As vezes as Pessoa q mais Amamos

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Eu imagino que seja algo de família. Tudo que amamos, nós fazemos virar cinzas.

SEJA VOCÊ MESMO

Porque muitas vezes, magoamos quem mais amamos? Porque muitas vezes machucamos quem mais nos amam? Porque todos erramos, talvez? Não. Essa é apenas uma desculpa pra fugir daquilo que aconteceu e tentar amenizar as coisas. Muitas vezes fazemos algo por impulso, sem pensar, o que acaba nos trazendo consequências graves, horríveis. E você tem que correr atrás daquilo que foi perdido. Talvez seja coisa do destino, ou não. Às vezes arranjamos desculpas fúteis e esdrúxulas para argumentar e tentar reparar nossos erros e isso não é bom. Nada se repara com desculpas ou pedidos de perdão. Algumas feridas ficam abertas, e precisam mais do que um simples pedido para cicatrizarem. Na maioria das vezes, o que mais funciona, são atitudes, gestos, mudanças. Não que qualquer mudança, no seu modo de ser ou de agir, ofusque o seu erro. Pelo contrário. Se você está disposto a mudar, para ser alguém melhor, mude. Mas se está mudando a pedido de alguém para poder ser aceito num círculo social, esqueça, essa é a maior prova de que você está errando, mais uma vez...

Amamos, sofremos, choramos, sorrimos, amamos, sofremos, ... geralmente é nessa ordem.

Nunca nos achamos tão indefesos contra o sofrimento como quando amamos.

Na vocação para a vida está incluído o amor, inútil disfarçar, amamos a vida. E lutamos por ela dentro e fora de nós mesmos. Principalmente fora, que é preciso um peito de ferro para enfrentar essa luta na qual entra não só o fervor, mas uma certa dose de cólera, fervor e cólera. Não cortaremos os pulsos, ao contrário, costuraremos com linha dupla todas as feridas abertas.

Lygia Fagundes Telles
A disciplina do amor. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

Nota: Trecho do conto Da vocação.

...Mais

Abrir mão do que amamos, do que queremos, do que esperamos e do que planejamos é como abrir mão de um pedaço que faz parte das nossas vidas. Mas acredite! A vida é isso. Coisas boas, vem e vão, e o destino do Homem é saber administrar tudo isso de forma sábia e com coragem. Pois, para tudo existe um porque e para todo porque uma dúvida que nunca acaba.

Quando amamos alguém, nossa única certeza é que vamos sofrer.

Amamos de um modo imperfeito. Nem sempre acertamos.

Quando não podemos ficar junto
de quem realmente amamos, o amor
passa a ser apenas mais um sonho
não realizado.

"Temos esse poder. O poder de dar significado as pessoas que amamos"

Não amamos as pessoas porque elas são bonitas, mas nos parecem bonitas porque as amamos.

Injustiça é o mundo prosseguir assim mesmo quando desaparece quem mais amamos.

Sentir o amor das pessoas que nós amamos é um fogo que alimenta a nossa vida.

A distância faz a gente sentir saudade de quem amamos, mas o tempo e a coragem nos fazem seguir em frente em nossa vida.

É verdade:amamos a vida,porque estamos acostumados não à vida,mas a amar.

O ANDAIME
O tempo que eu hei sonhado
Quantos anos foi de vida!
Ah, quanto do meu passado
Foi só a vida mentida
De um futuro imaginado!

Aqui à beira do rio
Sossego sem ter razão.
Este seu correr vazio
Figura, anônimo e frio,
A vida vivida em vão.

A 'sp'rança que pouco alcança!
Que desejo vale o ensejo?
E uma bola de criança
Sobre mais que minha 's'prança,
Rola mais que o meu desejo.

Ondas do rio, tão leves
Que não sois ondas sequer,
Horas, dias, anos, breves
Passam - verduras ou neves
Que o mesmo sol faz morrer.

Gastei tudo que não tinha.
Sou mais velho do que sou.
A ilusão, que me mantinha,
Só no palco era rainha:
Despiu-se, e o reino acabou.

Leve som das águas lentas,
Gulosas da margem ida,
Que lembranças sonolentas
De esperanças nevoentas!
Que sonhos o sonho e a vida!

Que fiz de mim? Encontrei-me
Quando estava já perdido.
Impaciente deixei-me
Como a um louco que teime
No que lhe foi desmentido.

Som morto das águas mansas
Que correm por ter que ser,
Leva não só lembranças -
Mortas, porque hão de morrer.

Sou já o morto futuro.
Só um sonho me liga a mim -
O sonho atrasado e obscuro
Do que eu devera ser - muro
Do meu deserto jardim.

Ondas passadas, levai-me
Para o alvido do mar!
Ao que não serei legai-me,
Que cerquei com um andaime
A casa por fabricar.


Fernando Pessoa

É um campo verde e vasto

É um campo verde e vasto,
Sozinho sem saber,
De vagos gados pasto,
Sem águas a correr.

Só campo, só sossego,
Só solidão calada.
Olho-o, e nada nego
E não afirmo nada.

Aqui em mim me exalço
No meu fiel torpor.
O bem é pouco e falso,
O mal é erro e dor.

Agir é não ter casa,
Pensar é nada Ter.
Aqui nem luzes (?) ou asa
Nem razão para a haver.

E um vago sono desce
Só por não ter razão,
E o mundo alheio esquece
À vista e ao coração.

Torpor que alastra e excede
O campo e o gado e os ver.
A alma nada pede
E o corpo nada quer.
Feliz sabor de nada,
Inconsciência do mundo,
Aqui sem porto ou estrada,
Nem horizonte no fundo.

Que suave é o ar!
Como parece
Que tudo é bom na vida que há!
Assim meu coração pudesse
Sentir essa certeza já.
Mas não; ou seja a selva escura
Ou seja um Dante mais diverso,
A alma é literatura
E tudo acaba em nada e verso.

Tão abstrata é a idéia do teu ser...

Dobre - Peguei no meu coração...

Quem te disse ao ouvido esse segredo...

Abdicação: Toma-me, ó noite eterna...

Dorme enquanto eu velo... deixa-me sonhar...

Põe as mãos nos ombros... beija-me na fronte...

Ao longe, ao luar, no rio uma vela...

Sonho. Não sei quem sou neste momento...

Contemplo o lago mudo que uma brisa estremece...

Gato que brincas na rua como se fose na cama...

Não: não digas nada!

Vaga, no azul amplo solta, vai uma nuvem errando...

O Andaime: O tempo que eu hei sonhado...

Sorriso audível das folhas...

Autopsicografia: O poeta é um fingidor...

O que me dói não é o que há no coração...

Entre o sono e o sonho...

Tudo o que faço ou medito fica sempre na metade.

Tenho tanto sentimento que...

Viajar! Perder países!

Grandes mistérios habitam o limiar do meu ser...

Fresta: Em meus momentos escuros...

Eros e Psique: Conta a lenda que dormia uma princesa...

Teus olhos entristecem. Nem ouves o que digo...

Liberdade: Ai que prazer não cumprir um dever...

Hora Absurda - O teu silêncio é uma nau...

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

(...)

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.