Alessandra Espínola
desembaraçamentos:
...minha cabeça sempre foi uma carapinha de perguntas, fios de fibras grossas espiralmente arrepiados, despetalação de caminhos, arranco um bololô de hipóteses nas mãos. Vão pelo ralo, voam no vento, no vão dos tacos, se entremeiam nas roupas, nos lençóis, nas fronhas, no tapete, entre os dedos...
Não perdi a mania.
Eu gostaria de saber passar por esse circo dando gargalhadas o tempo todo, mas às vezes, meu palhaço é triste.
Eu procuro. Procuro mansamente mas com uma ferocidade de sentidos, de quem se debate na areia movediça (e se afunda ainda mais?). E quem procura é porque ainda tem esperança?
Tenho sido toda distâncias, latitude longitude, olho para os meus pés e chega dá vertigem, latitude longitude. Não ouvisse falar da ciência acharia um milagre estar de pé.
Não penduramos chuteiras nem sapatilhas, apenas trocamos por outros sapatos - nossos pés cresceram - foi no bazar da vida.
A vida é um jogo de xadrez, mal dá tempo de pensar, armar estratégias diante do inusitado, mexo duas peças e a vida já me dá xeque-mate!
Bem sei que palavras não enchem barriga nem pagam as contas, mas talvez, pode ser que alimente e excrete esse nosso isso de dentro, a que alguns chamam espírito. Para mim, é também uma forma de amar.