Artista
Canta o bom artista que a boa obra dispensa explicações, ainda assim, não deixarei de dizer do porquê do meu 'Para Sempre' ser você:
Pensava não merecia poder amar
Pensava não merecia ser amado
Pensava não poderia mais achar
Alguém que seguisse ao meu lado
Até que me peguei ao alto olhar
Até que às estrelas resolvi pedir
Até que os céus puderam ouvir
E desenharam o nosso encontrar
O encanto não foi a primeira vista
Nem amor acreditei poder existir
O encontro sim, obra de artista
Nem se quisesse, poderia desistir
Assim criamos o nosso universo
Verso, avesso, cheio de delícias
Assim somos e além do diverso
Versando o existir com carícias
Neste jogo só fazemos golaços
Vidrados na obra divina a enfeitar
Me deleito, envolto em teus braços
Chapados de amor por aceitar
Que no caminhar belas paisagens
Que a existência seja bem-vestida
Que nada pareça ser bagagem
Que Para Sempre seja a vida
É preciso um olhar de artista para notar que o fim da vida não difere de uma fruta madura tombando da árvore.
Como um artista que deseja explicar sua obra, o criador deseja que olhe para dentro de seus olhos sua obra mais perfeita, para enfim poder contar a história por trás. O que você é, e o que nasceu para ser, só é possível entender quando se encara a obra e convida o criador para explicar.
autoconhecimento clareza consciência pomba-branca
Toda arte deve pelo menos uma explicação — omitida de forma espontânea pelo artista — para que seja totalmente compreendida.
Eu tento separar o artista da obra; assim como um ateu, que pode contemplar a criação sem precisar acreditar no Criador.
Pra ser um bom artista, sinto que preciso ignorar minha autoimagem, deixando de perceber como as pessoas me percebem. Tenho que abrir mão da autoimagem, pelo bem da própria imagem. Se eu ficar preocupado com a autoimagem, eu abandono a imagem. E vice-versa. E no dia a dia, no relacionamento com as pessoas, eu só preciso me preocupar com a minha autoimagem.
Ser artista não é maldição. É uma “boadição”. Mas que ainda assim a pessoa carrega aquilo pra vida.
O que faz um escritor ou artista eternizar sua arte num determinado formato pré-estabelecido? O que o faz pensar que uma arte vai se tornar poema, ou vai se tornar uma crônica, ou uma música, ou uma simples frase? O que caracteriza que em um momento algo se torne um poema, e não uma crônica por exemplo?
O artista não morre se transforma em fração do infinito...
- Maestro Guilherme Vaz
POR AQUI PASSOU UM LOBO SOLITÁRIO
Quatro da tarde
O pranto indígena em prece
A dor açoita. O vento arde
O silêncio cresce, sem meça
Do choroso canto à parte...
Junta-se o coração em pedaços
Em sentidos lamentos à la carte
Gemidos partidos, sublinhados em traços
Do travador, mestre, da saudade em encarte.
“Por aqui passou um lobo solitário.”
Não foi mais um, foi um! Foi arte!
... foi vário.
“Ele está em todos lugares e em lugar nenhum.”
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
ao primo Guilherme Vaz.
bafios
eu era simplista
bastava a valeria
na agonia fui artista
poetando com maestria
na busca de conquista
baixas, também alegria
sem querer ser alarmista
no é fugaz, até a ousadia
abaixou a crista
e as dores em cortesia
fizeram da queixa ritmista...
e o dia, leveza vadia.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
8 de outubro, 2016
Cerrado goiano