Aquietai-vos e Sabei que eu sou Deus
Meu silêncio não é fraqueza, é dignidade.
Enquanto você preserva sua imagem, sou eu quem guarda verdades que poderiam destruí-la.
Não me provoque: meu calar é o favor que você nunca reconhecerá.
Egoísta
Eu sou uma pessoa egoísta.
Egoísta por querer sua atenção só pra mim.
Egoísta por desejar que você dedique
Todos os seus dias em favor de mim.
Egoísta por não me amar mais do que amo a ti.
Egoístapara mim e para ti,
Porque o que mais amo é te fazer sorrir.
Por querer teu corpo trêmulo
Entrelaçado ao meu.
Por querer tua respiração
Ofegante ao sentir toques meus.
Sou Egoístamesmo e que se dane.
Eu te quero aqui, neste instante.
Te quero pra sempre,
Sempre ao meu lado,
Porque amo me perder em teus abraços.
Egoísta, Egoístaeu sou.
Faz mal sonhar e ter ganância
Pelo teu amor?
E assim sou feliz nessa minha maneira egoísta de amar,
pois em te me inspiro a fazer poesias que me levam a delirar.
Por - Stela Nayra
MONÓLOGO
“Eu Sou Tereza, Eu Sou Quilombo
Por Eli Odara Theodoro
(Para o Julho das Pretas)
:
Axé…
Axé, minhas irmãs!
Eu cheguei.
Julho chegou.
E com ele, eu me levanto.
Não sozinha — nunca sozinha.
Me levanto com Tereza.
Sim, Tereza de Benguela…
Mulher preta, mulher quilombola, mulher rainha.
Liderança. Inteligência. Força política e amor pelo povo.
No século XVIII, quando mataram seu companheiro,
ela não fugiu.
Ela ficou.
Assumiu o Quilombo do Quariterê.
Criou um governo, um parlamento, uma resistência com nome de liberdade.
Ela sabia…
Que resistir era também amar.
Que ser preta, mulher e viva
já era um ato revolucionário.
E eu…
Sou continuidade de Tereza.
Sou Eli Odara Theodoro .
Mulher preta. Quilombola.
Mãe. Viúva. Educadora.
Filha da terra e dos tambores.
Minha pele carrega o barro da luta,
minha voz carrega as palavras que tentaram calar.
Como diz Beatriz Nascimento:
“O quilombo é um lugar de liberdade possível.”
E eu sou esse lugar.
Meus passos são quilombo.
Minha fala é quilombo.
Minha sala de aula, meu terreiro, meus textos, minha lida — tudo é território de reexistência.
Sueli Carneiro grita comigo contra o apagamento.
Lélia Gonzalez me lembra que o mundo é racista e tenta nos empurrar pra margem.
Mas nós somos centro!
Centro da cura, do cuidado, da criação.
Conceição Evaristo sussurra aqui dentro:
“Escrevivência…”
E é isso que faço.
Eu escrevo com o corpo.
Escrevo com as dores e alegrias que a vida preta me deu.
IBGE diz: somos 28 milhões de mulheres negras no Brasil.
Mas isso é só número.
Nós somos mais!
Somos as que levantam antes do sol.
As que dançam pra Oxum e marcham contra o racismo.
Somos as que cuidam dos filhos dos outros enquanto sonham com futuro pros seus.
Djamila Ribeiro me lembra:
“Nosso lugar de fala não é favor.”
É luta.
É direito.
Nilma Lino Gomes grita comigo:
Educação quilombola é território de sabedoria viva!
Não tem sala de aula mais forte que o chão de nossas comunidades quilombolas.
E como diz bell hooks:
Amar também é ato político.
Eu escolho amar quem sou.
Escolho amar os meus.
Escolho amar as mulheres que vieram antes,
e aquelas que ainda virão.
Hoje…
Eu não só homenageio Tereza.
Eu a convoco.
Tereza está em mim.
Tereza está em nós.
Porque, como diz Conceição Evaristo:
“Nossos passos vêm de longe.”
E eu completo:
Vêm de longe…
E seguem firmes.
De cabeça erguida.
Pés fincados na terra.
E o coração batendo no ritmo da ancestralidade.
