Aleff Ribeiro
Somos carregados pela corrente de relatividade e imprevisibilidade que é esse mundo. Não há como mudar isso, apenas como aprender a conviver.
Está chovendo. Leio um livro na sacada, de onde posso sentir gotículas de água que são carregadas pelo vento. O livro é apenas uma janela para os meus pensamentos fugirem da minha cabeça, na verdade, não fogem, ficam girando,girando e girando.
olho para os prédios, vejo pessoas mostrando seus rostos pelas janelas. O que será que estão olhando? será que gostam apenas de contemplar a chuva? Duvido. Vão para pensar em coisas da vida, para fugir de uma discussão, para descarregar suas emoções, fazendo as lagrimas se misturarem com a chuva.
Avisto num apartamento não muito alto uma criança brincando na varanda, deve ter uns 7,8 anos. Mas essa criança é especial, não tem cabelos, provavelmente devido à quimioterapia que crianças com câncer tem que fazer. É uma garotinha. Brinca com sua boneca, que é quase de seu tamanho. Acaricia os cabelos de sua amiga inanimada com as mãos. Um olhar triste, e uma lágrima escorre dos pequenos olhos azuis da pobre menina. Ela abraça a boneca, como se esta fosse consolá-la. E de fato consola, pois fica lá, inerte, apenas presenciando o sofrimento da pequena, em silêncio. E é isso o que a conforta, o silêncio.
Mergulho ainda mais em meus pensamentos, chegando à conclusão que para algumas pessoas, o silêncio é o melhor ouvinte. E eu sou uma pessoa dessas. O silêncio nos permite mergulhar em nós mesmos e ver o que há de errado, sendo possível até encontrarmos alguma solução. Quando não, temos a liberdade de chorar, de gritar, de sofrer, de sofrer em silêncio.
olho novamente para a menina com sua boneca, e vejo que está sorrindo, conversando animadamente com a boneca, que está sem os cabelos agora.
Algumas pessoas gostam da solidão, de esgotos, de prostíbulos, de bares nojentos; apenas porque se identificam com toda essa podridão e acham injusto e deslocado um pedaço podre de ser humano no meio de tanta beleza, perfeição e simplicidade.
Isso é falta de amor próprio, um refúgio para as fraquezas e os medos (essa aceitação) ou uma afirmação prepotente?
Aí que entra o ponto de vista.
A humanidade é profunda porque consegue pensar sobre todas essas coisas ao ponto de se considerar podre. Paradoxo? A vida é um paradoxo.
Árvores Verdes, praias,lindos campos.. tudo isso não tem valor nenhum se você não der um significado.
Para algumas pessoas, a poluição é a paisagem mais linda do mundo!
Quando se procura a explicação para algo e não se acha, ou não se procurou direito, ou a explicação é justamente o inexplicável, o incompreensível.
O amor é inexplicável, pois é um sentimento, foi feito para ser sentido e não explicado. Aqueles que querem explicar o amor o fazem porque não amam, não verdadeiramente, pois se amassem, se contentariam apenas em sentir, como se sente uma brisa ao fim da tarde num dia quente. Não se preocupa em saber a origem da brisa ou porque ela é isso ou aquilo, apenas fecha-se os olhos, abre-se os braços e sente. E sente.
ele amava caminhar vagarosamente num dia claro e fresco, com a cabeça livre de qualquer preocupação, preenchendo a mente somente com a imagem, as lembranças dela, e com isso, tudo parecia lembra-la. observando o farfalhar das folhas nas arvores provocado pelo vento suave que passava por seu rosto, podia sentir a mão dela acariciando-o e o som do vento aos seus ouvidos soava como aquela doce voz dizendo bem baixinho: eu te amo. Um sorriso se abria em seu rosto e o coração batia um pouco mais forte.
Olhava um lindo gramado, com arvores fazendo sombra,enganando o calor que fazia, pensava como seria maravilhoso deitar com ela sobre a grama, ficar conversando sobre coisas sem sentido,olhando para o céu e dando formas às nuvens, apreciando o canto dos passaros e ficar em silêncio. Ele amava o silêncio ao lado dela, pois podiam se comunicar apenas sentindo a presença um do outro. Ela finalmente o olhava, como se quisesse alguma coisa, aqueles olhos castanhos o encantava. Ele sabia o que era, e lentamente aproximava seu lábio do dela e a beijava, suave, carinhosa, porém ardente e apaixonadamente. Depois de alguns minutos ela apoiava a cabeça em seu braço e fechava os olhos. Ele amava isso. Era confortante,pois sabia que ela fazia porque se sentia confortável, e dormia pensando nele.
E realmente era verdade, ela o tinha como porto seguro, onde podia esvaziar a mente, e encher novamente com ele, somente com ele.
Isso fazia os dois sentirem parte um do outro, haviam esquecido o significado de singular, agora só existia o plural, um plural que compreendia dois. Apenas eles dois.
