Aprender Ler
Vivemos em uma era onde a tecnologia pode ler tudo em sua mente, e mesmo assim o mundo está infestado de gente que odeia, mente e tenta ferir os outros. Se isso não é ilógico, o que é?
Mas, às vezes, estamos tão concentradas em achar nosso final feliz, que não aprendemos a ler os sinais. Como distinguir os que nos querem e os que não nos querem. Entre os que vão ficar e os que vão partir.
Quinta-feira
Depois de ler o poema “Cortar o Tempo” do meu amigo Drummond, me veio uma reflexão, a gente se vê em um momento da vida onde parece que algo novo não vai acontecer, caímos em uma mar calmo de acontecimentos repetidos, então cada dia que vai se esvaindo é apenas mais uma figurinha repetida para o nosso álbum incompleto. Na verdade parece que deixamos tudo para trás, deixando de buscar, conquistar ou almejar algo novo. Um sonho de mudanças diárias que não acontece que na realidade mais machuca o nosso verdadeiro eu. Nesse momento nos damos conta que a vida se tornou apenas rotina, onde os dias não marcados com lembranças, muito menos por bons sentimentos. Notamos que esses dias se passam e é só mais um numero ou apenas uma quinta-feira.
É preciso saber ler o corpo e entender as entrelinhas. Nem sempre sorrisos e covinhas resolvem tudo.
...passo no mundo, meu Amor, a ler no misterioso livro do teu ser, a mesma história tantas vezes lida!
Aprenda a ler nas entrelinhas pois a verdade muitas vezes esta em uma palavra que não foi dita, naqueles segundos de silencio antes de uma resposta ou naquele olhar que se esquivou furtivo.
Ando cheia de vazios ultimamente. Tentei comer alguma coisa, mas não era fome. Aí comecei a ler um livro, mas não era tédio. Tava precisando de alguém, só podia ser isso. Então fiquei com um cara, mas não era carência. Ou era tudo junto, não sei. Só sei que as coisas me enchem ou me faltam demais e eu não consigo achar um equilíbrio. Não tô dando conta de mim e ninguém mais dá também. Ás vezes ten
ho um corpo, ás vezes uma alma, mas nunca os dois. E pela metade assim não me basta, pouco nunca me roubou a solidão. Na cabeça passam mil filmes, tenho milhares de conversas comigo mesma todos os dias, ensaio falas que nunca são ditas, quase enlouqueço. Ou já enlouqueci. O coração vai batendo cansado, sem motivo pra acelerar. Talvez eu precise de alguém pra ocupar os pensamentos e todo o resto. Talvez eu só esteja em crise e precise melhorar minha relação comigo mesma, me conhecer mais a fundo. Ou conhecer novas pessoas, sair da rotina. Só sei que eu preciso de alguma coisa e preciso pra ontem. Me tira dos dias iguais, da medida de sempre, caminho de sempre, do nada. Me tira da linha, que eu sei o caminho de volta. Quem sabe eu volte em breve ou não volte mais.
Os que desejam tudo conhecer de uma ciência devem necessariamente ler tudo o que se ache escrito sobre a matéria, ou, pelo menos, o que haja de principal, não se limitando a um único autor.
Ninguém pode ler mentes.
Ninguém pode saber o que você sente se você não falar.
Ninguém vai saber se aquela brincadeira inofensiva magoou você se você não se abrir.
Ninguém vai saber que remédio lhe dar se você não disser os sintomas da sua doença.
Ninguém vai saber que você se importa se você não demonstrar isso.
Ninguém nunca vai saber...
Ama? Faça a pessoa perceber isso.
Se importa? Demonstre.
Sentiu saudades? Procure.
Está triste? Desabafe.
Está feliz? Compartilhe.
Está magoado? Converse.
Não sabe que caminho tomar? Peça conselho.
Está difícil carregar o fardo sozinho? Procure auxílio.
Magoou alguém? Se mostre arrependido, peça desculpas e tente não fazer mais.
A pessoa que você mais ama quer fugir? Convença-a a ficar.
Ela quer ir embora mesmo assim? Vá com ela.
Às vezes, as coisas são tão simples e somos nós mesmos quem complicamos tudo como se nada tivesse solução.
O oceano dos teus olhos
Você sabe muito bem que posso ler os teus olhos, melhor do que minha própria mente. Por mais que tente esconder acontecimentos ou sentimentos...eu posso ler você precisamente. E mergulho, no mais profundo oceano e finalmente aquecida, leve, nunca mais estarei só, por mais só que pareça. No oceano o tempo não passa, ou serei eu que não passa? Ambos passam! Eu não vejo. Não vejo o quanto cresço...não vejo se envelheço...não vejo as ondas com branca espuma, quebrando na praia, apenas ouço, apenas sinto. O mundo é o nada ao longe. Já não tenho consciência dele. Quero apenas o profundo amortecido, de um torpor abstrato, absoluto e o meu coração já não mais obedecerá, ficarei sem ar e o mar me levará, me arrastará, para à superfície nunca mais me entregar.
Ler por ler, fotografar por fotografar, ter amigos para não ser sozinho, comer para não morrer, viver por viver, morrer por merecer.