Adroaldo Palaoro
Há uma outra forma de vida
que subjaz debaixo
daquela que levamos cada dia:
uma vida mais calma,
mais consciente,
mais autêntica;
uma vida de pequenas coisas,
de gestos carregados de ternura,
de rotinas habitadas
que são vividas como novidade.
Esta capacidade humana
de dialogar com o outro diferente,
quebrar distâncias
e deixar que a própria vida
seja questionada pelo outro
é a qualidade maior
daqueles que alargam suas fronteiras
e não se deixam dominar pelo medo
e pelo preconceito.
Pois a vida autêntica é a vida movida,
iluminada, impulsionada pelo amor.
(...)
É vida em movimento,
gesto de ir além de nós mesmos;
vida fecunda, potencial humano.
Vida com fome e sede de significado,
que busca o sentido...
Vida que é encontro, interação,
comunhão, solidariedade.
Vida que é seduzida pelo amor,
pela ternura.
Vida que desperta o olhar
para o vasto mundo e move à missão.
Não podemos definir Deus.
Só podemos nos aproximar
da essência de Deus
afirmando que Ele é relação,
comunidade, partilha,
comunicação, intercâmbio,
comunhão...
Adroaldo Palaoro
Assim como aconteceu com Jesus,
ativar a capacidade de escuta
é a que nos possibilita a entrada no mistério.
A escuta é como um sacramento
que nos unge
para a trajetória do seguimento de Jesus,
para a travessia que nos faz sair
das pequenas ou grandes atrofias:
maneiras de pensar,
opiniões petrificadas e inamovíveis
sobre Deus e os outros,
atitudes petrificadas,
moralismos doentios,
culpas mórbidas...
para poder caminhar
em direção à plenitude de vida,
que é a meta.
Tal plenitude não é um lugar físico,
é um “estado interior”
que nos ajuda a descobrir a direção e a felicidade.
Na mentalidade judaica
trata-se da “Terra prometida”.
Esta não consiste simplesmente em estarmos bem,
mas em estarmos em comunhão com tudo,
em descobrir que somos uno,
que estamos conectados,
que somos uns com os outros,
que possivelmente passou por nossos pulmões
o mesmo oxigênio que passou
pelo resto da humanidade,
que somos pó de estrelas...;
logo, pertencemos ao infinito,
ao cosmos
e desfrutamos contemplando as estrelas.
Somos família.
Adroaldo Palaoro