Ana Ramos
Quando fechamos os olhos
E pensamos
Abrem-se as portas do universo
Passamos a ver com os olhos da Alma
·
Um Dia
Em algum momento
Eu não puder, dizer-te
Eu te amo
Se a vida em mim expirar
Meus sentidos forem
Levados como um sopro
Ao sabor do vento
Ainda assim
Permanecerei em ti
Me veras no revoar
Das borboletas
No beijo do colibri
Me terás no néctar das flores
Na hora em que a noite, devora o dia
Serpenteando o céu,
Com estrelas brilhantes
Vestir-me-ei de luar
Mostrar-me-ei nos teus devaneios
Teus lábios selarão com um beijo
Consolidando o amor
Que contigo vivi...
Ósculo
Fortes são tuas raízes
Frutos doces, como mel
Teus galhos são copados
Agasalho, infinito, céu...
Limite entre o espaço
Que ocupo no teu abraço
Descanso, saciar...sonhar
Entre o chão e o infinito
Tens tu ó Ser
A magia do encantar
Tu abrigas a brisa o vento
Suave toque, a acarinhar
Como o bater de asas do colibri
Sinto o ósculo adocicado
O ar, a tocar a face, aromatizado
Teu bailado, ao redor
Polinizando, dança, encanta.
Faz sonhar.
Quimera Real
Em estado onÍrico
Experimento o desejo
Na boca o sabor do ósculo
O sussurrar da paixão
Entre dentes...
Enastrado ao corpo
Ávido entre o ventre
A cobiça do olhar
Desnuda o âmago
Anseios contidos
Tornam-se designios
Ansiedade sofreguidão
Delírio devaneante
Traspassa a razão.
És tu a fonte,
Dessa paixão
Do Sentir
Contidos estão os versos
No recanto, da alma
Palavras que outrora
Foram alarido aos poucos
Se encondem se perdem se vão
Não vislumbras mais
As flores nascendo
Só galhos tornando-se secos
As folhas desfalecendo
Onde estas Tu?
Acaso te perdeste no tempo?
Quando de fato a inercia da mágoa
Te fizer cativo triste descrente
Olha a tua volta, estenda tua mão
Tente tatear o vazio...
Se sentires que a seguram
Pense
É o Amor que mais uma vez
Te ampara, te remove
Para romperes...
As barreiras do tempo.
Etapas
Como sempre, "Ele"
O tempo
Senhor absoluto da razão
Mostra...
Mesmo que digamos
O contrario
A verdadeira intenção
Em meio a tantas duvidas.
Nada como cada época
Cada ciclo cumprido
Detalhadamente com Exatidão
É preciso renovar vestir
A plumagem
Para adornar o trajeto
A nova estação.
Seguir em nova direção..
EXISTIR
É mesclar a vida
Com um pouquinho de loucura
Nem sempre, só o que faz sentido
Nos deixa feliz...
Poesia
Quando,Letras se juntam
Compõem
palavras
Tocam a alma
Todas com sentidos diferentes
Algumas sublinhadas, irreverentes
Dançam, através da escrita caprichosa
Do poeta, fervilham a mente
Em coloridas vertentes
Inspirações, latente
Bordam com seus sentidos,
São bordadas no papel
Entrelaçadas, umas a uma jorram
Como água que brota da nascente
Na mente cascatas borbulham
Poesia, diamante bruto
Na alma do poeta cravado
Faz-se pedra lapidada.
Medida
A possibilidade
De um todo...
Sempre será
Só a parte
Que nos cabe
Nem mais
Nem menos
Na medida
Silêncio
Em silêncio
Todas as palavras
São proferidas
No silêncio
A essência profetisa
Sensações são vestidas
Todas as palavras
Silenciosamente
Criam forma, ganham vida
Tornam-se essenciais
Decisões fundamentais
Formas dissonantes
Procuram seus iguais.
Em silêncio. Sepulcral
A alma protesta, grita.
Hipótese Suposição
Não existe conhecimento
Da janela para dentro
Não há vivência, em teorias
No conforto do sofá,
A frente da televisão
Sem sair para a rua batalhar
Viver é estar de cara com a situação
É sentir na pele o sol e correr da chuva
Acordar de madrugada, sair pela rua
Terminando de comer um pão
É chegar cansada,
Começar uma nova jornada
Com um sorriso nos lábios
Afinal o dia não terminou, não
Fora disso e de outras experiencias
É pura demagogia
Sem existir a prática
Teoria, não é vida não!
Só mais um Estilo...
