Ator
Os bichos dentro de mim
Renato Lima
Em memoria Hamilton Vieira
Saindo daquele estado deplorável de magoas e feridas doloridas, percebi que dentro de mim também saia larvas de expiações e emoções continuas, deixando me levar por uma luz azulada
E também continua que rodeava meu ser, entrei em um estado também de leveza.
Havia crimes e perguntas indecifráveis que refazia meu interior, eu monologava comigo no ato de desperdiçar as ultimas gotas de perguntas contidas em meu passado.
Já ali naquela zona de medo e desespero irracional avistei todos os amores que um a um me abraçaram ouvir versos de – Te amo, meu amor, percebi que sou amado absurdamente amado.
Avistei águas mansas sobre meus pés, e uma brisa que soava sobre meus ouvidos como a voz doce de Alanis... E a cortina suave das mãos de dona Maria, e aquele sol brilhante lembrava-me o sorriso de um velho e preto amigo que me acompanhara em minha caminhada envergadura.
Os bichos que havia dentro de mim saiam desolado, porem rindo de alegria como quem estavam também se libertando de outrora sofrimento por me corroer.
Eles os bichos também já não aguentavam mais aquela carne podre que era eu, uma dieta um tanto insatisfatória pra eles.
Seguindo rumo ao conhecido lago de luz, vi uma linda mulher vestida de luz, uma luz que permitia meus olhos ainda sôfregos a se acostumarem com tanta veemência.
Outra aba de luminosidade abriu se dilacerando como que um laço de nó branco estendia-se sobre um pátio também luminoso.
Meu Deus onde eu estou como uma unção se multiplicasse e um anjo guiasse meus pés a um lugar sagrado.
Eu vi o senhor, alegrias e alegrias puderam levitar com mais outros seres iguais a mim.
Pra onde eu fui naquela noite de quarta feira, Quando percebi a luz do sol a entrar pela janela do meu quarto? Não sei, sei que minha visão foi restaurada e os bichos que viviam dentro de mim foram libertos.
Não sei quem fazia mala quem, só sei que eles correm soltos por ai, e eu brilho.
A raiz da timidez está no julgamento. Desde pequenos somos condicionados a atuar dentro de um padrão estabelecido pela sociedade, onde sair desse padrão é errado e assim, aos poucos, vamos deixando de tentar/falar/opinar.
ATOR NILO DEYSON
Sou muitos em mim e todos se assentam a mesa comigo. Sou exatamente um espírito sensível, na arte de sentir, interpretar no teatro da vida todas as formas de amar, seja qual for, amar é defender um porquê.
Um Ator da Vida!
Não é alguém que vive representando, em todo tempo, ser algo que não é;
É alguém que vive a vida, como se uma peça de teatro fosse;
Vive cada momento como se fosse um verdadeiro espetáculo;
Para ele o mais importante não é a plateia;
Pois ele vive com o elenco, e para o elenco;
Tragédia é quando se perde, de forma triste, parte do seu elenco;
E nesta hora ele para, e espera que fechem-se as doze cortinas ao seu redor;
Para retirar a animada máscara, sem que haja quem pergunte por ela;
Ele sabe que é necessário se vê no espelho;
Deixar rolar as lágrimas até se tornarem em novas cicatrizes;
Refazer-se é preciso, pois o autor do espetáculo, é aquele que o mantém de pé;
Um novo elenco surge, e o ator da vida jamais será o mesmo;
Agora, com uma nova máscara, cobre as indesejáveis cicatrizes;
A plateia espera e a plateia é ele mesmo;
Abrem-se as enormes doze cortinas e ele está de volta;
Pois o show não pode parar, e o espetáculo, tem que continuar!
Quanto ao elenco que se foi, fica a esperança, de um dia voltar a dividir outros palcos na vida;
Do que vale a inútil certeza de existir um amanhã,
se agrido e mato o vivo suspiro que se expressa no hoje!
Sempre quis
Lá no fundo, sempre sonhei com tal dia
Em que alguém me faria usar da ousadia
Para agir e realizar o que nunca faria
Esperava que existisse em algum lugar
Alguém que tivesse vontade de mudar
E ir além do que poderíamos pensar
O que quero é simples, não é fantasia
Agora não posso tocar, mas sei que brilha
Igual faz a lua nessa noite fria...
A melhor maneira de estragar um bom presente, é não abrir a embalagem!
E a pior maneira de preserva-lo, é mantê-lo na embalagem!
Quanto mais conheço pessoas, menos jugo e mais acredito.
Do lado de fora existem outros, e os outros são como nós, os outros somos nós, os outros estão em nós e fazem parte de nós, os outros existem e eu não sou só eu!
Não somos os únicos. Em cada pessoa a mais do que um rosto, uma roupa, uma cor, um tamanho, um jeito ou uma idade,... Há uma história digna de ocupar outra história.
Amar o próximo hoje e agora, amanhã seremos sempre amados!
O que nos separa é apenas o silêncio.
O silêncio é como uma pomba
depois do tiro.
Não há silêncio maior
do que uma pomba
colorida pela morte.
O que nos separa é a distância.
A distância nada mais é do que
uma saudade sem remédio.
Não há saudade maior
do que o definitivo.
O que nos separa
é a falta de palavras.
As palavras são como
dois grandes
olhos satisfeitos.
Não há maior palavra
do que um olhar de amor.
O que nos separa
é esta agonia.
Esta agonia
é como uma árvore
cortada pelo homem.
Não há agonia maior
do que uma árvore tombada.
O que nos separa
é a canção pela metade.
Uma canção pela metade
é como uma criança
que não chega à vida.
Uma canção inacabada
é uma criança morta.
Vê? São poucos
os motivos
que nos separam.
Por isso este silêncio
e o silêncio é como
uma pomba depois do tiro.
Não há silêncio maior
do que uma pomba
colorida pela morte.
Eu sou um jovem sem muito lugar na sociedade em que vivo.
Sou romântico e não gosto de coisas padronizadas.
Sou, por exemplo, um cara que prefere
plantar rosas e cultivá-las
a contratar um jardineiro.
As águas claras da lagoa mais próxima
estão tão distantes da minha sede
Que eu resolvi negociar
com a tempestade.
Há uma uva cinza, uma rosa verde, uma cebola perfumada
Uma criança consciente e meu abraço amigo
Pra quem pode acreditar na vida!