Allissom André
Nunca tente apagar seu passado, é graças a ele que você é quem é hoje. Você quem escolhe: ou aprender e conviver com ele, ou aprender e ser melhor do que foi nele. Mas fugir dele, não... Não é uma boa opção.
Tudo aquilo que eu julgava ser o meu novo eu, não era o meu eu de verdade. A minha essência ficou perdida, mas estou trabalhando para resgatá-la.
Não existe uma melhor versão de você. Nunca existirá. Você apenas será uma versão diferente da que era antes. O trabalho é constante.
Eu não conheço o amor. Não conheço a reciprocidade. Como estou vivendo se estou perdendo uma das melhores coisas da vida?
Pela minha saúde mental, já sacrifiquei muita coisa na minha vida. Me pergunto até quando será necessário fazer isso.
Ai, que saudades vazias
De quando adolescente
Passava o tempo escondido de gente
Pronto pra correr o mundo
Preso no mesmo mundo
Descobrindo a vida de verdade
Acendendo velas para os dias escuros
Energia que não tenho mais!
Ah! Eu sempre achei que fosse alguém
Mas, conversando com o reflexo
Descobri que não era ninguém
Achei que eu era o protagonista do mundo
Concorrendo com o que já estava aqui
O céu, a água, os insetos, as bactérias
Coisas que ficam e eu que vou
Porque não sou nada
Apenas um estranho passageiro.
A terra já se cansou de nós
Ela já viu tanta gente igual
Tanta gente similar, tanta gente diferente
É tanta gente que passou por aqui
Deixando rastros que só o tempo pode sumir.
O tempo passa muito rápido
Não dá nem pra perceber o tempo
Nem vejo hora como hora
Não percebo que minuto é minuto
Pra mim é tudo segundo
Porque eu já perdi a noção
Que eu tinha sobre o tempo.
Nunca entendi a minha tolice de exigir atitude de quem nunca teve. Talvez, era porque eu acreditava nas pessoas. Não acredito mais.
As horas caminham,
Os minutos correm,
Os segundos voam,
E os lindos dias marcham
Para a nossa morte,
Dia final, momento inesperado
Data em que todos seremos finados.
A vida pré-existente é completamente ignorada,
O que fica, por sua vez, continua normalmente.
As flores nascem e os cães latem de madrugada,
Tudo normal como se fosse antes da gente.
Somos, na verdade, insignificantes
Poeira cósmica, como dizem
Minúsculos como uma formiga
E às vezes, gigantes, em vida
Mudamos o mundo,
Destruímos o mundo.
É que as horas caminham,
Os minutos correm,
Os segundos voam,
E os dias se rastejam
Para a nossa sorte,
Para a nossa morte,
Dia final, momento esperado
Data em que todos somos finados.
E tudo recomeça,
Para mais gente morrer.
Respiro e aspiro vida em abundância
Valorizo e olho para a criança
Que habitou em mim durante todo este tempo
E eu nunca exerguei devido às circunstâncias
Volto a ser criança
Sorrio para a infância
Chuto a testa da ignorância
Parado, relaxado,
Em frente ao ponto da rua Inácio,
Um moço me interrogou
De forma estranha,
"Como você descobriu que ficou velho?",
Disse acendendo o cigarro.
Encarando-o e analisando-o,
Decidi falar como se tivesse
Me refugiado numa montanha,
Passei a encarar a vida com mais apreço,
Cada detalhe de fato importava.
Passei a dar ao grão da areia da praia,
Mais importância,
E as nuvens do céu,
Todas as tardes eu observava.
De fato, fiquei velho.
Mas já fui um rato.
"Rato?" perguntou o moço,
Já com outro maço.
Já fui rato de frente para uma tela,
A fim de um futuro utópico
Que não viverei.
"Acho que também sou um rato".