Às Vezes

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As pessoas são muitas vezes escravas da sua arbitrariedade, mesmo em si próprias; mas é espantoso que elas saibam tão raramente aplicar a sua vontade.

O livre pensamento não passa muitas vezes de uma crença, que nos dispensa da fadiga de pensar.

Os homens, para não desagradarem aos maus de quem se temem, abandonam muitas vezes os bons, a quem respeitam.

Ambicionando o louvor e admiração dos outros homens, provocamos frequentes vezes a sua inveja e aversão.

É muito mais contrário ao pudor ir para a cama com um homem que se viu apenas duas vezes, depois de três palavras em latim na igreja, do que ceder, mesmo contra a própria vontade, a um homem que se adora há dois anos.

O mistério em que envolvemos os nossos desígnios revela muitas vezes mais fraqueza do que discrição, e com frequência prejudica-nos mais.

Duvida de tudo pelo menos uma vez, mesmo que seja da sentença: duas vezes dois são quatro.

Embora os homens se gabem dos seus grandes feitos, estes, muitas vezes, são consequência, não de um forte desígnio, mas do acaso.

Acontece muitas vezes que somos estimados na proporção em que nos estimamos a nós mesmos.

A memória é muitas vezes a qualidade da estupidez; ela caracteriza geralmente os espíritos pesados, os quais torna ainda mais pesados, mercê da bagagem com que os sobrecarrega.

Não há homem, por santo e virtuoso que seja, que não se sinta por vezes cocegado pelos atractivos do pecado.

Às vezes desperdiçamo-nos: o nosso verdadeiro desejo é deixar de viver exclusivamente para nós próprios.

A sabedoria não cria o gênio, mas oferece-lhe, por vezes, oportunidade para se revelar.

É verdade que, por vezes, os militares, exagerando da impotência relativa da inteligência, descuram servir-se dela.

Passamos muitas vezes do amor à ambição, mas nunca regressamos da ambição ao amor.

Um homem inteligente pensa uma vez antes de falar duas vezes.

Robert Benchley
My Ten Years in a Quandary (2021).

O hábito é que me faz suportar a vida. Às vezes acordo com este grito: - A morte! A morte! - e debalde arredo o estúpido aguilhão. Choro sobre mim mesmo como sobre um sepulcro vazio. Oh! Como a vida pesa, como este único minuto com a morte pela eternidade pesa! Como a vida esplêndida é aborrecida e inútil! Não se passa nada, não se passa nada. Todos os dias dizemos as mesmas palavras, cumprimentamos com o mesmo sorriso e fazemos as mesmas mesuras. Petrificam-se os hábitos lentamente acumulados. O tempo mói: mói a ambição e o fel e torna as figuras grotescas.

Um grande homem é aquele que morre duas vezes. Primeiro, como homem; e depois, como grande homem.

Ao analisar os fatos históricos, evita ser profundo, pois muitas vezes as causas são bastante superficiais.

O basilisco do ciúme é, às vezes, o galvanismo dos corações regelados e mortos pelo tédio.