Alessandra Reis
"U Dia"
Um dia você vai perceber...
Que o dia acabou,
as horas se passaram
e a noite chegou.
Um dia você perceber
que a fila andou,
q o tempo passou
mas nada mudou.
Um dia você percebe
que na vida tudo passa
passa tempo passa as horas
mais nada acaba.
Deixe-me te dizer
O que me encanta em você;
Teu olhar e esse teu sorriso;
Às vezes, e quase tudo que preciso.
Porque, se fosse tudo,
eu teria você, mas, não!
Não tenho nada
e recolho os pedacinhos que,
teu riso espalha pelo ar.
São as estrelas do oceano dos teus olhos,
São as estrelas do meu céu,
iguais, não há!
As horas seguem seu fluxo.
Dia e Noite,
segundo a segundo,
vida passando vazia.
Sem tua presença,
minha ausência me grita.
Nem sei mais quem sou
depois que te deixei ir.
No silêncio da noite, a vida grita
fala alto em vários tons
sons que reverberam na alma
de quem se abre a ouví-los
Tudo o que existe se manifesta neste instante
Tudo fala : estou aqui... e a vida se faz presente
Até aquilo que era ausente, se aproxima
tudo respira
No silêncio, a noite fala
e dá até para ouvir estrelas
Azul e Bela é a Vida,
assim como o céu e o mar
Azul é um sonho em rosas
Azul é o Amor a durar
Azul é o canto que encanta
Azul é a leveza do ar
Azul é a cor que fascina
Azul é a VIDA a pulsar
Essa dor que chega
Chegou sorrateiramente
Deu-me um abraço e foi oferecendo colo
Eu resistindo...
Agora me surpreende debaixo dos edredons,
com um sorriso no rosto
com o meu corpo envolto,
conseguiu o que eu não quis,
me contorço,
me agito,
grito,
e ela pede bis.
CRISE
Quando foi que você chegou eu já nem lembro.
Mas se sentou ao lado e foi me envolvendo aos poucos.
Ontem já não mais sabia se eu te pertencia, ou você a mim
Foi ficando intensa, aumentando a presença, se fazendo ouvir
Eu saí contigo... os meus pais comigo... dei-lhe o que pedia
e nada conseguindo, você me extinguindo... eu desabaria
Desabei foi hoje, afoguei meu pranto, mergulhei na dor
em seus braços finos, quais como navalhas, que me sufocou
Meu corpo reclama um leve espaço, seja ele qual for
você não me deixa, nem com dolantina ou qualquer morfina
sempre se aproxima a me enlouquecer
Bem sei que mereço esta sua presença
esta sua tormenta
este meu sofrer
Mas eu quero trégua
uma paz quem sabe
antes que eu desabe
e queira morrer
TRAVESSIA FALCIFORME
Escondo-me dentro de uma barquinha
que segue à deriva dentro de mim
Flutuando em àguas turbulentas
mar sangrento de células em foices
que falcizam as expectativas
os sonhos
os desejos
as metas
que prolongam as distâncias
neste maremoto de crises infindáveis
que estanca as iniciativas
e guarda em suas profundezas
o que restar de coragem.
Embora dentro desta pequena barca escondida
seguindo meu percurso à deriva
eu vou em frente
reluto contras as correntezas que me levam
que me impulsionam a lançar-me neste mar
e nele afogar-me, anular-me... me apagar.
Sigo... prossigo e perdida no trajeto
na longa travessia da vida
talvez até descubra
que não sigo assim tão à deriva.