Às Vezes
Crianças precoces e velhos imaturos há bastantes em certos estados em que o mundo por vezes se encontra.
É por vezes mais fácil formar um partido do que ascender, pouco a pouco, à chefia de um outro já formado.
Muitas vezes a fortuna saúda-nos sem obter resposta; muitas vezes, porém, saudamos a fortuna sem ela nos responder.
A boa sorte dos homens é muitas vezes o maior inimigo que possam ter, pois frequentemente os transforma em seres maus, levianos, insolentes. Porém, é mais difícil para um homem resistir a ela do que às adversidades.
Os nossos atos só aparentemente são efémeros. Por vezes, as suas repercussões perduram por séculos. A vida do presente tece a do futuro.
Muitas vezes é preciso mais coragem para enfrentar as futilidades do que para lutar contra abusos graves.
Não poderás vencer a morte. Mas impõe-lhe a vida como um bandarilheiro e verás que muitas vezes ela marra no vazio.
A nossa razão torna-nos por vezes tão infelizes como as nossas paixões; e pode dizer-se do homem, quando isso acontece com ele, que é um doente envenenado pelo próprio médico.
Toda a verdade e todo o erro, se repetidos mil vezes, tendem a converter-se no seu contrário. Apenas pela razão de nos fatigarem.
O entusiasmo é um gênero de loucura que conduz algumas vezes ao heroísmo e muitas outras a grandes crimes e malfeitorias.
Não adoro o passado
não sou três vezes mestre
não combinei nada com as furnas
não é para isso que eu cá ando
decerto vi Osíris porém chamava-se ele nessa altura Luiz
decerto fui com Isis mas disse-lhe eu que me chamava João
nenhuma nenhuma palavra está completa
nem mesmo em alemão que as tem tão grandes
assim também eu nunca te direi o que sei
a não ser pelo arco em flecha negro e azul do vento
Não digo como o outro: sei que não sei nada
sei muito bem que soube sempre umas coisas
que isso pesa
que lanço os turbilhões e vejo o arco íris
acreditando ser ele o agente supremo
do coração do mundo
vaso de liberdade expurgada do menstruo
rosa viva diante dos nossos olhos
Ainda longe longe essa cidade futura
onde «a poesia não mais ritmará a acção
porque caminhará adiante dela»
Os pregadores de morte vão acabar?
Os segadores do amor vão acabar?
A tortura dos olhos vai acabar?
Passa-me então aquele canivete
porque há imenso que começar a podar
passa não me olhas como se olha um bruxo
detentor do milagre da verdade
a machadada e o propósito de não sacrificar-se não construirão ao sol coisa nenhuma
nada está escrito afinal
Muitas vezes o amado desencadeia a força lentamente acumulada no coração daquele que ama. O amor é uma coisa solitária. É esta descoberta que faz sofrer.