Ana Gabrielle Ramos Araújo
Lamia.
Pois é, o brilho dos olhos dele nunca mais foi o mesmo depois que Lamia dobrou a esquina pela última vez.
Afinal, quem era? A última árvore sem sombras, sem dúvida. Borboletas buscavam um motivo para voar. Suas unhas apertavam sem dó suas mãos até marcá-las e deixar o sangue concentrado.
- Volte! - Susurrava a noite, enquanto dormia. Será que nem em seu sono tinha a paz de esquecê-la?
Lamia não era paz, aliás, ela era tudo menos paz. Mas ele não queria esquecê-la, ele só queria que ela estivesse ali. Ele queria ser o Cavaleiro da Esperança, o Cavaleiro da Esperança saberia o que fazer.
Idéias e conceitos eram como molas em sua sanidade. Trem desgovernado o definia melhor. Sem ponto e sem rumo. Ele era um repertório de músicas tristes e repetitivas. Sorria um sorriso de canto de boca, tentando sifarçar sua tristeza e sendo sempre mal-sucedido.
Lamia? Estava longe. Foi embora numa madugada fria, cansada de tantas brigas sem resolução. Não era vilã, só se esgotou e tirou seu time de campo. Ela estava distante e talvez se estivesse perto, ele não daria tanto valor.
Será que ele pedisse pra ela voltar enquanto ela dobrava a esquina essa história não teria um final feliz?