Agton Barbosa de Souza
A vida é um barco que navega sobre um mar de mentiras.
E quando esse barco afunda você se afoga em toda realidade.
Pierrot
Do ponto da desgraça
Ao que o coração empala
Como Pierrot o tolo ensaia
A espera de sua Columbina
Dentre o olhar de um Arlequim
A sempre de se seguir assim
Cântico do desprezo ao fim
A fim de vedá-la o sim
Desprovido de palavras
Atuando a encantá-la
Coração logo dispara
Almejando conquistá-la
Devaneio que vem de mim
Ali em meio às garrafas de gim
Castigando-me enfim
Ao pensar no querubim
Dispenso as esperanças
Agrego-me a insignificância
Calando o que sentia
Assim começo outro dia.
O reflexo
Procura em tua alma
Um belo cântico soturno
Que conte tua nostalgia
De algumas noites pelo mundo
Diga-me o que lhe falta
Nesse infeliz viver sozinho
E qual a tua proposta
Ao encéfalo render-se ao vinho
Nessa tua face tão sofrida
E de alma tão corrompida
Apenas ser o simples estranho
Uma quimera esquecida
Com a vida mal resolvida
A quem este componho _seu espelho_
A verdade sempre aparece.
Aparece distorcida, amassada outras vezes em meias verdades.
Mas ela sempre está lá.
Até nas mentiras ela está segundo o ditado, “toda mentira tem um fundo de verdade”.
Se a cada conto aumenta-se um ponto, a verdade que vem de fora seria tão verdade quanto a que sai de dentro?
Em meio a tantas verdades, acredite em uma...
Você.