Alysson Serrão
"Um monte de mim está em exposição constante.
Um pouco de mim está eclipsado, em sigilo, mascarado...
Não sei ao certo se o que lerdes será do meu culto, do meu oculto ou mesmo do meu inculto. Saibas apenas que sou eu, consciente ou inconscientemente escrevendo a ti, prosas, cartas, canções, versos brancos, brandos, rimas e sentimentos singelos."
Não vasculharei um adjetivo que me defina...
Em minha mutabilidade, nenhum adjunto seria perspicaz e eterno.
Reparte
Minha metade faz parte de um todo.
Essa metade torna-se um todo e como um todo ele ainda é parte de outra parte que se partiu.
Quando eu me partir e repartir, ainda serei eu a agir e compartilhar de mim uns pedaços de quem sou.
Então, terás um pouco de mim.
Mas saibas que serei eu por inteiro em porções limitadas a me dividir por você.
[...] Quando mais tenho certeza de mim, mais descubro que não me conheço. Aquele reflexo no espelho não diz nada... Um dia estou mais bronzeado; outro dia mais pálido.Um dia estou alegre e animado; outro, calado, triste. Um dia meu repertório está repleto de fusas, colcheias e agudos; outro, cheio de pausas e graves... Acho que é a adolescência, hormônios e blablablá..toda aquela explicação científica previsível. Mas a verdade é que sou a mudança! Sou fogo! Sou um experimento filosófico de Heráclito. Sou a prova viva de que um homem não entra duas vezes no mesmo rio: não só porque as águas não são mais as mesmas, mas também porque não serei eu mais o mesmo. Sou a inconstância e o delírio. Sou o fluido e o arrepio. "Decifração impassível". Codinome: desconhecido.