Alva Xavier
Tempo
Estou perdida,
Porque percebo que
As horas todas passam
Em um tempo incompreendido
E profundo,
Eu persisto e consigo,
Fazer nada
E quase tudo.
Infeliz ideia de medir o tempo
Inventando as horas,
Não faço nada,
Faço quase tudo,
Por um profundo
Tempo sem medida.
Sinto-me atraída pelo
Mistério,
A simplicidade
Fascina-me.
Tudo oculto me desperta,
O desejo de revelar,
O meu destino me engana,
Dizendo que está junto ao teu.
Sinto-me tentada,
Para desvendar teu mistério,
Não quero ser enganada,
Só quero ser fascinada.
Sinto-me atraída
Por você,
Você me encanta,
Você é o meu mistério.
Bahia de todos nós?
Sobe e desce a ladeira,
Pelourinho, Nordeste ou Ribeira,
Talvez não tenha o que comer
Mas sabe a maneira de viver.
Sorriso para afastar a tristeza,
És feliz como pode ser,
Vive na luta para sobreviver.
A esperança no coração
Nos dias que faltam pão,
O desrespeito com sua razão
Será culpa da nação?
Malabarismo no sinal fechado,
Qualquer coisa por um trocado,
Nem todos que param ali,
Tiram do bolso algo para ti.
Dias e noites se repetem,
Mas nada se repartem,
E alguém aparece na TV,
Quando é pago para dizer:
“Essa é a Bahia de todos nós
Do governo participativo
De Educação de qualidade
Do futuro da mocidade”.
Lágrimas
Deixem que as lágrimas corram
Em seus olhos,
Elas precisam ser livres para saírem,
Por para fora as magoas, as dores,
Saudades e emoções.
Deixem que as lágrimas estejam presentes,
Elas não representam apenas dor,
Representam sentimento e amor.
Deixem que as lágrimas falem por ti,
Elas são a tradução da emoção.
Deixem que as lágrimas calem a arrogância;
Pois cada gota que cai,
É a sensibilidade que sai
De alguém que sente ou sofre,
De alguém que ama e vai,
De alguém que chega para ficar
De alguém capaz de amar.