Airam Adraude
Do alto
Palpitações, mãos suadas, um arrepio, olhar desconexo, medo, uma vontade de chorar com um misto sorriso.
- Meu Deus, o que é isto !?
Já não lembrava mais como era olhar pra alguém e ter novamente aquele sentimento de adolescente.
Apertei as mãos ora uma contra outra, ora ambas na cabeça, gestos bestas de fuga emocional, não sou criança, não posso fraquejar afinal.
La do alto avistei, em meio à irmãos, instrumentos, estantes de partituras e cadeiras, a portadora do sorriso que me deixou sem beira.
La do alto ela não tocava, pincelava notas em sonhos.
La do alto ela me consumia, dividia, desviava até mesmo a minha oração, Senhor perdão.
Para o Alto eu pedi,
E La do Alto espero receber,
Não há pressa quando aquela em que os olhos se espelha, poderá ser a visão de uma vida inteira.