Assédio Moral
Ela não sabia que no perdão mina a liberdade roubada dos outros. Piedosa, deixava sempre um punhado das suas rejeitadas culpas.
E seguia sem perdoar-se, minando culpas, em busca de novos guardiães.
Nada é mais imoral que o moralismo pois ele tenta subtrair o indivíduo de seu próprio ser. Fazendo que ele se ajuste a um ideal metafísico que se justifica pelo mero apelo a tradição e manutenção de costumes, muitas vezes os tratando como sagrados, perpetuando em sua prole preconceitos anti progressistas. Preconceitos esses que se convertem em instrumento para a própria escravidão do indivíduo moralizado.
Pergunta o moralista se na luta de classes contra o capitalismo, são permissíveis todos os meios: a mentira, a falsificação, a traição, o assassínio? Respondemos: são admissíveis o obrigatórios apenas os meios que aumentam a coesão do proletariado, inflamam sua consciência com um ÓDIO INEXTINGUÍVEL para com toda forma de opressão, ensinam-lhe a desprezar a moral oficial e seus arautos democráticos, dão-lhe pela consciência de sua missão histórica e aumentam sua coragem e sua abnegação.
A absoluta falta de noção dos significados e efeitos da virtudes morais e éticas, só não é pior do que a constatação de que elas faliram!
"Para ser um grande santo é preciso ser um grande cristão, e para ser isto é preciso ser grande homem". O fio condutor para estas grandezas em ordem pragmática é conduta moral ilibada.
Todos os atos que cometemos quando crianças, que não são penalizados ou advertidos de acordo com a justiça, reverberam para sempre na fase adulta em meio a sociedade.
Triste é o país que confunde privilégio com mérito, pobreza com incapacidade, voluntarismo com Justiça; que enaltece a riqueza obtida por meios nem sempre dignos e desdenha daquele que, por ter-se mantido honesto, não acumulou bens materiais. Pobre é o país que vê uma espécie de fraqueza moral na compaixão; que encara os direitos humanos, a educação e a ciência como males a serem combatidos, e que enxerga na crueldade, na arrogância e no desprezo ao semelhante uma expressão de autenticidade, coragem e franqueza. Passei a vida ouvindo uma antiga lenda de que o Brasil era um país rico. Hoje, constato que o Brasil é rico sim, e talvez o mais rico país do mundo, mas em falsos valores e, principalmente, em pobreza de espírito.
Odebrecht.
O que restará de mim e de minha existência?
Não crendo mais em meu próprio ser.
Pela sagacidade dos dias.
Dos vossos lírios prateados.
Em vossos templos consagrados.
Velados, a sombra de honrarias?
Ah, céus!
Que espécie de engenhoca mecânica sou eu?
Boneca de carne e dentes!?
Não crendo mais em minha própria humanidade.
E no vigor da minha gente?
Carne educando carne.
Civilizando carne.
Que saboreia da própria carne?
Carne vossa de cada dia, exposta no mercado dos desejos...
O que restará de mim e de minha consistência?
Da carne da minha carne.
Da vossa carne!
De toda vida selvagem influenciada pelo ‘id’ da violência!?
Das mortas almas soterradas pelo fundo, de um fundo.
Pela projeção fantasma do mundo.
Que só valoriza a casca da divergência?
O que restará de mim e de toda existência...
Na lista dos mais “ajuizados” ditadores da história?
Em nome da ética.
Do moral.
Da soberania.
Na lista dos melhores condutores de bons exemplos.
Entre todas as lutas, derrotas, vitórias.
Eis aqui, a estrutura de vossas almas, em nome do orgulho nacional.
Sem nunca sequer permitir-se ser um ser em sua totalidade.
Se não, um meio ser esquartejado pelo antigo gancho das velhas fábricas da vulgaridade.
Eis aqui, humanidade!
A carcaça e sua essência:
Um fígado, um pulmão, um coração...
Enfim, o todo - inconsciência.
Arranca-os e toma os para ti!
Em nome dos direitos humanos e de todos os ideais de liberdade.
Ó, humanidade!
Para o homem é mais conveniente matar a consciência a obedecê-la, eliminar o que não lhe agrada a dar-lhe a atenção devida.
"Nada pior, que ter o conhecimento e não poder por em prática, devido as inúmeras ilegalidade na qual a sociedade está submersa."
Quando um ser humano tem mais solidariedade com quem comete transgressões do que com quem sofre a transgressão, significa que sua moralidade cívica está corrompida.
O mundo caindo em pedaços, catástrofes, pandemia, morte, sofrimento, corrupção, superpopulação, decadência moral.
Humanidade: Vamos reproduzir
Por mais que você aprenda falar o necessário e expressar claramente grandes verdades, não faltará quem distorça sua fala com base numa moral reduzida.
Nosso Brasil Contemporâneo está cheio de pessoas fingindo ser heróis; sem virtudes, sem coragem, sem altruísmo e sem ato moral.
Mas por fim, com um grande atributo; exercem controle sobre o individuo.
Como dizia o ministro de propaganda Nazista, Joseph Goebbels.
- Uma mentira dita mil vezes torna-se verdade.
A MENINA E O CACHORRO
Crônica em versos
Uma criança brinca com um cachorro
no meio da praça.
Na praça do Patriarca,
foi lá que eu vi.
Entre cinco e seis anos de idade,
tinha a criança.
Igualmente jovem era o animal.
A garota abraça, beija,
se desmancha em carinhos...
O cachorro retribui lambendo animado
o rosto da menina.
Os dois caem,
rolam no chão.
A menina ora por cima do cão,
ora por baixo.
Alguns pedestres param,
observam, riem, tiram fotos,
maravilhados com a beleza da cena.
Outros, apressados,
submersos em seus problemas,
incapazes de enxergar o mundo a sua volta,
passam sem nada perceber.
Uma mulher se aproxima,
Afaga a cabeça do cachorro.
A menina se levanta,
fica de pé, imóvel, séria.
Em sua seriedade,
o esboço de um sorriso enigmático,
quase imperceptível,
me fez lembrar Mona Lisa.
Com o olhar fixo na mulher
acariciando o pequeno animal,
a menina parecia esperar sua vez
de também receber carinho.
A mulher, no entanto, se levanta,
faz um último carinho no cão, arruma a blusa,
ignora a criança e vai embora,
diluindo o sorriso de Mona Lisa da menina,
que a acompanha com o olhar desapontado.
Eu, que a tudo assistia, pensei:
"Eh! Infelizmente é assim que nós estamos agora!