Asas
Eu vejo sua verdade. Não adianta vesti-la de boa moça.
Pode guardar os laços e vestidos de voal. Tira esse chapéu charmoso que esconde o vidrado dos teus olhos.
Enfia tudo num baú, naquele mesmo onde você guarda a maquiagem de camuflar solidão e os perfumes que abafam cheiro de culpa.
Ah, a culpa! Ela some com seu estômago e lhe dá concreto no lugar. E de longe se vê que ali vai alguém que leva mais do que aguenta carregar.
Vem cá, sobe no cavalo da liberdade, vamos fugir do tsunami em direção a montanha mais alta. Onde o sol é dourado e as corujas fazem ninhos. Onde fadas iluminam a noite e um toque de varinha mágica faz todo esse concreto virar pó.
Um jacu entrou na minha casa
Pobre jacu,
Assustado gritava como alma condenada
Via ali o seu trágico fim
Perdido, não encontra a saída que existia
Grande, indicando a liberdade
Mas o bicho desesperado não percebia
Até que,
Atirando-se como se suicida fosse
Rompe asas nivelando o voo,
Veloz e retesado
Rompendo os fios da cerca do jardim
E,
"Salvo por um triz"
Deve ter pensado.
As asas sempre me inspiram:
há dias de altos vôos
e outros de vôos rasantes
mas o que conta mesmo
é o sentimento de liberdade
impresso nelas.
Aquele menino que driblava certo com as pernas tortas
Tinha um olhar diferente
Chave de todas as portas: Sua maneira inocente
Caçando passarinho
No esplendor da natureza
Garrincha voa, pobrezinho
Exibindo sua beleza
E num gramado iluminado
Iluminadamente ele está
Deixando muito “João”
Sentado na grama pra descansar
O mundo inteiro gritou e agora grita de novo
“- Garrincha, Garrincha, a alegria do povo”
Hoje Garrincha voou nas asas da solidão
Mas a camisa que ele suou
Não tem substituição
Nossos corações pararam
Na parada de seu coração
Não tem mais bola no pé
Ele já não pisa no chão
Uma coisa eu grito com fé, garra e emoção
“- Garrincha era Mané, mas nunca foi João”
Voando sobre as asas do tempo
respirando toda positividade que o céu me trás
O vento sopra a melodia da criação
O universo em total sincronia e minha mente em harmonia!!
Anjo
Anjo da escuridão, procura-me pelo jardim de flores mortas...
Pelo tempo que não existe, pelas lagrimas que ainda não foram derramadas.
Anjo da escuridão, derrotado pela solidão, anjo que vive nas sombras.
O anjo que por todo o tempo busca o que nunca encontrou, o que nem sabe o que é...
Veja já não há mais luz na alma que um dia apenas brilhava,
Já não há amor no coração de quem tanto amava.
Perdido no eterno vazio, frio, em seus pensamentos tudo não passa de meras lembranças de uma vida que talvez nunca existiu.
Foge de seus inimigos, mais jamais derrotará a si próprio, guerreiro sem armas, anjo escuro de asas negras.
Paz e guerra de seu próprio mundo.
Sossego e amargura de sua própria alma.
Vive sem remédio, sem cura, mas continua, e busca pelo que nunca encontrou, o que talvez nunca irá encontrar.
Senta, observa os pássaros
Percebe que eles cantam
Percebe que é musica pura.
Mostrando a beleza da vida
No bico e no bater de asas
De uma pequena criatura.
Tenho dúvida se minhas asas são imaginárias pois, já escapei os pés do chão...
Me senti levitando muitas vezes por um simplório esboço de sorriso. Visitei lugares incríveis, me diverti de formas inenarráveis e já apresentei um monólogo para uma plateia poética. Já fui minha própria luz em meu quarto escuro e brilhei borboletas pelas paredes!
Quando rompemos o ego
quebramos uma casca
e percebemos que todos
somos Um com o Divino
e criamos nossas asas!
Acreditar, lutar é o caminho real de viver. E vivemos, construindo laços. Se amanhã cada um voar para o seu ninho, tudo bem, cada pássaro obedece a rota e suas asas.".
Borboleta asas de cetim
voando de flor em flor
com tuas vestes carmim
espalhas doce o teu amor!
E quem te vê numa lente
é artista sem igual
vê-te como um presente
no seu mundo especial!
Desconfio que além de miraculoso o amor tenha asas, dessas que nos envolvem inteiros tamanha a proteção que traz consigo.
Hoje entre os meus achados e perdidos, no fundo de uma gaveta, encontrei empoeirada, as asas da liberdade, me pedindo pra voar .