ana franco
Um dia eu fui meiga e ingenua, agora... sou esse monstro com o coração e o passado fechados para visitação.
"Quão louco é preciso estar pra ignorar o que é estranho;
até tornar comum? E enquanto o dia passa observar, achando graça, o nada chegar a lugar algum? Como jogar numa balança minha carência e toda essa estranha segurança de saber que você está aí para ouvir minha incoerência a cada mudança? Eu gosto de argumentar e gosto pouco da complicação e a cada nova discussão você espera que eu volte a falar o que é bom ouvir como se a diferença fosse sempre pretexto pra eu me declarar e nos unir... como se isso fosse preciso. Não será incoerência se eu ceder e acatar de cara aquilo que você pensa às vezes, e romper tudo num beijo levando assim a paz desejada. Sem me preocupar com orgulho ou dependência. Ser menos racional, sem me sentir mal. Acho que essa é minha deixa, amar e deixar ser amada com a FORÇA da liberdade que volta exatamente por ser livre"
Eu aqui tomando meu chá mate limão meio querendo chorar, meio querendo mentir sobre a vida até acreditar. Aí eu limpo a maquiagem com creme anti-sinais e percebo que não faz o menor sentido ser uma criança chorona preocupada com rugas. Aí eu me acho louca porque só tem duas coisas que eu realmente queria nesse mundo: voltar a ser filha. E aí eu deito pra dormir e penso em sacanegem, mas também penso em coisas bonitinhas. E eu rezo pedindo a Deus que não espere mais eu ser legal para ser legal comigo, porque eu to esperando ele ser legal comigo para ser legal. Aí eu penso que ele já é legal comigo e que, talvez, eu já seja legal com ele. E que tá tudo bem. Mas se eu penso que tá tudo bem nesse segundo, isso só significa que vou pensar o oposto no segundo seguinte. E que eu escrevi “ele” sem maiúscula mesmo, porque amigo íntimo a gente não fica com essa coisa de endeusar. E eu queria que Ele fosse meu amigo íntimo, ou ao menos existisse. E quando vou ver, já dormi. Sozinha.