Ádamo Carramilo
Guardei
Quando vi flores em você pensei
Em guardar todas as lágrimas de felicidade para regá-las
Guardar todos os esforços para cuidá-las
Guardar até sem razão, só pelo simples prazer de saber que germinaram em você.
03/07
O frio da manhã intensifica a mudança libertária destes tempos, acostumado às raízes densas do lar.
Lembrete dos corações amáveis que saúdam a cada volta e a angústia a cada partida.
Prefiro pensar que a tempo de ir e vir de forma leve e madura.
Voo ao conquistar o mundo com pensamentos de otimismo.
Com aquela cabocla deixei a certeza do regresso e a pureza de ser diferente.
Acalmo-me vagarosamente como a folha ao cair da árvore.
A força vem dos pés para cima.
Sedimento essa energia e deixo fluir.
Fecho os olhos, conforto-me com a humildade de um pescador que às vezes nada pega, mas continua a esperar.
Alegro-me ao ver o quanto algodão doce existe neste céu.
Oh, meu Deus, por que tamanha doçura não cobre os homens como cobre esse céu!
E na intuição, o recado:
Das dádivas, o tempo é a maestria superior.
O recanto dos sonhadores e a ferramenta dos benfeitores.
Hoje, ainda é tempo de vir ao encontro das novas mudanças.
Hoje, ainda é tempo de ir de encontro ao que não mudará.
Só quem voa desperta o valor da mudança em sua consciência.
Flutua a vontade de assoprar em seus ouvidos:
Obrigado por me libertar.
Agora é tempo de ir.
Mordomia de Deus
Um casal de pássaros a sobrevoar
A tarde feita com o vai e vem das ondas
O mar espelhado pela intensidade do sol
Limites do espelho do mar!
Um senhor a caminhar
Com pés descalços, pela extensão, ao lado deste tapete a brilhar
Que faço questão de também resguardar
A mordomia de ver poesia a qualquer piscar
Daquele lado a certeza que a alma a água lavará
Do verde a que me refiro estão os morros e ilhas
No alcance dos meus dedos
Se um olho fechar
Com chamados de que há outra existência
A mordomia se estende pelo pensar
Pela consciência, por vezes,
Vem revelar
A cada espuma que se aproxima
Recordo da cabocla que me trouxe pra cá
Olhos negros e brilhosos
Junto a um coração que só vejo se fortificar
Coração este, capaz de me libertar
Por tamanhas mordomias
Precisei, eu, labutar
Noites e dias
Por tantas provas me fiz passar
Danado deu! Será?
Merecedor eu?
Quem está a me observar?
O casal de pássaros a pescar!
O sol que ilumina este tracejar!
Ou o vai e vem das espumas
Deste tapete que o mar
Meus sonhos: Seus olhos
Seus olhos de perto me faz derreter
Como o sol faz ao anoitecer
Olhos que brilham e iluminam como sol
Como o sol ao amanhecer
Olhos que cativam e demonstram
A minha intenção em te fazer enlouquecer
Olhos poderosos me fazem hipnotizar
E ao seu coração o meu vai mirar
Olhos que mantém a luz na escuridão
Como a alegria que mantemos na nossa junção
Pelos seus olhos me ensinei a me perder
Binóculos da Alma
Mais adiante confirmarei essa percepção de que o que penso atrai os mesmos pensamentos dos que me seguem.
Vejo a troca de pensamentos que escorregam pela cabeça e saltam aos binóculos da alma.
Lentes claras, lágrimas brilhantes, o vermelho na retina e no coração.
A alma guarda, o olho revela e a palavra liberta.
Surgiu da Euforia
Acordei e já não me continha
Descobri que não foi tão rápido quanto aquela euforia
Que senti ao te ver naquela madrugada que surgia
Agora estou aqui com a escrita me dedurando
Como uma impressora faria
Preciso saber o gosto de um beijo
Um beijo interminável para meus lábios entusiasmados
Perceberem a profundidade do que sentia
Não só com esse beijo, mas também com a sintonia
Anseio de saber se é este o fim
O fim de uma expectativa
O fim de uma agonia
Ou a certeza de outro dia
Minha singela energia para um beijo ao fim do dia
Seria como uma melodia para saber se essa música novamente escutaria
Ou terminaria a imensa alegria
De fazer você se apaixonar todo o dia
Nem me preocupo mais com que irá pensar com essa simpatia
Ou com esse pedido que pode ser o devaneio do dia
Loucura minha saber se esse beijo interminável estancaria a minha euforia
Ou começaria a sua, já que sei que também queria
Seus olhos não conseguem mais esconder sua harmonia
Com a afinidade que surgiu desde o primeiro dia
Estou esperando as horas passarem e deixar mais para o fim do dia
Saber se eu consegui a carta de alforria
Largo do meu orgulho de não falar do que me importaria
Me importa sua companhia todo dia
Não nego a intenção de ficar junto a sua energia
Preciso saber o quanto me queria
Ou devo esquecer essa ideia de ter um beijo ao fim do dia
E deixar acabar a minha ideologia de saber que em seus lábios eu permaneceria
Escrevo somente o que meu coração não esconderia
Sem me preocupar se tolo pareceria
Registro somente que desta vez não permitiria
Me aprofundar mais nessa euforia
Ou deixo para ver se Deus realmente deixaria
Agradecer de ter encontrado o que queria
Ou simplesmente ver mais um beijo morrer
Aonde não queria
Serve!!
