Às Vezes

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Poucas vezes quem ganha o que não merece, agradece o que ganha.

Muitas vezes digo à vida: não me dês tanto, para que não me possas levar tanto.

Ao querermos, enganamo-nos muitas vezes. Mas quando nunca queremos, enganamo-nos sempre.

Há que, na medida do possível, prestar favores a todos: quantas vezes não precisamos de quem é menos do que nós.

Esta é a mão
que às vezes tocava
tua cabeleira.

Mar infinito
três vezes bendito
traz meu filho...

Em matérias e opiniões políticas os crimes de um tempo são algumas vezes virtudes em outro.

Não é verdade que o sofrimento enobreça o espírito; por vezes a felicidade fá-lo, e o sofrimento a maior parte das vezes torna os homens mesquinhos e vingativos.

Os velhos são duas vezes crianças.

Há males na vida humana que são preservados de outros maiores, e muitas vezes ocasionam bens incalculáveis.

Nada se desperdiça tantas vezes e inexoravelmente como as oportunidades que se nos revelam todos os dias.

A paixão transforma, muitas vezes, o mais hábil dos homens num louco e torna muitas vezes mais hábeis os mais tolos.

O fardo do casamento é tão pesado que são precisos dois, para carregá-lo, e, por vezes, três.

Muitas vezes a juventude é repreendida por acreditar que o mundo começa com ela. Mas a velhice acredita ainda mais frequentemente que o mundo termina com ela. O que é pior?

Em arte a beleza é muitas vezes o feio mitigado.

Sonho Oriental

Sonho-me ás vezes rei, n'alguma ilha,
Muito longe, nos mares do Oriente,
Onde a noite é balsamica e fulgente
E a lua cheia sobre as aguas brilha...

O aroma da magnolia e da baunilha
Paira no ar diaphano e dormente...
Lambe a orla dos bosques, vagamente,
O mar com finas ondas de escumilha...

E emquanto eu na varanda de marfim
Me encosto, absorto n'um scismar sem fim,
Tu, meu amor, divagas ao luar,

Do profundo jardim pelas clareiras,
Ou descanças debaixo das palmeiras,
Tendo aos pés um leão familiar.

Antero de Quental
Os Sonetos Completos de Antero de Quental

O pensamento é o consolo e o remédio para tudo. Se às vezes vos faz mal, pedi-lhe o remédio para o mal que vos causou, e ele vos dará.

Fazer vinte vezes, recomeçar a obra, poli-la constantemente, poli-la sem descanso.

Vamos passando, passando, pois tudo passa. Muitas vezes me voltarei. As lembranças são trompetas de caça, cujo som morre no vento.

Muitas vezes a utopia de um século torna-se a ideia vulgar do século seguinte.