Alberto Raposo Pidwell Tavares

Encontrados 5 pensamentos de Alberto Raposo Pidwell Tavares

E uma vez acordou
Caminhou lentamente por cima da idade
Tão longe quanto pôde
Onde era possível inventar outra infância
Que não lhe ferisse o coração

Inserida por gtrevisol

E eu
Indiferente à sonolência da língua
Ouço o eco do amor há muito soterrado

Encosto a cabeça na luz e tudo esqueço
No interior desta ânfora alucinada

Desço com a lentidão ruiva das feras
Ao nervo onde a boca procura o sul
E os lugares dantes povoados
Ah meu amigo
Demoraste tanto a voltar dessa viagem

O mar subiu ao degrau das manhãs idosas
Inundou o corpo quebrado pela serena desilusão

Assim me habituei a morrer sem ti
Com uma esferográfica cravada no coração

Inserida por gtrevisol

O certo
É que por vezes morremos magros até ao osso
Sem amparo e sem deus
Apenas um rosto muito belo surge etéreo
Na vasta insónia que nos isolou do mundo
E sorri
Dizendo que nos amou algumas vezes
Mas não é o rosto de deus
Nem o teu nem aquele outro
Que durante anos permaneceu ausente
E o tempo revelou não ser o meu

Inserida por gtrevisol

No regresso encontrei aqueles
Que haviam estendido o sedento corpo
Sobre infindáveis areias

Tinham os gestos lentos das feras amansadas
E o mar iluminava-lhes as máscaras
Esculpidas pelo dedo errante da noite

(...) Estavam vivos quando lhes toquei depois
A solidão transformou-os de novo em dor
E nenhum quis pernoitar na respiração
Do lume

Inserida por gtrevisol

Andamos pelo mundo
Experimentando a morte
Dos brancos cabelos das palavras
Atravessamos a vida com o nome do medo
E o consolo dalgum vinho que nos sustém
A urgência de escrever
Não se sabe para quem
E ao acordar... a incoerente cidade odeia
Quem deveria amar

O tempo escoa-se na música silente deste mar
Ah meu amigo... como invejo essa tarde de fogo
Em que apetecia morrer e voltar

Inserida por gtrevisol