
Não interessa onde.
Simplesmente, vamos...
Anabela Pacheco
Bebi água de uma fonte.
Pura, cristalina.
Nascida no monte.
Aquele que jaz tardio
no horizonte,
o qual tento alcançar.
Bebo novamente.
Sinto um ardente desejo de lá voltar!
Percorro mais um caminho,
depressa, devagarinho.
Apenas sinto um pequenino
ardor ao olhar.
O sol brilha intensamente,
inebria a minha mente.
Apenas quero lá chegar!
Sinto febre de repente,
um calor aparente,
que não esperava sentir.
Apenas quero aquele momento!
Alcançar aquele monte.
Descansar e sorrir.
Anabela Pacheco
O que me preenche é a vida!
Cada sopro de fé,
que transmito aos meus pensamentos.
Não vivo de lamentos.
Mantenho-me de pé.
Contra as adversidades.
Traições, falsidades.
Contra a incerteza,
nostalgia, tristeza.
O que me preenche é a vida!
Cada sopro de fé,
que transmito aos meus pensamentos.
Não vivo de lamentos.
Mantenho-me de pé.
Sigo inerte.
Nada me compromete.
Sou fiel aos meus princípios reais,
nobres, verdadeiros, leais.
O que me preenche é a vida!
Cada sopro de fé,
que transmito aos meus pensamentos.
Não vivo de lamentos.
Mantenho-me de pé.
Vivo com paixão.
Sobrevivo à desilusão.
Acredito com veemência.
Ultrapasso a minha demência.
O que me preenche é a vida!
Cada sopro de fé,
que transmito aos meus pensamentos.
Não vivo de lamentos.
Mantenho-me de pé.
Sigo com convicção.
Sem rumo, nem chão.
Mas com a certeza absoluta,
de que não desisto sem luta.
O que me preenche é a vida!
Cada sopro de fé,
que transmito aos meus pensamentos.
Não vivo de lamentos.
Mantenho-me de pé.
Anabela Pacheco
Meu pensamento está inquieto.
Inquieta está a minha vontade.
Será mesmo verdade,
ou a expressão da minha loucura?
Será um reflexo,
este pensamento sem nexo?
Será uma dor,
esta fantasia de amor?
Tardaste. Mas vieste.
Chegaste e sorriste.
Questionaste a evidência.
Salvaste-me desta dormência
de não sentir...
Quero abraçar esta ideia.
Desfrutar e viver a odisseia.
Ser FELIZ...
Anabela Pacheco
Expectativas.
Memórias.
Tentativas.
Histórias.
Amores.
Desamores.
Encontros.
Desencontros.
Idas.
Chegadas.
Vitórias.
Perdas.
Encantos.
Desencantos.
Ilusão.
Desilusão.
Atracção.
Repúdio.
Paixão.
Perda de razão.
Raciocínio.
Lógica.
Depressão.
Ansiedade.
Agonia.
Felicidade.
Eterna espiral...Sopa de letras...
Anabela Pacheco
Um sonho nunca morre,
para os que acreditam!
Um caminho nunca acaba,
para os que desejam continuar.
A esperança nunca termina,
com o nosso desânimo.
O sol nunca deixa de brilhar!
Querer é legítimo.
Perder é doloroso.
Sentir é devastador!
Mas um sonho nunca morre,
para os que acreditam!
O céu nunca escurece,
quando o sol está a brilhar.
A neve branca,
nunca deixa de nos espantar,
nem a chuva, de nos molhar.
Porque a natureza tudo equilibra,
como a vida, nos faz mudar...
Um sonho nunca morre,
para os que acreditam!
Um caminho nunca acaba,
para os que desejam continuar...
Anabela Pacheco
Não queiras ser,
uma partícula do cosmos.
Um átomo sem núcleo.
Uma célula incompleta.
Um quase-tudo.
Um tudo do nada.
Não queiras ser,
o copo quase cheio,
ou meio-vazio.
Um quarto crescente.
Um quarto minguante.
Sê a lua nova.
A aurora boreal.
A fusão atómica.
O copo que transborda.
A mente que incorpora,
a plenitude de ser...
Uma dádiva de DEUS!
Anabela Pacheco
Não me encontres,
nas despedidas.
Não me queiras,
nos intervalos.
Não me sigas,
na dúvida.
Não me ames,
no vazio...
Procura-me e encontra-me!
Em cada despertar.
Em cada sorriso.
Em cada chegada.
Em cada certeza!
Em cada gesto.
Na plenitude.
Procura-me e encontra-me!
Anabela Pacheco
Nas páginas da minha vida,
escrevo o teu nome.
Dias, horas,
minutos, segundos.
Tic, tac, tic, tac...
O tempo passa.
As memórias permanecem,
como marcas,
para toda a vida.
Cicatrizes eternas!
Não fujo do meu destino.
Prisioneira.
Aguardo a minha sentença.
Tic, tac, tic, tac...
O tempo passa.
Quisera o Homem,
inventar a máquina do tempo,
para se poder dimensionar.
Outro tempo.
Outro lugar.
As mesmas memórias.
O tempo não apaga,
o que não pode apagar.
Tic, tac, tic, tac...
O tempo está a passar!
Anabela Pacheco
Descobri-me em mim!
É um caminho tenebroso,
descobrir a nossa alma.
Tamanha desfaçatez.
Tantos nãos.
Tantos porquês?
Queria sentir,
até ao limite do irracional.
Abençoar Deus.
Irradicar o mal.
Tortura.
São tantos os desígnios divinos.
Tantos caminhos desertos.
Tantos momentos incertos.
Punhais assassinos.
Queria sentir a dor.
O perdão.
O amor.
Queria crescer dentro de mim.
Erguer-me de novo.
Palpitar um sorriso.
Captar aquele momento preciso,
em que morri e renasci.
Dentro de mim...
Encontrei-me.
Por fim!
Anabela Pacheco