Artista
Borboleta asas de cetim
voando de flor em flor
com tuas vestes carmim
espalhas doce o teu amor!
E quem te vê numa lente
é artista sem igual
vê-te como um presente
no seu mundo especial!
Na arte o hiato é sempre o fato inesperado de um diferente pensamento que vira um movimento gestual autônomo que corta o ato continuo, interrompe a cadencia repetitiva e previsível dentro da mais obvia resolução da criação na atmosfera gravitacional criativa. Comumente chamado entre os artistas de toque e retoque de mestre.
Cada obra de arte é criada para o mundo pelo seu criador mas ela em si particularmente escolhe privilegiadamente cada qual que será o seu maior e melhor admirador. Lembre se que cada uma delas é única e quando encontra o proprietário certo proporciona uma melhor qualidade de vida para quem a possui, para o lugar onde está e muitas vezes vai se tornando para o colecionador o mais lucrativo investimento econômico e financeiro sem qualquer comparativo de ganhos reais a tudo que se conhece no mercado patrimonial. Dinheiro traz riqueza mas nunca ouvi falar em nenhuma grandiosa fortuna que não tivesse o seu lastro garantido e agregado em um rico acervo de obras de arte.
Eu gosto de ter meus próprios pensamentos, é como se eu pintasse um cenário mesmo que haja um artista que o pintou, até porque cada artista tem uma característica e mesmo que seja o mesmo cenário, a pintura não fica igual, pode até ficar parecida mas não igual.
O tempo que confere voz e ritmo à natureza, silenciou a paisagem urbana.
“Ouvir o ruído das pinceladas nas paredes envelhecidas” - talvez nossos sentidos só consigam perceber o passar do tempo através das camadas de tinta – a jornada do olhar, a arte percorrendo passado/criação, presente/percepção e futuro/imaginação.
Olhar, fotografar, editar, criar, expor. O processo percorre o tempo.
O olhar que atravessa a lente, frágil sentido humano, deseja enxergar através das paredes, mas não o faz, adota um critério oposto ao usual: em vez de conceber a arte com elementos da realidade em termos de imaginação, revive a realidade como se fosse arte. O processo percorre o tempo.
O tempo como contexto da constância, os blocos de concreto, a imobilidade ao ver o tempo passar, a intransponibilidade das portas e janelas que detém o controle entre o transparente e as várias camadas de imaginação. Um novo olhar e o processo percorre o tempo.
Atravessar o pensamento, sem mecanismos, sem previsões, a imaginação do artista ao retratar o momento, e mesmo o planejamento que determina a precisão do clique. O processo percorre o tempo.
Por um momento, pensei num filme no cinema, que é composto de uma sequência de imagens paradas. Mas porque são projetadas sucessivamente em alta velocidade, temos a impressão de movimento contínuo.
O tempo passa ou o processo percorre o tempo.
Sempre tive a estranha sensação de que o tempo não passa, nós é que passamos, nos movimentamos.
A sensação de que o tempo foi mais uma dessas grandezas filosóficas criadas para preencher o espaço, outro gigante inexplicável e infinito.
Platão disse que o tempo passava, o infinito não.
Afinal, não fomos nós que criamos o tempo, para medir algo imensurável? Criamos divisões, espaços direções, como criamos uma bússola, Norte, sul, leste e oeste não são infinitos se desconsiderarmos limites?
Seria o tempo a bússola do infinito?
Por um momento então imaginei meu próprio corpo, que depois de ganhar camadas de tinta, num processo chamado passado, passa a perdê-las, entre o presente que já se foi ao piscar dos olhos, e um futuro que nunca chega, porque quando chega é o fim, para então ser o recomeço.
Perdendo camadas de tinta, talvez exponho minha história, como os edifícios contam pelo que passaram ao se deteriorarem. Camadas e camadas de tinta, e percebo que de concreto só que o que foi vivido, e de incerto as questões que esse pincelar, pictorizar, desencadeiam na imaginação. A imaginação, é afinal, o futuro. O processo percorre o tempo.
A fotografia, como arte, é a nova chance da paisagem, o recomeço. Norte e sul podem ser infinitos, se servirem apenas para apontar a direção e não para definir onde chegar. O tempo, bússola do infinito aponta a velocidade, não o fim. O processo percorre o tempo.
Em pedaços
Depois de algumas decepções, passei a crer em cicatrizes. Mas não naquelas que eu posso ver, essas sei que são reais. Aquelas que mesmo sem que eu saiba que estão ali, me torturam, me alertam, me proíbem, roubam sem dó todo o sentimento. Como um terrorista que esta disposto a tirar a própria vida por suas convicções.
Talvez nem sejam cicatrizes. São feridas, feridas abertas. Prontas para serem cutucadas em uma tortura sem fim.
Essa minha obsessão. Mesmo que me esforce minhas feridas parecem uma doença contagiosa. Um monstro que prolifera, e vai como uma avalanche torturando, decepcionando, machucando a todos. Mas eu não era assim.
Me ofereço como barro que pode ser moldado e se transformar em um belo vaso. Mas não me derrube, não me quebre em pedaços. Porque dificilmente conseguirá me colar, me deixar com a beleza de um novo. Se mesmo que quebrado você ainda me queira. Junte os pedaços e cole sem pressa. As vezes o mesmo sentimento que tinha ao me moldar o faça ter paciência para colar pedaço por pedaço, até que não sobre um farelo. Que mesmo com marcas, cicatrizes, ainda te de prazer ao pensar que foi obra tua.
Posso até tentar juntar os pedaços. Mas o artista nunca serei eu. Se hoje falo isso é por que sei que nada vai suprir a necessidade que tenho que cole o vaso que você quebrou, sem nenhuma dó deixou em pedaços.
Você é uma poesia.
Seus olhos contém a arte concentrada e pura, sem mistura.
Preciso parabenizar o artista que brilhantemente a criou. Mas, prefiro dizer para a criação, que ela é linda e já ganhou meu coração.
Ao darmos a Leonardo o rótulo de gênio, estranhamente o minimizamos, dando a entender que foi tocado por uma iluminação divina. (...) Na verdade, o gênio dentro de Leonardo era humano; tinha sido forjado por vontade e ambição próprias.
Ele era capaz de ver pássaros voando, mas também enxergava anjos; ou leões rugindo, mas também dragões.
A arte é catártica. É sonho, é respiro, passaporte para o extraordinário.Sem arte, o Ser implode, apenas sobrevive.
Dê a si mesmo permissão para ser um iniciante. Ao se permitir ser ruim, você passa a ter a chance de ser um artista e, talvez, com o tempo, se tornar muito bom.
Alguns sentem medo;
Eu? apenas seu cheiro;
Em faces? o constrangimento.
Calmo e astuto, porém imperfeito.
À palmos de um surto, conheço a mim mesmo.
Conheça te, mesmo que não faça sentido
Cresça e constate, o mundo não lhe dará ouvidos;
Aguce os sentidos, eu? venho das sombras.
Onde os inimigos, São além de pessoas.
Demônios corrompem, me fizeram abstrato
Mas isso foi ontem, Pertence ao passado.
E tudo aqui passa, mesmo olhares sem graça,
O que por si só nos mata, Aquecido em brasa
Espinho cortantes, rosa com sangue, fé no amanhã.
Branca de neve? veneno. não morda a maçã.
Sem conto de fadas, mas luta de espadas
Sem escudos e máscaras, o faiscar das adagas.