Alonso Alvarez

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um pescador remando
o mar rimando
alguém admirando

nenhum pio
depois do trovão
apenas uma fragrância

silêncio
o passeio das nuvens
e mais nenhum pio

a noite sorri
lua crescente
nos olhos do guri

luz amarela no quarto dela
ali se espera
que um sonho entre pela janela

manhã de sol
sombra do pardal no poste
primeira visita do dia

outono
outrora
era outro

luar na relva
vento insone
tira o sono das flores

lua mínima
a tarde minguante
abre um sorriso

uma folha salta
o velho lago
pisca o olho

amor de verão
pipa rompeu a linha
fugiu com o vento

cada galho pro seu lado
mas na cor das flores
nenhum discorda

na rua deserta
brincadeira de roda
vento se sujando de terra

terreno baldio
o poente
e uma placa: vende-se

ontem à noite
sonhei de corpo inteiro
- acordei com teu cheiro

chuva fina
tarde esfria
todo o lago se arrepia

sol e margaridas
conversa clara
na janela da sala

flores ao vento
na cortina da janela
cores da primavera

relampejou
sobre as árvores
a tarde trincou

velho caminho
sol estende seu tapete de luz
passos de passarinho

folia na sala
no vaso com flores
três borboletas

de manhã: mia, mia, mia
só depois de comer,
mia um bom dia

nuvem grávida
ao entardecer
primeira chuva de verão

amanhece
sol atrás do prédio
vestindo-se de luz

sol atrás da cortina
dizendo baixinho:
- já é dia