Adriel B.
Dinheiro, qual o teu valor?
Princípio de todos os males,
Raiz que traz a destruição,
Divide pessoas, destrói lares,
Muda o amor entre irmãos.
Classifica os seres humanos.
Os que o possuem, são superiores.
Vende qualquer coisa por ele,
Trocam os maiores valores.
A busca dele enlouquece,
Muitos sábios se tornam tolos.
Se há falta, causa stress.
Este é um papel para todos?
Separa os pais de filhos,
Por não ter condições financeiras.
Poucos vêm estufados seus armários,
Tantos escutam o vazio da geladeira.
O acúmulo de capital é doentio,
Correm a qualquer custo atrás da riqueza.
Passa no caminho tão rápido,
Que perde do caminho toda beleza.
Será que isto faz sentido?
O corromper de um homem?
É necessário ser seu escravo?
Para obter tudo aquilo que se julga bom?
A nota gerou conflitos, originou guerras
Que mataram diversos inocentes,
Visaram a oportunidade de ganhar mais,
Por mais que o custo fosse a morte de iguais.
Há quem acredite que a felicidade,
È ter muito dinheiro.
Isso pode ser até verdade,
Porém pensou que você pode morrer primeiro?
O homem caça o cabedal,
Enquanto o mesmo põe preço nele.
Nivela por baixo o contexto social
Colocando a base amiga da fome.
A sua importância é inegável,
No mundo o divisor de águas,
Porém a imposição é questionável...
Pois a humanidade existe,
Bem antes das patacas.
Caso um dia ele suma,
Haverá um grande desespero,
O rico se verá no mesmo patamar,
Do que aquele que ele tratou com desprezo.
A fome não teria moeda de troca,
O acesso seria mais democrático.
Para comer precisaria produzir,
E o ajuntamento seria para lunáticos.
Sem ele seria alegria?
É uma utopia de pensamento?
A ganância traria outra ferramenta,
Para manter a sociedade vazia,
Presa ao constante sofrimento.
África, onde estão os seus filhos?
Arrancados foram de Ti
E com lágrimas em teus olhos
Teve de vê-los partir.
Forçados a sair de sua terra natal,
Não puderam nada escolher.
Trouxeram pessoas, como animal,
Quantos no caminho vieram a falecer.
Colocaram amontoado em barcos,
Trancafiaram a todos no convés.
Acorrentaram pelos os braços
Os que eram livres foram presos até os pés.
Trazidos para o sofrimento,
Trabalhavam com zero de compensação.
Não podiam descansar em nenhum momento,
Os feitores golpeava sem compaixão.
Possuíam os corpos marcados,
Eram acometidos de várias torturas.
Só eram deixados de lado,
Quando baixavam à sepultura.
Para os rebeldes,a opção era fugir.
Nisso nasceram os quilombos,
Funcionavam como um oásis,
Até o “capitão do mato” descobrir.
O grito de liberdade esteve preso.
Tentaram apagar a nossa cultura,
Mas as raízes vem de nosso berço,
E isso nem a escravidão muda.
No Brasil foram quase 400 anos,
Em outras nações um pouco menos.
Mesmo estando libertos,
Os colonos nos viam como pequenos.
A sociedade não nos abraçou,
Pois não houve nenhuma inclusão.
Tudo que o negro conquistou,
Foi pela força de suas mãos.
A história foi manchada ,
Quantas vidas foram perdidas.
Surpreende nos dias de hoje,
As desigualdades ainda estarem vivas.
Até quando o bandido vai ter cor?
Até quando o tiro vai matar mais nosso povo?
Quantas vezes teremos que escutar,
Que mais um garoto preto foi morto.
Até quando veremos diferenças de oportunidade?
Até quando haverá distinções salariais?
Está mais do que na hora,
De sermos maioria em multinacionais.
Não aceitaremos mais migalhas!
Queremos igualdade agora!
Cansamos de sermos diminuidos,
Não estaremos mais como chacota.
Em busca de maior representatividade,
Não ficaremos totalmente satisfeitos.
Queremos o alto cargo no governo!
Por que não ter o próximo presidente negro?
Black Voice -Adriel B.
Não existe o conceito de justiça!
Quando só o inimigo é ouvido,
Enquanto se contorce de dor,
E se oculta o gemido do oprimido.
Os tempos trouxeram a vista,
O que outrora foi esquecido,
Voltou a estar à tona,
O problema não resolvido
Chega de ficarmos com migalhas!
Queremos nos juntar a mesa.
É hora de repararem as falhas,
Antes que o mundo de novo esqueça.
Vidas negras importam!
Gritam as ruas todas,
Desejamos de volta o destaque,
Roubados de nossos moços e moças.
Nossos braços não serão abaixados,
Manteremos nossos punhos cerrados,
Voltaremos para aquilo que nos pertence, o trono,
Que um dia retiram de nossos antepassados.
O sonho de Dr King permanece vivo ,
Esta chama jamais será apagada,
Pois não haverá a paz sem este motivo,
Almejamos a volta para “nossas casas”.
Chega de estarmos afastados!
Jogados para os guetos,
Estamos regastando,
O orgulho de ser preto.
Os açoites serão devolvidos
E virão em formas de letras.
Verão que somos evoluídos,
Lotaremos das universidades,
Todas as carteiras.
Não necessitamos de suas cotas,
Utilizadas para aliviar suas culpas,
O que foi feito não será reparado,
E lembrar fortalece nossa luta.
Cansamos de sermos enquadrados,
Fazer parte de estereótipos,
Como se pudessem identificar suspeitos,
Simplesmente pela melanina de corpos.
Chega de buscar representatividade!
Devolvam os nossos postos.
Até quando terá que ser novidade,
O preto com sucesso em seu negócio?
Não quero que meu filho deseje ser branco,
Por ver apenas isso em comercias,
Quero mostrar para ele,
O quanto nós somos legais.
Construímos esta parte do planeta,
Com preço de nosso sangue,
Não quero ver mais um irmão meu morto,
Julgado sendo chamado de mais um preto de gangue.
A high society vê os protesto assustada,
Olha que isso não é nem um por cento,
Do que ver famílias destruídas,
Quando de sua terra foram arrancadas.
Chega de opressão!
Chega de ficar calado!
Se a liberdade não vier,
E melhor dormir do que continua acordado.
Chega de vermos Floyd no chão!
Chega de João Pedro sem solução!
Chega de Arbey caído, sem ação!
Chega de Amarildo sem caixão !
Deixem viver nossos Martins,
Não calem nossos Malcon X,
O lugar é de Rosa Parks,
O que veio em protesto,
Virá também como arte.