Adriana Vargas
O que fazer, quando chega a madrugada e o sono não vem... A mente não cansa no desabafo contínuo de percorrer, nem se for arrastando, o sonho que imagino os olhos dele, quando nascer, olhando-me, como se fosse um filho...
O sono não vem quando se tem um sonho aflito na presença do mundo que não vai parar para ele nascer.
Não sei o quanto as pessoas se importam; cada um com os seus moinhos de ventos, talvez, fazem-se o mesmo questionamento, apenas sei que estou com este sentimento atravessado na garganta a ponto de me fazer sufocar.
Meu sonho hoje não é banal. Pessoas me elogiam; empurram-me para frente; chacoalham-me para não desistir quando insisto em desanimar; com um “up”, me levantam; enfim... Pergunto-me – Onde estou errando?
Sei somente que o dia todo, vivo; respiro, alimento-me do sonho o qual me inspiro.
Cansei de desistir no meio do caminho de tantas outras coisas que eram importantes, mas por me sentir derrotada, dava sempre um passo para trás, e por medo de enfrentar o resultado, recolhia as armas da batalha, e desmontava o acampamento. Somente os fortes são vencedores.
Estou aqui agora, sem saber nada sobre o futuro. Não penso nele porque não consigo imaginá-lo, mas sei que no presente em que me encontro, minhas mãos estão vazias do resultado e cheias de ânsia involuntária.
O túnel que percorro é escuro e a visão é turva. Abandonei tudo que me tirava o tempo que preciso para a dedicação de meu projeto. As pessoas me chamam de louca, evito ouvi-las. Se eu tiver que decidir um dia em deixar algo que quero por conta da busca pela a aceitação das pessoas, prefiro morrer sem tomar um último copo d'água diante da sede arrebatadora, pois se assim o for, de uma gota, se quer desta água serei digna. Não sei morrer se não for com a bandeira do meu sonho nas mãos.
Acordei cedo, meio tonta, ao olhar no espelho, não me reconheci...
Lembrei-me dos sonhos e de tantos dias passados, quantos sonhos já havia conquistado? Por que demora tanto, e por que a felicidade se faz apenas, em tão curtos momentos, que de me lembrar, dá uma saudade tão grande de ser feliz?
A todo o momento, alguém fala comigo através de algum escrito, ou fotografia, porém, a mensagem que mais consegui ler, foi quando as olhei nos olhos e pude notá-las longe dos rótulos; vi tantas histórias e compreendi que se me atentar, em um dia posso aprender tantas coisas que jamais imaginária, se não me manter segura em meio as almofadas de meu umbigo, perceberei que o outro tem sentimento, e que seus olhos traduzem o que eu estava necessitando para continuar a escrever meus livros. Ah! Esses pequenos detalhes, tão santos, que me trazem a inspiração... Objetos e coisas, pessoas e sentimentos tão cheio de detalhes... Distraio-me de mim mesma, ao observar o mundo, esquecendo dos anseios que em muitas vezes, me tornam algoz.
Passei os olhos nas páginas de minha vida, tive medo... Poderia escrever minha biografia, daria um livro, no mínimo útil aos julgadores existentes entre o bem e o mal. Desisti. Não seria capaz de ver meus pedaços contados entre os becos e palácios; prefiro dizê-los nas entrelinhas de meus sonhos poéticos, ou, hora ou outra, na brincadeira do inverso ao criar as personagens que realizam o meu sonho de ser, que eu nunca fui.
Penso em minha extensão... Como estou os criando; se já não estão criados, e mesmo assim, olho e vejo-os ainda tão pequeninos, fazendo ninho em meu ventre, como se estivessem dentro do meu útero. Não pude fazer de meus filhos, a realização dos meus sonhos perdidos; dei a eles, a escolha em ser aquilo que os fazem felizes, compreendo isso por amor, pois sei, que amar a um filho é não obrigá-lo a viver com as minhas mentiras.
Entro em um banheiro público e nele, as bonecas de louça no retoque do batom, mas não só neste que bem se adivinhava a mão leve e inteligente de uma mulher, de gosto e educação, na escolha de alguns móveis, e, sobretudo, na escolha desses pequenos objetos íntimos, indispensáveis para fisgar um homem de tratamento fútil: escovas, pequenos espelhos, estojo de unhas, porta-jornais, vide-poches, porta-jóias, cinzeiros de madrepérola, etc. Tudo isso disposto com aparente descuido intimo (superficialidade), mas com requintado instinto artístico. As pessoas gostam de impressionar (Por que não leem?)
O plenilúnio opalino de uma transparência e suavidade dulcíssima, banhava tudo. Inundava o céu e a terra; envolvia as copas unidas das árvores, montes abaixo, num véu tenuíssimo de bruma luminosa e as fazia projetar sombras fantásticas no chão. Volta-me o asco - serão cortadas em breve... Não combinam com a estética da nobre casa recém construída, na rua mais cobiçada de uma metrópole.
