Ana Coelho
Voam folhas de Outono nas frestas da chuva que lava os rios e deles nos faz ouvir um cântico novo...
Todos os dias as memórias nascem,
rumo ao futuro e nos ombros do passado
é primordial aprender e crescer
em cada impulso que se veste.
Se um dia eu me perder no meio do nada, tudo o que tenho é a certeza da luz que me guia em cada caminho, onde recolho flores e delas faço o meu jardim...
O jardim onde cada lugar é um aroma, cada aroma uma fragrância nova a cada alvorada...
Se um dia me perder é nesse recanto que fica toda a força para renascer!
Na esfera da vida tudo se move num circulo, nada é estático e o retorno é sempre o que chega após cada etapa....
Estarei tão longe de tudo...onde perto é o meu estar...os sentidos descodificam-se em cada penumbra onde me esqueço de baloiçar...
Preciso do vazio para preencher os sentidos perdidos...entre pontos escuto o silêncio e nele cada vez faço a mais morada...
As palavras não têm a força de um olhar...existem olhares que são a imensa força para não se desanimar...
Quero lembrar sem nunca esquecer que tudo é uma imagem onde o pensamento se senta...até que a ausência se faça silêncio na forma de um adeus...
As palavras começam a esquecer o silêncio...desprendem-se e rasgam a memória...os sonhos esquecem a insónia e vivem a cumplicidade do sono...o silêncio e o sono despertam em palavras que nem sempre se entendem...
O que melhor me aconchega é o teu sorriso aberto...quando este sorriso se apaga em ti eu morro um pouco na impotência de o erguer nos teus lábios...
Dentro de todos os dias existem espaços onde os vazios se ocupam de pedaços que aumentam a imensidão onde nos encontramos...mas nem sempre os visualizamos com a distracção da ocupação quotidiana....
Envolta de sentidos nas ideias que se tocam nas trocas sentidas...acaricio a realidade de saber ainda sonhar...num caminhar solitário acompanhada de quem sabe sentir.
De longe chegou-me a certeza que tudo o que tenho está perto de mim...o sangue não é um elo...as emoções sim são tudo o que temos e o que fazemos delas...todos os julgamentos feitos sem réu nem defesa são nulos e absurdos como absurdos são os atos colaterais que alguns mortais fazem...mostram o que de real existe dentro do que se não vê...
(qualquer semelhança com a realidade é pura verdade)