Adriano Saraiva
TEMPESTADE NA METRÓPOLE
Turbulência e fúria
O céu cinzento descarrega sua ira
Os adultos se agridem
As crianças se drogam
A cidade sofre uma hemorragia
Mas a chuva trata de varrer o sangue.
POESIA E PROZAC
A gota d'água que transbordou
Um oceano de frustrações
O apodrecimento de frutos sazonados
Que despencam da árvore
Para se espatifarem no solo.
Bancário arrogante
Pretensioso escritor sem talento
Mais uma medíocre alma
A vagar por um mundo insano
Enquanto meus trabalhos literários
Eram devolvidos sucessivamente e
Se acumulavam numa montanha de tristezas
Ela experimentava muitos ricos
Aziagos pensamentos
A me fustigarem o orgulho
Na companhia do Prozac
Buscava as respostas
Nas garrafas de Jack Daniels
EMPATIA ENCARNADA
Quem sou? Não importa
O fato é que estou
Vagando a esmo
Sem noção de tempo
Eras eclodindo em
Sucessivas progressões insanas
Absorvo emoções
Uma empatia de ajuda
Onde a divisão do fardo
Resulta na partilha da dor
Não sei bem como isso funciona
Sinto-me como uma lata de lixo etérea
Onde todos sentimentos degradantes
Se alojam e ferem
Um buraco negro perdido no cosmo
Que suga detritos sentimentais
Ódio, ganância, inveja, medo
Cobiça, tristeza e vizinhos...
Não posso mais suportar
Sou um viajante do nada
A latrina das emoções humanas
O guardião da histeria e da loucura!
M de MEMEL
A responsabilidade chegou
Esta estrela minha vida iluminou
Amor intenso e diferente
Coração acelera e não mente
Três letras de amor
Doce e pura MEL
Agradeço a Deus o louvor
Do feliz girar do carrossel
Sorriso inocente
Marota e moleca
Alegra a alma da gente
Melhor que o prêmio da loteca
Não que eu queira ser diferente
É ser pai desta menina sapeca.