Ana Claudia Quintana Arantes
A dor do luto é proporcional à intensidade do amor vivido na relação que foi rompida pela morte, mas também é por meio desse amor que conseguiremos nos reconstruir.
As pessoas morrem como viveram. Se nunca viveram com sentido, dificilmente terão a chance de viver a morte com sentido.
O que mais fará falta na morte de alguém importante é o olhar dessa pessoa sobre nós, pois precisamos do outro como referência de quem somos. Se a pessoa que eu amo não existe mais, como posso ser quem sou?
É mágico como a dor passa quando aceitamos a sua presença. Olhemos para a dor de frente, ela tem nome e sobrenome. Quando reconhecemos esse sofrimento, ele quase sempre se encolhe. Quando negamos, ele se apodera da nossa vida inteira.
Desejar ver a vida de outra forma, seguir outro caminho, pois a vida é breve e precisa de valor, sentido e significado.
Será que algum dia as pessoas serão capazes de desenvolver uma conversa natural e transformadora sobre a morte?
Quando vem a percepção de que estamos abandonando o nosso tempo, matando-o, aí a escolha é muito mais urgente; a mudança tem que vir agora mesmo.
Tempos onde entramos em contato com o que há de mais profundo em nós mesmos, buscando respostas, sentidos, verdade.
Mas o tempo passa no tempo dele, indiferente à torcida para apressar ou retardar sua velocidade.
Acredito que todos nós temos uma consciência inconsciente sobre a nossa morte, uma inteligência acima do neocórtex que nos informa quando ela está chegando e nos impele a comportamentos que só serão compreendidos depois.
A vida flui melhor para todos quando respeitamos o que é sagrado para o próximo.
Quando se está próximo da morte a percepção do que realmente importa viver se intensifica de maneira profunda. Tudo que não faz sentido para uma vida plena perde espaço, por mais que tenha sido valorizado no passado.
Se Deus não existe, então temos muito que fazer neste mundo, há muita gente de quem cuidar e a quem ajudar. E, se Deus existe e está em silêncio, é porque Ele acredita que dentro de nós habita a consciência profunda e clara da nossa missão, que é seguir em frente mesmo que estejamos no inóspito Saara.
A verdade exige coragem, mas a coragem não é o antídoto para o medo, e sim para a covardia.
Cada momento é único e não o viveremos de novo. Se vivermos com intensidade cada um deles, haverá uma chance maior de a experiência ficar impregnada em nossa memória.
Aprendi a dar mais valor aos bons momentos. Os maus, paciência, fazem parte da vida. Não precisam ser a vida. Porque a vida é amor.