Sei falar palavras de difícil entendimento, apenas para confundir os que gostam de inutilidades que aparentam beleza ou por ofuscar um brilho que deveria ser feito de ouro. Isso chama atenção, tanto quanto o meu português ruim, quando quero, ou não, bastar-me a mim mesma. O ruim também chama atenção e me faz lembrar sempre do ponto preto pequenino querendo se esconder na parede vasta, toda branca e lisa, porém sua cor é preta... São polegadas de satisfação para olhos que não perdoam. Se eu disser ponto “negro” serei processada por preconceito – as pessoas acham palavras para tudo!
Meu ego e eu:
O nada é tão importante a mim, quanto à complexidade do tudo.
O nada neutraliza- me; um autêntico amortecedor em escapulidas e subterfúgios quando o "tudo" a minha volta passou a ser sacerdotemente o meu algoz. Tudo me irrita...
Vejo o nada entre o vão dos meus dedos dos pés... "Vejo-o!" Imaginando-o estar em algum lugar; o simples fato de não existir, já existe... Teimando. O ego me atormenta a alma, tentando convencer de que o tudo é o que preciso, quando a miséria da aceitação em si, já me regojiza por completo.
O medo faz a pessoa se sentir tola...
O medo de algo que não aconteceu; criação negativa da mente; um pré-conceito de si mesmo.
O efeito paralisante da ação, deixa o racional restringido; um absurdo delito contra o crescimento intelectual, e consequentemente, espiritual.
Medo do nada... Do que ainda não existe, a não ser, no plano das idéias; idéias pequenas, quase insignificantes, que não se comprovam, como dois mais dois são quatro.
Argumento sem fato; são justificativas plausíveis, porém, inverídicas perante uma "possível ou suporta" situação.
O medo de não conseguir; diminui a capacidade; intimida o desejo e endossa a insegurança.
O medo do novo; medo de não conseguir ser feliz... Já torna alguém infeliz antecipadamente.
O que adianta sonhar, sem não houver a ação?
O que adianta por a ação, se não houver a fé?
Não sei de onde vem a fé... Já inventaram fé vinda de tantos lugares que me deixam confusa, porém, sei, que a fé é parte da individualidade de cada um; da construção de um santuário vivo dentro dos seres.
A fé que espanta o medo e subterfúgios de um fracassado suposto, porém, por ironia do destino, ou ironia de si mesmo, torna-se arrastado por forças imperativas da atração.
As situações ruins não atraem pensamentos ruins; ao contrario... As coisas boas são atraídas pelos pensamentos negativos que as perseguem. Não é falta de merecimento; de oportunidades ou algo deste gênero. É falta de autoestima; falto do próprio amor; a impossibilidade de se amar a ponto de acreditar que se pode alcançar; de que se é capaz de realizar e que todas as coisas boas do mundo, é capaz de merecer.
O que melhor poderá despertar a consciência são dois sentidos encontrados no homem – a visão e a audição; ambos emergem uma pré-disposição; uma permissão para tal fundamento. Quando se consegue ver e ouvir, enxerga-se a realidade; e esta aguça a percepção de tudo que esteja acontecendo dentro e fora de si mesmo. Deixa-se de ser ignorante, e passa a ter o conhecimento; deste modo, as coisas jamais serão como antes – os objetivos mudaram rumo à liberdade.
Ttodo tipo de conhecimento, merecedor ou não da dignidade de permitirmos que nosso mundo se modifique a ponto de recebê-lo, mas de uma coisa sei... E disso não abro mão, mesmo que não aprendamos com o mal, mas que ao menos, temos a visão e audição para enxergá-lo antes que ele se aloje, forjando a sua aparência com o afã de engano, apresentando-se como um suposto contribuinte de construção e somatória.
O conhecimento tem como objetivo, edificar sonhos; em outros casos, utopias. O sonho construído com o bem, tem como resultado beneficiar, não somente a mim, mas no mínimo, e do modo mais egoísta, ao menos aos que amo; o conhecimento palpado nas veredas do engano é a heresia do mal, da falência, do promíscuo e ínfimo, vai destruir em menos ou mais dias; vai mostrar para que veio.
O conhecimento em conchavo com a comunicação fará com que a vida desperte todos os dias com o desejo de respirar. Se o for, pelo o saber do mal alastrado por entre os microfones e holofotes da vida, este terá o domínio certeiro, pronto para arrastar pelos cabelos aquele que não foi fiel aos seus sentidos – visão e audição... E não soube usar a seu favor, o que de mais sagrado existe entre os homens – princípios.
É bem simples entender... Se aqueles homens que construíram a bomba atômica soubessem que estariam aprendendo a fórmula que mais tarde seria usada contra si, talvez houvesse espaço para entender que não compensa trocar seus princípios pela ganância e o poder.
O sol brilha lá fora na intensidade dos sentimentos latejantes aqui dentro da alma...
Será que ainda estou dormindo ou morri? - pasmo!
Não... Não é um sonho... Estar por um fio, às vezes passa algumas impressões congestionantes na identificação do que esteja acontecendo... A vasão de estar lá e cá; um lugar que ainda não chegou, mas é como se já existisse - coisas de gente doida - poderia me encaixar perfeitamente nesta categoria - uma quase vaga para uma candidata suspeita ao manicómio por acreditar em seus afãs incomuns - ousadia e ação criativa.