Serve hoje, amanhã e depois
Serve com roupa ou sem roupa
Serve de frente e de lado
Serve tanto por dentro quanto por fora
Serve lá e cá
Serve, serve e serve
Serve sem motivos
Serve por existir
Continua aqui porque vivo para te servir
Serve?
Aqui é cafofo Bob!!!
É ne$$e cafofo quente que ele$ vêm $e contaminar Bob
Tudo acontece e ele$ acham que vai $er assim Bob
Deixar na$ costa$ da gente
Porque não pa$$am de indecente$
$em saber que o povo $ente
$ente arrepio de$$e tipo de gente
Pode $er do Cunha ao Pre$idente
Ma$ a verdade é que eu can$ei
Can$ei de ser incomodado
Ma$ também de $er acomodado
$e Deus qui$er não vou votar mai$ ne$$e tipo de gente
Preci$am da gente para depoi$ cobrar o excedente
Uma pátria sofrida e humilhada con$tantemente
Poi$ é Bob, ela também $e confunde frequentemente
Que é preciso agir como gente e largar do egoí$mo
Que con$ome e$$a gente
E$$a! do Cunha ao Presidente
Ma$ a hora de você$ vai chegar
Mero$ poderoso$ incompetente$
$em falar que você$ não vão con$eguir ga$tar dignamente
E$$a dinheirama que levaram da gente
O povo $ofre e de repente
Acorda e percebe que i$$o
Não pode $er para sempre
Que cla$$e é e$$a que não passa de talento$
Talento$ sem pudor
Que levam o pão de muita gente
Preci$am $epultar o caixão de muita gente
E$$a gente! do Cunha ao Presidente
Talento$ adquirido$ de pai para filho
De Prefeito$ a outro$ tanto$ talento$
Que aparecem aqui con$tatemente
Sempre precisando de um PRE$ENTE
A verdade da metade
Por uma metade a essência do homem torna-se completa e satisfeita
Dessa metade que é a banda do homem chama-se mulher, a primeira metade do destrambelhado, a outra metade é o próprio desmantelo
Destes dias, a expectativa da metade era a ponderação da razão, ou simplesmente a leveza da tarde de verão que emplacaria o exagero do emocional
Certa metade era sua essência, tal como a dama da noite, exalando seu perfume ao anoitecer, discreta ao não se ver
Essa metade exalava intensidade, olhos negros e cheiro que entranhava até a alma
Espírito ingênuo trocou sua pequena distração pela malícia da metade, quando se viu a metade já era o seu trilhar
A pequena metade contemplava à incessante busca da verdade da outra metade
A outra metade queria adivinhar o que faria sem sua metade, afinal duas metades era a sua verdade
De um modo ou de outro, as metades são essências da mesma revolução
Uma metade é libertação, a outra é amor
Laços e traços
O diferente é o nosso traço
Apesar de ser a metade quase tudo de um único laço
Esse laço que fazemos por todos os lados
Seja você com sua magia ou eu com os meus colapsos
Esse laço que despertou
Todas as metades desse compasso
Você suave vindo de um lado
Eu agoniado te recebendo em meus braços
Formosura e luz de todos os lados
Uma morena que me encantou
Já nos primeiros amassos
Deliciosa e educada
Enriquece-me todos os dias com bons papos
Moleca José
Maria, que cantinho de olhar é esse que faz eu pirar
Pirar na nossa vontade de experimentar
Experimentar e contemplar as belezas da vida refletidas no seu olhar
Olhar e lembrar da ingenuidade no seu caminhar
Caminhar esse que um dia a malícia irá brotar
Brotar no seu coração o discernimento quando necessitar
Necessitar de tudo que aquilo que fui capaz de te mostrar
Mostrar que a vida é da cor que a sua imaginação quiser pintar
Pintar ou rabiscar, dessa vez prefiro só admirar
Soneto dos Raros Olhos
Olhos predestinados daquela morena
Me desperta os olhos da morena
Olhos negros daquela morena
Cor de amêndoas são os olhos da pequena
São os olhos raros daquela morena
Penetram à minha alma como um poema
Distantes, ao longe vejo os olhos da morena
Pertos, ofuscam o meu dilema
Lembrança dos olhos da morena
Vívidos, se ajustam ao meu esquema
Companheiros, olhos meus até morrer
Sublimes como minha amada
Seus olhos, meu caminho para valer
No infinito dos seus olhos, minha morena, minha toada