Ausência
Deus não existe. Se Ele existisse seria apenas mais um objeto. Deus antecede a existência, assemelha-se mais ao invólucro que a agasalha, a nascente de onde sai o filete da vida. A linguagem é limitada. Só é possível a teologia no terreno da analogia. Deus não se encaixa num exemplo mais amplo, porque se encaixasse, o gênero do qual Ele se tornaria membro seria maior do que o próprio Deus. Todo esforço linguístico sequer toca nas bordas da divindade. Sem Ele “nada do que foi feito se fez”.
A qualquer momento, quando estiver desprevenido, Deus pode vir e pedir algo que balançará os alicerces daquilo que imaginara para a minha vida. Quando não estiver esperando, poderei ser surpreendido pelo “Não temas!”. A questão não é como Ele vem, mas como eu respondo ao chamado.
Tudo começou com uma palavra, um gesto, um abraço, um afago, um carinho.
E finalmente um beijo.
Criatura fragilizada, em pedaços, sentiu-se segura em seus braços.
Ela não poderia se envolver, mas ela o desejava.
Ela já não podia mais resistir, mas ele a seduzia.
Ele prometeu juntar os cacos, jurou amor eterno.
Em meio a ilusão, desejo e sedução, finalmente ela se entregou...
Sem medo, sem escrúpulos, sem limites, só queria ser feliz.
Foi se envolvendo numa teia e quando viu já não podia mais sair.
Presa fácil e frágil.
Ele mostrou-se voraz, feroz, covarde, dominador, aprisionador de almas...
Abusou, torturou, agrediu; quanta dor sentiu.
Quanto mais ela tentava sair mais ela se embaraçava, se enrolava, se machucava.
A teia tornou-se arame, de arame tornou-se barra de ferro, prisão fria e dolorosa.
Ela retorceu-se na prisão mental, gritou, chorou, sangrou e pagou um preço alto pra sair de lá.
E ainda continua presa na teia mental, mesmo fora daquele mundo criado a partir de uma ausência.
Permita-me participar de suas vidas como se a minha presença significasse tanto quanto a minha ausência.
DELETE
Acredito que o tempo e a distância são os melhores mestres..., através deles podemos conhecer, aprender e discernir.
Num mundo onde as pessoas são esquecidas, as amizades estão desnecessárias e os amores são rapidamente substituídos, o que mais podemos esperar?
Nada!
Senão a opção "Delete"
Delete o que não te faz feliz.
Delete o que não te traz paz.
Delete quem não se lembra.
Delete de sua vida a pouca importância.
Os abraços de urso.
E o carinho barganhado.
Delete o prazer sem o mérito da conquista.
A Ignorância do ego ferido.
Delete pessoas, pensamentos e lembranças.
E diante do descaso, delete até a esperança.
Delete a incerteza e a ansiedade pelo futuro.
O rancor e mágoas passadas
Transforme as promessas falidas
Na real convicção de uma vida descomplicada .
Rê Pinheiro
A dor é mesmo inevitável
A lembrança de ti
A lembrança de nós
Como eu quero ouvir sua voz
Como eu quero sentir seu coração
Como eu quero sentir seu calor
Tudo isso tem o seu valor
Ainda que pra mim seja esse horror
Uma lágrima rouba a cena
Me engana e me chama
Pra uma realidade que não quero enxergar
Quero mesmo é me alegrar
Mas como?
Se essa alegria não combina com sua ausência
Eu sei, eu me basto
Mas também sei eu te quero
Quero ser sua
Quero ver a lua
Quero atingir o êxtase
Você sabe, eu não espero
Mas mesmo assim eu te quero
Não deixa essa vida passar
Vem me amar
Deixa de falar
E vem calar
Minha boca com a sua
Me mostra o caminho
Se desnuda pra mim
Que eu to mesmo afim
De ser feliz
15/02/2013
E por esse amor que sinto dentro do meu coração, desejo encontrar alguém que me tire um sorriso de vez em quando, que durma e acorde comigo, que me diga que sente minha falta ao telefone.
Eu tento, não entendo, teus sinais não compreendo.
Não sei o que quer dizer quando me toca.
Não sei o que pensa quando me olha.
Não sei o que sente quando vou embora.
Me perco no tempo e confundo o que se foi com o agora... Foi-se embora?
Está de volta?
Saudades te trouxe à minha porta?
Na lama me joga e na ausência se joga, o que faço?
E agora? Entendo teus sinais, agora, foi-se embora...
Você parece tão dona de si
E eu, tão dono de nada
Sua cabeça parece nem estar aqui
E a minha, sempre preocupada
Seu silêncio parece magia
E o meu, pura covardia
Seu abraço parece seleto
E o meu, tão incompleto
Sua presença parece notada
E a minha, sempre evitada
Suas palavras parecem ajudar
E as minhas, alguém machucar
E nessa eterna dissonância
Vamos tomando distância
Sem saber onde vai dar
Sempre neste dia sinto esse vazio no peito,
Quase como um imenso vácuo que sufoca a garganta e aperta minhas entranhas.
Um buraco negro que suga toda a alegria.
Como eu gostaria,
Gostaria que o tempo fosse só uma ilusão
Que pudesse acordar e ver que tudo não passou de um sonho.
Um sonho não, um pesadelo.
A sua existência vazia é pior que pensar que não existia.
Ter vivido com sua ausência,
Ter ouvido ou lido suas cartas de puro ódio,
Nada disso deveria me afetar,
Mas afeta, dia após dia.
Ainda que eu veja um sorriso seu,
Ainda que me esforce pra sorrir de volta,
Ainda que meus frutos te amem,
O tempo não retorna.
Eu não o tive como deveria,
Sua presença rara só trazia dor,
Agora, ainda que amadurecida eu esteja,
ainda que seja possível entender,
Infelizmente, toda a dor insiste em bater e bater,
De novo e de novo.
Gostaria que o tempo fosse só ilusão
E nada disso tivesse se passado.
que eu fosse filha de um pai amado,
Que eu fosse filha de alguém pra me proteger.
Mas, o tempo não vai voltar,
Eu não voltarei.
Sua ausência na minha vida, por minha ausência na sua, se perdeu também.
Ainda ouço longe o toque do amor. Os acordes harmoniosos da sua presença se contradizem com a estupidez da sua ausência. Toda ausência é burra, quando as atitudes não combinam com a vontade. Mas a gente continua buscando o tempo, falando com a solidão, maltratando o coração. E o violão quebra a corda, o piano desafina, a sinfonia perde o ritmo e o maestro se despede; fecham-se as cortinas. O som se cala e o amor chora. Nada mais ouço além do som da partida. Nada mais vejo além de palco vazio, de uma vida sem música.
Sentir a sensação órfão é
avassaladora.
Um tipo desapego, mas com pertencimento.
A carência ancestral no íntimo é desnorteadora.
Ausência no existir, fuga sem consentimento.
É a escassez no âmago da alma.
Baby, baby, fiquei afastado por várias vezes
Mas eu não espero que tu me atenda ou me aceite
Saiba que uns segundos parecem meses sem você
(Orochi)
A abundância da oferta nos faz confortáveis. É na escassez que se conhece todo o potencial ou a ausência dele.