Allan Moura
Se quiser ir, tudo bem, vai. De qualquer forma, você vai sempre continuar aqui, não fisicamente, mas vai continuar. Nas músicas que eu ouvir, nos textos que eu ler, nos filmes, nos livros e em todos os lugares possíveis. Não quero te esquecer, ninguém nunca me fez tão bem como você, quero te guardar como um tesouro, dentro do meu coração, do qual só você tem a chave certa para abri-lo. E espero que você perceba que ainda tem e sempre terá essa chave, e assim, talvez, apenas talvez, você volte e decida ficar.
Pare de olhar para trás, esqueça do passado. Como o próprio nome já diz, é passado, já passou. Tudo que ficou para trás, você já viu, já conhece, já sabe que não deu certo, e já deveria ter superado. Vai continuar andando para trás, com medo do futuro? Pare de reviver o que já foi vivido, está na hora de ir atrás do desconhecido. Começar uma nova vida, enfrentar outros problemas. O seu foco é seguir em frente.
E se eu morresse amanhã? Quais teriam sido suas últimas palavras para mim? Teria feito algo diferente se soubesse que era a nossa ultima conversa? Sim. Eu sei que teria. Duvido que você iria permitir que algo que você ama, fosse tirado de você, disso eu duvido. Mas a morte não avisa, ela vem assim, do nada, e leva aquilo que mais amamos. Não te dá a oportunidade de uma última conversa, um último abraço, um último beijo, nem mesmo uma última palavra. E é por isso, que ao final de cada dia minhas palavras são sempre “Eu te amo”. Porque uma hora ela chega, e nos leva para nunca mais voltar.
Talvez tivesse que ser assim mesmo. Você veio, me deu umas aulas de como gostar de alguém, se apegar e tudo mais, e logo depois foi embora para que eu aprendesse a desapegar também.
Oi, lembra de mim? É, eu mesmo. Aquele cara que foi loucamente apaixonado por você. Aquele que só queria o seu bem. Aquele que sempre esteve ao seu lado. Aquele que em um dia de chuva ia até a sua casa, porque você tinha medo de trovões. Aquele que te ensinou como viver bem a vida. Aquele que dedicou todo o tempo que tinha, a você. Ah está se lembrando? Pois é, sou aquele também que aprendeu que palavras não provam nada. Que nada é para sempre. Que o amor é um sentimento único, mas também doloroso. Que o amor tem de ser um sentimento recíproco, e que não se deve amar por dois. Aquele que aprendeu com você, que devemos nos amar antes de tudo, para assim poder dar amor a um outro alguém. Aquele que passou a ser alguém frio com um coração vazio. Alguém que perdeu a fé no amor. Vejo que por um lado você me fez muito mal, mas por outro me ensinou coisas que eu só poderia ter aprendido passando por isso. Não te vejo como um monstro, ou algo do tipo, longe disso, te vejo mais como uma amiga, aquelas pessoas que te ensinam coisas que você jamais esquecerá. E foi essa lição que você me passou que me fez chegar até aqui, no começo foi difícil, admito, mas é na pratica que se aprende. Enfim, eu estou aqui, finalmente bem, e hoje sei o que realmente é o amor, e aqui está o convite do meu casamento, espero que possa comparecer.
Não sou do tipo que chora, se corta, se isola, que se afoga em bebidas, que procura se drogar ou que vive sorrindo para disfarçar o que realmente sente. Fico realmente muito chato quando não estou bem. Trato os outros mal, mesmo sem querer. Não que eu queira que percebam que não estou bem, porque sei que são poucos os que realmente se importam. Alguns perguntam como você está apenas por educação, mas se eu fosse falar, não iam querer saber. E sempre que perguntam dou a mesma resposta “Estou bem”, ou se perguntam o que eu tenho, também respondo sempre a mesma coisa: “nada”. E muitas vezes é a verdade. Não sinto nada. Não é tristeza, não é felicidade, não é amor, paixão, saudade ou algo parecido. É um simples nada. É algo que parece incompleto, e que um dia teve alguém que o completava. Mas que hoje, não há mais nada nesse lugar. Só existe um vazio que parece que nunca será preenchido.
Eu não permito. Não permito me abrir para os outros. Não permito que saibam meus problemas. Não permito que percebam meus defeitos e qualidades. Não permito que me vejam chorar, nem mesmo sorrir. Não permito que me vejam triste, e nem feliz. Não permito que me entendam. Não permito que saibam o que sinto. Não permito que saibam se estou bem, ou mal. Não permito que questionem meu modo de ser. Não permito que tentem me mudar, para algo que não sou. Não permito que saibam da minha vida, segredos, planos e obrigações. Não permito que saibam do que eu gosto ou do que não gosto. Na verdade eu não me permito. Não permito que se aproximem de mim. Talvez por eu ter sempre essa insegurança, achando que querem apenas me conhecer para usar isso contra mim, não por ser coisa da minha cabeça, mas porque já aconteceu. Não fui sempre assim. Hoje sou um segredo, que talvez um dia alguém possa desvendar.
Vivem me perguntando se eu sou feliz. Sabe, não acho que a felicidade possa ser conjugada no verbo ser, ela fica melhor no verbo estar. Porque se eu fosse generalizar, seria a pessoa mais infeliz no mundo, porém, isso seria uma grande mentira, tenho meus momentos bons que me trazem alegria e me deixam bem, algumas pessoas conseguem me deixar assim. Costumo acordar sempre de mau humor, mas raramente vou dormir da mesma forma, as pessoas que passam por mim durante o dia tem a capacidade de mudar meu humor e assim me deixar feliz, principalmente algumas pessoas específicas, que só de vê-las feliz, também fico, ou seja, não é frequente, a felicidade, pelo menos para mim, vai e vem. Então, se quiser mesmo saber, não pergunte se sou feliz, e sim, se estou feliz.