O pedaço meu que você carrega já não me faz falta, porque no lugar dele, em mim, há um pedaço seu também.
Existem pessoas que têm seu eu tão grande que não cabem outras em seu coração.
Exitem outras que não merecem as coisas ou outras pessoas, pois não dão valor, ou simplesmente não sabem lidar com elas.
Também há aquelas que vivem em conflito consigo mesmas, e não permitem que ninguém as ajude, não abrindo espaço e sofrendo em silêncio.
Ele vivia num conflito interno que o esmagava. Havia vontade de chorar, de gritar e de correr, mas ele não o fazia, deixava tudo isso o mais intrínseco possivel, para que as pessoas não prestassem atenção.
O que ganha o ser humano buscando o complexo, o desconexo, quando a simples verdade está a sua frente?
O ser humano tem uma queda aos paradoxos, às antíteses, às nostalgias e a tudo o que é surreal, mesmo sabendo que não é possível.
O prazer de sonhar, de almejar algo inalcançável, move o ser humano, que mesmo sabendo que esses sonhos são utópicos, insiste em mantê-los como horizonte.
Embriago-me frente aos teus olhos, perco a sanidade com teu sorriso ,deliro nos teus lábios e me torturo na tua ausência.
viver. o que compreende viver? é apenas respirar? com certeza não, pois se fosse, o nome seria respirar e não viver.
Viver é, resumidamente, aproveitar cada "respirar".
Muitos se perguntam sobre esse mundo, porque é tão incompreensível, tão complexo, tão distante da nossa realidade? O que é realidade afinal? É um amontoado de tradições, paradigmas e ditos que viemos ouvindo e vendo,? Precisa-se despreender-se dessas coisas, para entender realmente o que é realidade.
Há aqueles que são individualistas, frios e calculistas, isso tem o seu mal da mesma forma daqueles que são extrovertidos, emotivos e despreocupados...
A felicidade é apenas um devaneio, causando prazeres, mesmo que passageiros, nos fazendo esquecer das tristezas, mesmo que por um momento. E apesar de tudo isso, a felicidade é o maior anseio da humanidade
Os pensamentos são uma das maiores virtudes do ser humano, pois mesmo se estando enclausurado em uma prisão, pode-se ir aos mais lindos lugares.
A saudade é o câncer do coração apaixonado. Quando se sente alguma dor, é sinal de que já está num estado avançado.
O coração aperta, o resultado é uma lágrima, que sai timidamente dos meus olhos. Posso comparar isso à uma roupa sendo torcida, liberando água.
Essa lágrima é um amontoado de coisas, de eu, de humanidade, de erros, mas também de amor, de saudade, de carinho.
Meus pensamentos entram em conflito, e aí percebo que sou falho, pois sou humano, e me angustio por isso, pois da mesma forma que o ser humano é belo, a humanidade é deprimente.
Mas pensando que não há como fugir de mim mesmo, como sair correndo e me deixar pra trás, me consolo, mesmo diante toda essa confusão, encontro paz.
Tenho saudade de quando possuía uma virtude que Deus concede às crianças para que não cresçam tão rápido: A inocência.
Pensando apenas no presente, esquecendo para o passado, e o futuro? o que é isso?
A tristeza é apenas uma nuvem que vai rapidamente embora, permitindo os raios da felicidade (que não é utopia, mas realidade, desta vez) esquentarem novamente.
Envelhecemos e nossa podridão começa a vir a tona, perdemos a inocência e nos preocupamos demais com a vida, que é simples, basta apenas olhar por esta ótica. Não nos tornamos felizes, mas conformados com a ideia de ter a felicidade como horizonte, um horizonte visível, porém distante, tão distante...
Ando pela rua, apenas ando, sem saber e nem querer saber para onde vou, apenas sinto a gelada brisa que acaricia meu rosto, fazendo-me fechar os olhos de vez em quando. Vejo as pessoas caminhando, com olhares preocupados, se esquecendo de observar as árvores sendo agitadas, o vento que passa como um cicio, o contraste do céu azul com a paisagem urbana...
Penso que se todos dessem valor à isso, seriam mais felizes, mais aproveitadores da vida, pois isso é vida, isso é a beleza da vida!
A vida é tão curta, que muitos tentam aproveitá-la vivendo apenas momentos prazerosos, esquecendo-se de tornar prazeroso cada momento.
Apenas se sentiam, e no profundo silêncio mergulhavam, pelos olhos podiam ver os mais lindos pensamentos, o tempo voava, tornando-se o maior inimigo deles, que almejavam congelar aquele momento para sempre.
Ela fechava os olhos, sentia-se segura nos braços dele, que se achava bem aventurado.
Assim que trocavam o último beijo, começavam, involuntariamente, a reviver cada momento que passaram juntos, cada beijo, cada olhar, cada suspiro, cada palavra, cada gesto. Fazendo isso, conseguiam aliviar a saudade vindoura.