Axé, Tereza!
Axé, Mulheres Negras!
Axé, Julho das Pretas!
Papai foi a minha base
Mamãe a sustentação
Se eu sou o que eu sou hoje
Tenho muita gratidão!
Sem eles como meu guia
Eu sei não conseguiria
Esta minha ascensão.
Gélson Pessoa
Santo Antônio do Salto da Onça/RN
10/08/2025
Sou eu a pessoa que você quis
Sou eu o amor que em sua vida fazia sentido
Sou eu também a pessoa que te quis
E quando um mais um foram dois
Eu precisei ser menos
Por entender
Que sendo um
Ja me sinto completo
E singular.
Eu sou um eterno escravo,
Escravo da minha liberdade,
Escravo da minha vontade,
Escravo da minha servidão,
Escravo de tudo,
Escravo da vida,
Escravo de mim mesmo.
Rogerio Germano
“Talvez eu seja mais do que supõem ou classificam. Sou, em parte, cúmplice da minha própria depreciação. Meus sonhos ainda aguardam matéria e proporção. Por enquanto, me percebo como subproduto das expectativas que criei. Talvez devesse celebrar mais as vitórias e me render menos ao peso das quedas. Talvez devesse habitar a autenticidade em vez do script imposto à minha estagnação.” - Leonardo Azevedo.
O segredo estar em olhar para dentro de si, se conhecer, saber e poder dizer eu sou isso, se é boa ou ruim, dizer com destreza, só assim se encontra a verdade conhecendo a ti mesmo, não é seguindo homens, escritos, mas seguindo a si mesmo, seguindo o que emana de dentro do seu coração.
Se conseguires conhecer a ti mesmo conhecerás a verdade que liberta.
EU SOU MULHER
“Ele compara para ferir.”
Mas eu não me deixo quebrar.
Sou feita de dor e força,
de queda e de recomeçar.
“Me deixa no chão — como se eu não valesse.”
Mas do chão eu criei asas.
Não sou falta, nem resto —
sou presença que não disfarça.
“Mulher inteira.”
É o que sou, sem precisar me calar.
Com alma que sente,
com voz que escolhe lutar.
Eu sou mulher —
não para caber em padrões,
mas para transbordar coragens
e romper comparações.
Eu sou aquilo que faço
E sou aquilo que vai além dos meus atos
Eu sou aquilo que falo
E também sou quando me calo
Sou aquele que diz de mim
Mas sou também aquilo que digo do outro
Sou aquilo que vejo
E sou meu olhar, me olhando
Sou aquilo que penso e aquilo que nunca pensei
Sou o que me conheço
E sou também o que me descubro
Sou aquele que vive e aquele que morre
Que lembra que é lembrado
Que sabe que foi inesquecível
Mas que esqueceu...
E foi também esquecido por alguém
E alguém que já esqueceu de si mesmo
E alguém que alguém nem conheceu
Sou aquele que erra e que acerta
Que sonha acordado e sonhando
Sou carne e alma ao mesmo tempo
Tenho nome e sou inominável
Sou homem e sou inomemnável
Sou aquele que chora
E aquele que ri
Sou aquilo que sou
E o que não sou
Diz também de mim
O que eu sou
Sou melancólica,
às vezes pura,
às vezes sedutora.
Minhas fases escuras
contaminam os outros:
ficam tristes,
se enojam de mim.
E eu pergunto:
que mal eu fiz
por ser assim?
Eu sou o vento, a correria sem fim,
Mil ideias na mente, dançando pra mim.
Um ser atentado, que a vida me chama,
E você, meu amor, é a minha calma.
Enquanto eu pulo, quebro e invento,
Seu olhar me serena, me traz o alento.
Um sorriso que acalma, um abraço que é lar,
Você me entende, me ensina a amar.
Não me julga, me aceita, me faz florescer,
Com esse seu jeito que me faz querer
Ser melhor, ser mais calmo, mas sem perder
A essência que me faz, Alessandro ser.
E no fim do dia, quando tudo acalma,
Seu amor é a paz que repousa na alma.
O atentado e a calma, num laço sem par,
Nosso amor é a força, que nos faz continuar.