Para quem passa por ela (a vida)
Só dando opiniões pela janela,
Sem ao menos se colocar na situação.
Pensando..
Silêncio.
No intervalo
De um silêncio e outro...
É assim que ouço
O ímpeto da minh'alma
Sussurros cadenciados
Hora feliz, hora nauseado :
Sensações conflitantes
Impetuosas, passionais.
Ferrenha determinação
Esta questão...
Não há dúvidas não...
Divagando...
Eu
Hoje sei
Que teria morrido
De tédio
Se tivesse vivido
O passar do tempo
Como todos achavam
E ainda, acham...
Que Eu, deveria Ser.
OUTONO
Vejo o amarelado das folhas
Desprendendo-se a cair dos galhos
Eis que chega o outono de mansinho
Mudando a cor da paisagem
As folhas com o vento, fazem redemoinhos
Ensaiam um lindo bailado
Outono estação do aconchego
Do carinho mais quentinho
Outono de nossas vidas...
Com sabor de um novo ninho
Teus abraços são fortes galhos
Teu Ser meu agasalho
Mais um outono que passa
Cobrindo de folhas o chão
Deitamos nesse tapete
Revelando a natureza
O quanto de amor, contem
Esse outono, que nos tem
Que nos faz florescer como
Gerberas, tulipas e camélias
Num jardim particular,
Mais um outono a vivenciar.
Admirando o bailado das folhas
Em pequenos redemoinhos
Com o vento a brincar...
Entreolhar
Só um olhar, Oceano
Profundo Mergulho
Afago, despertar...
Abraço, aninho, um ninho
Proferido,verbo,
Segredo, revelação
Laço sedução
Intrínseco, visceral
Ébria esta a alma
Entrelaçada, intrincada
Tem jeito, mais não...!
Arrebol
Que venha o outono
Tempo de mudanças
Renovação
Caem algumas folhas
Feito, nossas escolhas
Adubando o chão
O vento soprará de mansinho
Novas sementes germinaram
Sonhos se farão presente
Flores nasceram
Trazendo de volta o colorido
A próxima estação
Matizando, sonhos, realizações
Divagando...
Onde será que ficam
Coisas que vivemos
No passado?
Onde é o passado!?
Será um lugar vago no âmago?
Onde a mente, oculta fragmentos
Deduzindo...acho que somem
A esmo no deserto, árido
Carregados, pelo esquecimento
Como folhas ao vento.
Intuição
Esta, recebi no ventre
Apurada, com o tempo, semoto
Cravado no âmago, feito raiz
Silenciosa como as águas
Profundas do oceano
Nada passa sem descortinar
Fui aprendiz na turbulência
Mesmo de costas...
Percebo os movimentos
Antes da flecha lançada
Palavras, entrelinhas,
São as que mais identifico
Deixo-as no relento
Até que achem seu destino
Tudo que se lança no universo
Ele reconduz segundo o merecimento
Intuir não é obstar...é
Aprender a enfrentar, forças que emanam
De seres em estado de cólera, frustração.
É perceber o amor em sua concepção.
Incertezas
Há tantos
Silêncios
Que falam
Palavras que nada
Dizem...
Tantas outras que calo
Verdades, questionadas
Certezas que já não sei...
Sonhos que foram desfeitos
Muitos que realizei
Em tudo que fiz e faço
Uma certeza
Nunca saberei...
Quando tudo será?
Ou se será!?
Perfeito alguma vez
Dentro de tudo que sonhei
Das flores que plantei
Dos espinhos que retirei
Nau a deriva...
Rota estabelecida.
Intempérie
Existem mistérios
Caminhos indecifráveis
Com a mudez, da alma
Não queira habitar
O silêncio de uma mulher
Quando ela cala...
Tudo no íntimo, alvoroça
Perde a calma. Desarvora
Brisa é vendaval
Quando recobra a fala.
Nenhum veleiro flutua
Nessas turbulentas águas.
·
SINCRONIA
Mar que a praia beija
Suavizando o quente da areia
Fina
Envolve me em tuas águas
Deixa-me fazer parte dos teus mistérios
Onde o sentir se esconde como concha
Mas o olhar te denúncia, como água cristalina
Deixa-me mergulhar em tuas águas profundas
Envolver-te em ondas suaves e tranquilas
Há este mar que me fascina
Encontrar-te-ia de olhos fechados
Mergulharia em teu doce acariciar
Toda vez que anoitecesse
Ou raiasse o dia.
Banhar-me-ia em ti
Todos os momentos e dias.