A.D. Sertillanges
Os atletas da inteligência, como os atletas do desporto, têm de prever privações, longos treinos e tenacidade por vezes sobre-humana. Precisam de se dar de alma e coração à conquista da verdade, visto que a verdade só presta serviços a quem a serve.
Reduzam suas atividades sociais. Recepções, programas que implicam novas obrigações, cerimoniais de boa vizinhança, todo um complicado ritual de uma vida artificial, que tantos mundanos amaldiçoam no íntimo, não são compromissos que digam respeito a um intelectual. A vida social é fatal para a ciência. A idéia e a ostentação, a idéia e a dissipação são inimigas mortais. Quando se pensa num gênio, nunca vem à mente uma imagem dele participando de um jantar.
A ambição ofende a verdade eterna quando a transforma em sua subordinada.
Os grandes homens nos parecem ter uma grande ousadia; no fundo, eles são mais obedientes que os outros.
A pureza do pensamento exige a pureza da alma: eis uma verdade geral que nada poderá abalar.
Aceitar-nos tal como somos é obedecer a Deus e preparar para nós vitórias seguras.
Toda réstia de luz pode levar ao sol; toda passagem aberta é um corredor para Deus.
Os guizos da publicidade só tentam os espíritos fúteis. A ambição, que quisesse subordinar a si a verdade eterna, ofendê-la-ia. Brincar com as questões que dominam a vida e a morte, com a natureza misteriosa, talhar-se um destino literário e filosófico à custa da verdade ou fora da dependência da verdade, constitui um sacrilégio.
Coisa notável, o verdadeiro intelectual parece escapar a estas tristezas da idade que infligem a tantos homens morte antecipada. O intelectual é jovem até ao fim. Dir-se-ia que participa da eterna juventude da verdade. Amadurece geralmente muito cedo, mas conserva-se ainda na pujança de vida quando a eternidade o vem recolher. Esta esquisita perenidade, lote dos santos, faz suspeitar que a essência da santidade e da intelectualidade seja a mesma. Com efeito, a verdade é a santidade do espírito; conserva-o, do mesmo modo que a santidade é a verdade da vida e tende a fortificá-la para este mundo e para o outro. Não há virtude sem crescimento, sem fecundidade, sem alegria; também não há luz intelectual sem que estes efeitos dela derivem. Sábio (sapiens), etimologicamente, quer dizer que tem gosto ou discernimento, e o discernimento é um só, compreendendo a dupla regra do pensamento e da ação.
O intelectual é jovem até ao fim. Dir-se-ia que participa da eterna juventude da verdade. Amadurece geralmente muito cedo, mas conserva-se ainda na pujança de vida quando a eternidade o vem recolher. Esta esquisita perenidade, lote dos santos, faz suspeitar que a essência da santidade e da intelectualidade seja a mesma. Com efeito, a verdade é a santidade do espírito; conserva-o, do mesmo modo que a santidade é a verdade da vida e tende a fortificá-la para este mundo e para o outro.
A amizade é uma maiêutica; extrai de nós os nossos mais ricos e íntimos recursos; abre as asas dos nossos sonhos e dos nossos pensamentos obscuros; controla nossos juízos, experimenta nossas ideias novas, conserva o ardor e inflama o entusiasmo.
O pensamento apoia-se nos fatos como os pés no chão, como o doente nas muletas.
Agir sem entregar-se inteiramente à ação não é agir como homem, e nem o repouso do homem, nem sua instrução, nem sua formação podem resultar disso.
As ideias estão nos fatos; estão também nas conversações, nos acasos, nos espetáculos, nas visitas e nos passeios, nas leituras mais banais. Tudo contém tesouros, porque tudo está em tudo, e um certo número de leis da vida ou da natureza governam tudo o mais.
Um pensador é um filtro em que a passagem das verdades deixa sua melhor substância.
"Humilhai-vos diante de Deus; desconfiai de vosso julgamento, buscai corrigir vossas faltas; em seguida, permanecei firme como o rochedo açoitado pelas ondas."
"É preciso entregar-se de corpo e alma para que a verdade se entregue. A verdade serve apenas aos seus escravos."
"Não é, de forma alguma, pelo o que há em nós de individual que temos acesso à verdade: é em virtude de uma participação no universal. Este, que é ao mesmo tempo verdade e bem, não podemos honrá-lo como verdadeiro, unir-nos intimamente a ele, descobrir seus traços, nem experimentar seu domínio, sem o reconhecer e servir igualmente como bem."