Autoestima
Promover nas pessoas um sentimento de culpa por si mesmo, é uma das maneiras de escravizá-las e de frear o próprio desenvolvimento delas.
Somos desenhados pela vida e nossa meta deve ser de aprimorarmos e destacarmos certos traços e não de anularmos a nossa verdade.
Pouco adianta proclamarmos mudanças, faz-se necessário que nos tornemos, na práxis, as próprias mudanças proclamadas.
Quem não mantém a mente aberta ao novo e ao mundo das possibilidades de vir a ser, está fadado a um estado intelectual vegetativo.
É preciso que tenhamos coragem de NEGAR a tudo que nos rouba energia e nos distrai do que é importante de fato para nossa vida.
Não procures saber como os outros podem te ajudar, mas sim como tu mesmo poderás sair da situação em que, na maioria das vezes, tu mesmo colocaste-te.
Na vida, nosso maior adversário se trata de nós mesmos, por isso precisamos nos superar dia após dia.
Não é porque a maioria vira à esquerda ou à direita na estrada da vida, que este é o melhor caminho a se seguir.
A mudança começa com um simples passo; dê o primeiro, atravesse se necessário, e surpreenda-se com o que pode alcançar.
Muitas vezes o obstáculo é uma oportunidade disfarçada; transforme desafios em conquistas. Não se esbarre as barreiras e nem se embarace nos fios. Algo novo te espera!
São muitos os desafios que servem de trampolins para as conquistas de amanhã. Mas cada passo te leva mais perto do seu destino.
Ode à imperfeição
Ah! Aqueles cabelos... Insistiam em permanecer bagunçados, mesmo nos melhores dias.
Ou aquelas sardas que espalhavam ferrugem sobre a pele tão delicada.
Mas ele tinha aquele jeito solto de andar que dava vontade de se jogar na estrada ao seu lado.
E ela aquele sorriso de dentes brancos e presas salientes.
Quando gargalhava, o quarteirão inteiro ouvia.
Quando se movia, tudo que não estivesse fixo ia ao chão.
Aquele nariz assimétrico combinava-lhe tão bem com a assimetria do pensamento.
E a bagunça no seu quarto refletia-lhe bem os tormentos da alma.
Mentia às vezes, para ser conveniente.
Exagerava às vezes, só para parecer mais interessante.
Jogava-se sem medo, ou apesar do medo. E não se arrependia, apesar da dor.
Esquecia a cautela em casa, junto com os documentos do carro.
Chorava amargamente. Até a primeira piada.
Ria em hora errada.
Esquecia datas importantes. Mas sabia o porquê de ser importante lembrar.
A dieta sofria boicote. A vida é tão curta para se privar.
O corpo era cheio de curvas. Contra a luz, novas curvas se revelavam.
Às vezes ela se escondia, envergonhada. E disfarçava um jeitinho de apagar a luz.
Ele não sabia a hora certa de parar de brincar. Como se houvesse hora certa para parar de brincar.
Aquele estilo confuso, mas pronunciado, sempre louvava os excessos.
Ele falava demais. Significava de menos.
Ela falava de menos. Significava demais.
Tinha mil assuntos inacabados. As tarefas não chegavam ao fim.
Ele terminava. Mas não começava muito.
Apegava-se demais aos objetos alheios e não suportava deixa-los para trás.
Esmigalhava pacientemente a erva ao final do dia. Seu pequeno ritual de relaxamento.
Tinha mania de completar frases alheias. Havia tanto a ser conversado ainda.
Saia de casa em horários diversos, só para burlar a rotina.
E bebia e dançava como se amanhã não fosse outro dia.
Sentia pena de todas as estórias de amor que deixava de viver.
Escapava da lei dos homens, vez e outra, só para se sentir dono da lei.
Em meio a tantas coisas imperfeitas, quanta perfeição há!