Alguém do Tumblr

Encontrados 2 pensamentos de Alguém do Tumblr

Meu coração é virgem. Nunca recebeu a pressão de um amor completo, inteiro, suado de emoção. Nunca gozou por reciprocidade contínua. Vive mostrando sua nudez poética, seus decotes profundos e seu carinho sarado. Meu coração é louco, fala alto demais, é escandaloso, chato. É de mandar a razão calar a boca, de fazer o que der na telha. Quer curtir a dor e a sorte de uma paixão de tirar o fôlego. Meu coração usa saias curtas, é indecente, vive escancarado em meu rosto. É exigente, não se alimenta de migalhas. Canta as sutilezas da vida com tranquilidade, mas grita ousadamente suas mazelas. Meu coração é valioso, puro e nobre, mas se mostra com purpurina e salto alto quando quer atenção. Chora pela cama vazia, por ser grande demais e ninguém o preencher. Meu coração quer viver e morrer de prazer, virar noites, suar frio, gritar de alegria. Meu coração é virgem e não abre as pernas enquanto o amor não vier de terno e gravata, com flores, alianças e a promessa de não ir embora pra sempre.”
Meu coração é pra casar.

É, não somos mais um casal. Tenho trocentas coisas para falar em relação a isso, mas alguma coisa me tapa a boca e não consigo pronunciar uma palavra sequer, olhando para você. Passamos algumas semanas juntos, não sei se chegou a parecer um relacionamento. Encaro o que tivemos como uma espécie de troca de tempo perdido que queria se tornar útil, construído por beijos e abraços demorados nos intervalos da escola. Eu me sentia sortudo por estar ali, contemplando seus fios de cabelo que adoravam atrapalhar nossos beijos. Sorte é um negócio antagônico à tendência que eu tenho de cagar com tudo, mas, por incrível que isso seja, o azar não deu as caras. Era estranho pensar que as coisas estavam dando certo, apesar de eu não saber exatamente o que isso significa. Algo bonito estava nascendo. Era só olhar os nossos olhos cruzarem com toda a timidez do planeta para ter certeza. Três segundos era o tempo máximo que conseguíamos nos olhar simultaneamente, até a vergonha graciosa entrar em ação e nos interromper. Meu olhar para a esquerda, o seu para a direita. Eu para o nada, você para o tudo. Eu para o passado, você para o futuro. Assim como nossos olhares, nossos planos eram diferentes. Meu ceticismo e pessimismo te observavam com receio, sua expectativa e a fé enorme no amor me olhavam com vontade de amar de novo. Não consegui lidar com as nossas diferentes intuições e nossas intuições acabaram não sabendo lidar com o que tínhamos. Nos conhecemos estranhamente e terminamos da mesma forma. Só não houve adeus porque as partidas concretizadas perfuram demais o coração. Então, ficamos assim, fingindo não gostar e gostar ao mesmo tempo, de uma maneira tão esquisita que nem um de nós dois consegue explicar. E não foi preciso cobrar explicações e diferentes perspectivas do nosso fim. O silêncio é o meio de comunicação que encontramos para nos conectar ao quase amor que só existe na nossa imaginação.”