Autossuficiência
O homem deve bastar-se a si mesmo, isto é, não depender dos outros para nada ou para o mínimo possível, as pessoas em sua autossuficiência precisam não ter necessidade de nada de que venha de outras pessoas.
Não é que eu seja autossuficiente, mas é que às vezes estou tão bem comigo mesmo que não sinto falta de outra pessoa.
Sempre me mantive em uma posição forte, sendo autossuficiente, completamente independente. Se algo me machuca, eu digo que não tem importância, ignoro a dor e sigo meu caminho...
Dentro de mim, a coisa é completamente diferente!
Eu sou leve, frágil e tudo o que alguém faz, deixa uma marca. Eu me levanto e me reconstruo e me torno inteira novamente, mas algumas vezes, raras, alguém consegue levar um pequeno pedaço de mim, mas ainda assim, eu sei fingir que está tudo bem.
A ignorância é fruto de uma mente embotada pela autossuficiência, enquanto que o erro é a consequência natural da atitude de quem trilha o caminho em busca do conhecimento e da verdade.
O amor consegue extrair de mim a carência, a ilusão de autossuficiências, a solidão maciça, o consumo de bebidas alcoólicas exacerbada para suprir vazios. O amor consegue me dá escolhas, possibilidades e aventuras. O amor negocia os prazos, e confina meus fatos. Tudo que um dia se fez falta o amor tirou de mim. O amor tenta se sentir quando há dor, tirou-me a solidão e o perder.
AUTOSSUFICIENTE
Nascemos na ditadura, sem computador, com uma só religião e gênero definido, onde a moral era o valor máximo da sociedade e a profissão o ideal a ser buscada, a memória como uma virtude, aprendendo com o professor e se relacionando com várias etnias, a realização estava no coletivo cooperando com o outro, com baixa exposição de sua vida privada, cumprindo horário com calma e buscando o contato pessoal, fazendo o dever, o dinheiro era tido como consequência do trabalho realizado, sofrendo como condição de chegada ao céu e nos sentindo insuficientes. Hoje estamos na democracia sem saber votar, com um computador na mão sem saber usar, com várias religiões sem prática nenhuma, o certo e o errado é relativo, aprendendo só, com nossa memória no bolso, com intolerância a outras etnias, buscando o prazer individual e sexualidade a qualquer custo e agora como se não houvesse o amanhã, com sua profissão mudando a cada acordar e com o dinheiro como principal objetivo estimulado pela competição como se todos fossem capazes de alcançá-lo, fazendo seu próprio horário com muita pressa, evitando o contato pessoal, buscando-o a distância, com alta exposição da vida privada e se sentindo autossuficiente. Que tal buscarmos um meio-termo?
Deus é contrário ao orgulho e a autossuficiência, mas se alegra da humildade e da singeleza de coração. Como é triste constatar que, começando pelas lideranças, a maioria dos cristãos professos está muito mais perto das práticas que Deus rejeita do que das que Ele se agrada.
A autossuficiência que, em tese, seria capaz de gerar um estado de felicidade, não está na satisfação dos prazeres, nem no contentamento com pouco, mas tanto em saber desfrutar a abundancia, quanto superar as necessidades, na falta dela.
A pessoa que se acha autossuficiente, que acha que não precisa de amigas, que acha que a amizade não é essencial, é uma pessoa egoísta. Porque esse tipo de pessoa vive como se a vida fosse só para ela, sobre ela e mais ninguém! E Jesus não nos ensinou isso: Ele teve seus companheiros ou será que viveu sempre só?
Acreditei por tanto tempo no conceito de que "mulher deve ser autossuficiente", ainda acredito, mas essa regra tem prazo de validade.
A sua vida anda chata, você não aguenta mais estudar, você não suporta olhar pra cara do seu chefe, você não quer mais a vida que sempre levou. Quase que lógico que ao chegar em casa o que você quer é alguém te esperando, pra te dar carinho e te fazer feliz. Pra, quem sabe, só poder estar contigo por duas horas na calçada da sua casa, as duas horas mais felizes do seu dia, tragicamente, as únicas que você sorriu com sinceridade.
Quando suas amigas estão solteiras, o dinheiro tá sobrando e a vida tá tranquila, nos declaramos autossuficientes, sim! Queremos curtir os dias sem a coleira, mas quando deitamos a cabeça no travesseiro, ela pira e os pensamentos vão de encontro a quem queremos e que, mal sabemos porquê, não está do nosso lado.
Ilusoriamente lembramos daquele perfume, sentimos aquele beijo, suspiramos com as palavras ao pé do ouvido e sim, estamos deitadas em nossas camas sozinhas, perdidas em noites, esperando que alguém se materialize a direita.
Eu saio de casa, maquiada e perfumada, decidida a mudar, e a mulher que volta pra casa se vê no espelho uma palhaça, que baixou a cabeça pra uns, foi alvo de outras, perdeu a força no bolso e quando foi procurar não estava mais lá.
E então, ridiculamente, finjo uma felicidade, me mostro sempre com bondade, alego que só quero amizade.
Chego nessa conclusão enquanto o ônibus me leva de volta pra casa, e quando desço, vejo você na minha calçada e me dou conta que, por pelo menos mais alguns minutos eu vou me render a minha fragilidade, pois se quando durmo não posso ter você ao meu lado, que seja assim: faz de conta que é errado!
A autossuficiência é o limite entre a sabedoria e o fracasso. Somos o que somos graças ao que aprendemos. A vida é uma lição interminável, renovando-se a cada minuto. No fantástico universo da comunicação, é impossível ser indiferente aos desafios. Alegrias, decepções, conquistas e derrotas; tudo faz parte da eterno aprendizado. Só assim, saberemos diferenciar o amargo do doce e a vitória terá sempre um sabor especial.
Finjo ser autossuficiente, mas ainda sorrio quando lembro - silenciosamente - o barulho que já fizemos.
Eu não quero ser a cópia de uma mulher adulta que acha que é mais autossuficiente do que é realmente...
As aparências enganam, eu não sou tão autossuficiente quanto pensam, quão menos, quanto dizem. Não mesmo. Vivemos no planeta Terra, somos humanos e os humanos erram, os humanos, por extinto, precisam um dos outros e tem sentimentos. Não pensem que eu sou diferente. Bem-vindos a minha vida.
Mulher autossuficiente é aquela que, além de viver dos seus próprios recursos, sabe que se esconder em palavras, poemas e pensamentos herméticos e parabólicos para terminar um relacionamento é se esconder do simples olho no olho, que perpassa apenas o motivo direto e objetivo (por que).