Alexandre Samambaia
"Não existe o tempo"
Marca o tempo
Marca me o passar
das horas nas abóbodas
equinóciais da história
Em uma gota de segundo
Tão breve
Como um ermo
Pensamento
Sinto que posso
Tocar o tempo
E desfazer seu eixo
Mesmo que sua irá
me destrua
Ou anule minha existência
Retroceder
o nascer da aurora
Calar a noite
Em câmera lenta
Posso fazer o ontem
Voltar ser hoje
E o amanhã ser
O agora
Paro o tempo
Re faço o momento
Me desfaço
Em um segundo
Me cala o tempo
Me ensina que sou
apenas um breve instante
Sobre a linha do firmamento
Um centésimo que passa
pelo cosmo como o vento
Me agoura o relógio
Me acorda o óbvio
Me destorce
Me fraguimenta
E descompacta
Na linha de Cronos
O impiedoso
Me dá um tempo
Divide comigo
O momento
Faz do fim
O início
Vejamos um todo
Em câmera lenta
Começando
por Caim e Abel
Torre de babel
Depois o ser
Se perdendo
No espaço
E se aventurando
Nás profundidades
De seu pensamento
E resgatando
Seu primitivo
Sentimento!
Pause as guerras
Reconstrua as palavras
Involua as doenças
Em bactérias
Apague a fome
Desfaça a miséria
Evolua os conceitos
E deixe que o dia
e a noite se encontre
Agora me explique
Oque é o tempo?
Se tiramos da ordem
Os centésimo,
Segundos,
Minutos,
Horas
E o momento
Aí refletimos e chegamos
ao concreto pensamento
Viajamos em um vagão
De um trem em processo
De descarrilamento
Não existe o tempo
E nem algo continuo
vagando pelo espaço.
A fabrica"
A fabrica, fábrica ilusões
Que vende a você...
A fabrica, fábrica sonhos
Que você consome...
A fabrica, fábrica estatus
Que você deseja ter...
Fábrica matéria,
Ela fábrica poder...
A fabrica, fábrica tudo
A seu redor...
A fabrica, fábrica tênis
Carro, combustível,
Roupas, transgênicos,
Remédios e, até veneno...
A fabrica, fábrica guerras,
A fabrica, fábrica armas,
Fábrica corrupção,
fábrica alguns ricos,
Muita miséria e, doenças...
Oque a fabrica fábrica
A TV....
E, a TV fábrica noticias
Ela também vende
Oque a fabrica, fábrica
E, você compra...
Só não fábrica...
Oque sua alma precisa!
Acaso
Uma pétala de plástico,
Solta pelo espaço,
Navegando na imensidão do vácuo,
De certa forma preenchendo o vazio...
Um peito de aço,
Ferido e solitário,
Pulsando no espaço
Ao acaso...
Diante de um frio,
Que o fogo não congela,
Queima gazes,
E, alimenta as células...
Cometas que carregam,
Encomendas entre galáxias,
Que sobraram, entre tantas
Centenas,
Que se apagaram
A milhões de anos atrás!
È, por lá, que viaja a pétala.