Ribeirão Preto
onde se ouve
cheiro de vagalumes
Era rio
agora na avenida
rio da vida
janela que se abre
o gato não sabe
se vai ou voa
Amigo grilo
Sua vida foi curta.
Minha noite vai ser longa.
quem ri quando goza
é poesia
até quando é prosa
Chuva no lago
cada gota
um lago novo.
mosquito morto
sobre poemas
asas e penas
Que viagem
assim que você chega
a abóbora vira carruagem
primavera
até a cadeira
olha pela janela
nuvem de mosquitos
o ar se move
vento nenhum
primeiro vagalume
assim começa
o fim do ano
fim de tarde
depois do trovão
o silêncio é maior
sombra da luz
na lua e na rua
alvo do lago
varal vazio
um só fio
lua ao meio
lua quase cheia
por trás das nuvens
nos olhos do cão
o menino me ensina
como um velho sábio
o quanto sou menina
minha casa
o sapo já sabe
entrar e sair
silêncio de folhas
bananeira secando
à beira da estrada
fim do dia
porta aberta
o sapo espia
Correndo risco
a linha do corpo
ganha seu rosto
lesma no vidro
procura uma sombra
que seja ela mesma
A gaveta da alegria
já está cheia
de ficar vazia
travesseiro novo
primeiras confissões
a história do amigo
sono profundo
coberta de neblina
minha cidade
Fora de mim
imagino na paisagem
a imagem do que fui