Alice J. Verne
A gente se engana, sim, achando que conhecemos o homem de nossas vidas! A gente se engana, sim, achando que o cara é perfeito, impassível de falhas. E a gente se engana cada vez mais, criando muitas expectativas em cima de pessoas que são incapazes de compreendê-las, porque já vivem com suas próprias aspirações e sonhos, que nada tem a ver conosco.
Quando percebemos o grande engano ficamos bravos, culpamos o ex parceiro por não ser quem esperávamos, apontamos o dedo e começamos o jogo de acusar. Nem sequer paramos para pensar sobre o quanto de atenção faltou dar, ou o quanto fomos egoístas ao colocar só nossos sonhos em pauta, sem ao menos perguntar se eram também os sonhos do parceiro.
Somos egoístas, sim, desejando a perfeição do próximo, cobrando, sendo juízes, sem ao menos enxergar o quão quebrado é o nosso próprio corpo, e que nosso coração é fadado a falhar.
Raros são os capazes de enxergar que o grande erro da relação foi enganar a si próprio, e assim condenar o parceiro a ser algo que ele jamais seria. Afinal, ser um príncipe, uma princesa...somente na fantasia. A vida real é mais quente, mais fria, mais escura...mas jamais em tons de rosa e azul celeste!
Algumas pessoas precisam dar a paz a própria mente e seguir a vida. Viver é como o fluxo de um rio, deve seguir sempre em frente. Se ele parar, vira água suja. E quando paramos, fazemos mal somente a nós mesmos.
As pessoas apontam os erros alheios, julgam as outras na tentativa de anular os erros que carregam, os fardos que lhes foi dado por um caráter falho. É fácil julgar a outra pessoa, assim não se sentirá errado sozinho. Por isso cada vez mais vemos pessoas que julgam a dor, os pecados, os fardos dos outros, é uma tentativa de anular a própria dor, ou mesmo torná-la mais aceitável.
Talvez a vida seja só um jogo sádico, feito "cabra cega", onde a gente brinca no escuro, tentando descobrir quem verdadeiramente somos. O hilário é que a resposta sempre esteve dentro de nós, só faltou olhar para lá.
O corpo não fala, grita. Ele grita e pede socorro quando a sua mente pensa mas sua boca ignora. Sua garganta embarga mas sua perna não para, ela balança. Sua boca cala, mas seu cabelo não aceita e resolve te deixar aos poucos. Sua boca cala, mas seus olhos tremem a contragosto. Sua boca cala, mas seu estomago se revolta com sua passividade e põe tudo para fora. A boca cala, mas nada em você se cala junto.