Aline Bulla
Sabedoria
Com o tempo aprendi que o amor não dura,
E que os felizes para sempre, não passa de uma expressão
Que o amar infinitamente é uma doença sem cura.
E confiar cegamente é um erro, uma grande desilusão!
Aprendi a valorizar as amizades,
E que o agora é melhor que o depois.
Aprendi que devo usar sempre verdades
E que estar sozinho nunca é melhor que a dois.
O tempo vem me ensinando a curar feridas
E também a me adaptar a este novo sistema,
Vem me presenteando com sabedoria,
E me repreendendo com poema.
Estou ensaiando sorrisos no espelho
Com esperança de que eles não venham a me deixar.
Estou correndo em círculos de joelhos
Com o desejo que Deus venha a me perdoar.
Estou fechando incessantemente meus olhos
Com o sonho de que venha a lhe encontrar
Estou implorando por um simples conselho
Esperando a sorte que parece nunca chegar.
E sob esse céu cortado por feixes de luz violeta
Peço que o tempo reconstrua os pedaços que perdi
Cantarolo, uso rimas, me finjo de poeta
Tudo para a felicidade não esquecer de mim
Dizem que sou sonhadora, que imagino mais do que deveria, que me apaixono fácil e exagero na ousadia.
Elas estão certas!
Acredito em anjos
Acredito no amor
Acredito que para cada pessoa que deseja o mal, existe uma praticando o bem.
Olhar sem pudor
Paixão sem amor
Fé sem louvor.
Fera de olhar inocente
Lábios como favo de mel
Era um jardim sem flor
Uma obra sem autor
A invenção de um sonhador.
Aparência delicada e sensível
Respiração forte e controlada
Era a mentira do infrator
Uma rosa sem cor
Os delírios do opressor.
Existiu e desistiu
E hoje é lembrança e lenda
Nas linhas tênues do escritor.
Indaguei a existência de um ser maior,
E uma voz no fundo do abismo, soletrou a palavra A-M-O-R.
Indaguei então, sobre a existência da perfeição.
E novamente a voz soletrou A-M-O-R
Só então entendi, apenas o amor é grande o suficiente para ver o perfeito no imperfeito.
Para encontrar razão na loucura,
E genialidade no silêncio.
Não quero caminhos já traçados, quero a sorte do novo, do inovado
Tenho toda a fé do mundo nesses joelhos esfolados
Quero também um amor verdadeiro bem aqui do meu lado.
Quero subir no topo do arranha-céu mais alto
Quero gritar a todos tudo o que esta entalado
E voar sem medo pelos sonhos sem ser julgado.
Quero viver hoje tudo o que a vida me prometeu
E deixar o amanhã reservado,
Correr pelas areias do tempo com amigos por todos os lados.
Quero quebrar os meus limites e abalar todas as fronteiras
Quero dançar a noite inteira
Ter você aqui comigo, vamos correr o perigo, do cupido nos encontrar.
O tempo
É a variação cronológica,
Do dia, da noite, das estações, das fases.
É a variação da matéria,
Das órbitas planetárias, estrelares, lunares.
É a variação da fisiologia,
Do metabolismo, do libido, da idade.
É a variação da ciência,
Da natureza, da existência.
É a variação,
Da singularidade,
Da probabilidade,
Da evolução,
É a vida em expansão.
Não sou analgésico,
Não sou antibiótico,
Não sou termogênico,
Não sou tarjada,
Nem injetável,
Nem gotas,
ou pastilha,
Muito menos comprimido,
quiça pílula.
Sou as letrinhas miúdas,
Sou o que muitos ignoram,
no fundo da caixa,
no fundo da vida,
Não trago a cura,
Nem proporciono conforto,
Não ajudo a dormir,
Ou dou paz.
Sou a exaltação da contra indicação,
e dos efeitos colaterais.
Abre as janelas da tua alma
Convide a luz à tua nudez
Seca tuas lágrimas
Mais uma vez.
Moça, as curvas do seu corpo são maravilhosas,
Principalmente a curva que se forma
Quando teus olhos sorriem.
Gosto do desafio de crer no que não se vê,
Gosto da química imperfeita que salpica emoções,
Gosto da brisa de primavera e da chuva breve,
Do cheiro do orvalho, do impalpável vento e suas canções...
Sou um pedaço de confusão sendo levada pelas águas
Sou o que chamam por aguada, me falta açúcar e tenho pouco sal,
Sou a chuva enlatada, a fruta consumida.
Sou um circulo entre retas, a cegueira com visão,
Demorei a perceber...
Que a vida é como um rio,
Correndo em uma só direção.
Gosto da incoerência das formigas,
Que se limitam a fazer o mesmo caminho repetidas vezes,
Da chuva ensolarada, dos sapos e suas cantigas,
Do intrínseco sentido que tomam as raízes,
Gosto da aventura encubada nas asas dos passarinhos,
Que mesmo livres, tornam para o ninho.
Quem me dera ser beija-flor
Pra partir deste mundo polinizado de amor.
Por fuga,
volúpia,
almejo,
ou desejo,
Todos tem
o mal e o bem,
dividindo a mesma cama
seja com quem se ama,
ou, apenas por grana.
Um verdadeiro amigo quando o paraíso o chama,
Nunca por inteiro se vai,
Se era amigo verdadeiro,
Agora é amigo passageiro:
Sempre viajando dentro do seu coração.
A morte,
Para o religioso, a verdadeira vida,
Para o apaixonado, a espera dolorida,
Para o espírita, o retorno da alma,
Para o crente, a paz eterna,
Para o cientista, o ciclo do carbono,
Para o realista, o caminho inevitável,
Para o pessimista, a dor da escuridão,
Para o sofredor, a salvação.
Brotará escarlate
De seu peculiar refúgio
Borboleta divina, volta-te
Volta-te ao teu criador, deixa o vento te guiar
Deixa o perfume floral encantar os campos e florestas
Venha polinizar,
Amor.
Auto amor
Evitei o caminho óbvio e comum,
Da mesma forma em que me senti evitada,
Segui meu coração e não o de qualquer um,
Porque acima de tudo preciso me amar antes de ser amada.
Que a justiça seja por unanimidade,
Que todos os abraços sejam sinceridade,
E que a paz seja repleta de bondade.
Que a luz do teu olhar nunca se apague,
Que o verão em seu sorriso seja a única estação,
E que o amor seja a resposta para todo coração.
Havia poucos que se arriscavam seguir por aquele caminho
E dos que se iam nunca mais se ouvia falar
Diziam apenas que escolheram viver como passarinho
E que um dia para a casa iriam retornar.
Ser passarinho deve ser bom
Se dependesse de mim, não seria humano e sim passarinho,
Aprenderia a voar e a cantar o mais belo som,
Deixaria aconchegante meu tranquilo ninho.
Sentiria a brisa dos alpes, das serras, das florestas e do litoral,
Acordaria com o sol e dormiria com as estrelas,
E já que dizem que aqueles que amamos partiram para o céu,
Eu estaria a apenas a um bater de asas deles.