Artista
A música muda tudo ao nosso redor.
Prepara o ambiente, melhora o humor, redireciona os pensamentos, sentimentos e até nossas vidas.
Escolha bem, suas músicas e seus artistas.
“No Brasil, é quase impossível viver de arte.
Mais difícil ainda é manter-se ‘vivo’, depois de morto.”
Quase um ano sem a sua presença física, minha mãe.
Tão querida, tão amada!.
Você continua comigo, nas manhãs, quando eu acordo e imagino o seu sorriso. No café que você fazia, nos risos que haviam...
Você continua aqui em mim, e enquanto eu existir,
você vai estar. E as tardes vazias, repletas da sua falta...
Sabe mãe, os dias de chuva são os mais difíceis pra mim.
É quando a saudade realmente me incomoda.
Mas tudo bem, vou seguindo em frente, com alegria, sem ter a mesma alegria...
Na verdade, o que eu sei, a certeza que tenho, é que você está guardada para sempre no meu coração. E isso me acalma, e por enquanto me basta.
O tempo que confere voz e ritmo à natureza, silenciou a paisagem urbana.
“Ouvir o ruído das pinceladas nas paredes envelhecidas” - talvez nossos sentidos só consigam perceber o passar do tempo através das camadas de tinta – a jornada do olhar, a arte percorrendo passado/criação, presente/percepção e futuro/imaginação.
Olhar, fotografar, editar, criar, expor. O processo percorre o tempo.
O olhar que atravessa a lente, frágil sentido humano, deseja enxergar através das paredes, mas não o faz, adota um critério oposto ao usual: em vez de conceber a arte com elementos da realidade em termos de imaginação, revive a realidade como se fosse arte. O processo percorre o tempo.
O tempo como contexto da constância, os blocos de concreto, a imobilidade ao ver o tempo passar, a intransponibilidade das portas e janelas que detém o controle entre o transparente e as várias camadas de imaginação. Um novo olhar e o processo percorre o tempo.
Atravessar o pensamento, sem mecanismos, sem previsões, a imaginação do artista ao retratar o momento, e mesmo o planejamento que determina a precisão do clique. O processo percorre o tempo.
Por um momento, pensei num filme no cinema, que é composto de uma sequência de imagens paradas. Mas porque são projetadas sucessivamente em alta velocidade, temos a impressão de movimento contínuo.
O tempo passa ou o processo percorre o tempo.
Sempre tive a estranha sensação de que o tempo não passa, nós é que passamos, nos movimentamos.
A sensação de que o tempo foi mais uma dessas grandezas filosóficas criadas para preencher o espaço, outro gigante inexplicável e infinito.
Platão disse que o tempo passava, o infinito não.
Afinal, não fomos nós que criamos o tempo, para medir algo imensurável? Criamos divisões, espaços direções, como criamos uma bússola, Norte, sul, leste e oeste não são infinitos se desconsiderarmos limites?
Seria o tempo a bússola do infinito?
Por um momento então imaginei meu próprio corpo, que depois de ganhar camadas de tinta, num processo chamado passado, passa a perdê-las, entre o presente que já se foi ao piscar dos olhos, e um futuro que nunca chega, porque quando chega é o fim, para então ser o recomeço.
Perdendo camadas de tinta, talvez exponho minha história, como os edifícios contam pelo que passaram ao se deteriorarem. Camadas e camadas de tinta, e percebo que de concreto só que o que foi vivido, e de incerto as questões que esse pincelar, pictorizar, desencadeiam na imaginação. A imaginação, é afinal, o futuro. O processo percorre o tempo.
A fotografia, como arte, é a nova chance da paisagem, o recomeço. Norte e sul podem ser infinitos, se servirem apenas para apontar a direção e não para definir onde chegar. O tempo, bússola do infinito aponta a velocidade, não o fim. O processo percorre o tempo.
Resistência
Quando me cortaram as mãos
usei a boca para escrever;
Quando me arrancaram os dentes
usei meus pés para escrever;
Quando me arrancaram os pés
usei meus olhos para escrever;
Quando me cegaram
usei meus cabelos
para com eles fazer um pincel
a fim de pintar
o que já não me deixavam mais escrever!
Nós, escritores, temos que falar bem. Se eu não falasse bem, eu seria um péssimo escritor. Um péssimo artista.
A fotografia registra momentos que, de outra maneira, se perderiam no tempo. A arte, porém, grava o que antes só se podia sentir — e agora se pode ver.
Jorge Guilherme: Voz e Alma
Nas noites quentes da juventude,
Ecoava um canto forte e vibrante.
Um homem, um sonho, uma atitude,
Um artista, um astro, um amante.
De alma leve, mas de passos firmes,
Um batalhador que nunca cedeu.
Derrubou muralhas, venceu os medos,
Da dúvida e da dor, e não se perdeu.
Sua voz é vento que sopra a paz,
É fogo que arde em cada canção.
No palco, sua alma dança,
Explodindo em notas de emoção.
Humilde, leal, um homem de fé,
Que nunca se curvou ao destino.
Seguiu cantando, venceu de pé,
Fez da luta seu hino divino.
E quando a música toca no peito,
Revivo os dias, os palcos, o som.
Pois cada acorde carrega o jeito
De um gigante que canta no tom.
Das herméticas magias a arte é a mais antiga e a mais sobrevivente, a verdadeira alquimia do transmutar todos os nossos melhores sonhos em realidade. Encontramos ela no desenho que na magia do traço que transforma se em tranquilo oceano e em um suave firmamento, encontramos na música na nota que em conjunto ou pausadamente invade nossa alma por suavidade, encontramos na poesia e na dramaturgia na palavra que transforma se em cena, mais que um ato distante no palco espalha se na quarta parede como um intimo abraço. Afinal encontramos a alquimia da arte em todos os passos da vida e muito além da própria vida quando mortificamos à morte e transmutamos o fim derradeiro em um novo e próspero começo, tempo mágico de recomeçar pois somos magos, artistas, palhaços e alquimistas, do mundo do faz de conta e todos nossos sonhos venceram a verdade, o fatalismo e a tosca realidade.
A herança, o objeto e o legado artístico e intelectual é da família, mas, na grande maioria das vezes, erra o artista que permite a nociva mistura do emocional e amoroso familiar funcional dentro do seu processo criativo profissional.