Aprender Ler
E hoje em plena segunda-feira resolvi juntar,
a poesia linda do Bráulio Bessa, de se admirar, ler, reler e no coração guardar.
Com a frase do Chico Pinheiro,
que nas segundas diz ao Povo Brasileiro
Coragem, pois a semana iniciou e hora de Recomeçar
E nunca mais voltar para um velho amor. Porque é como ler um livro muitas e muitas vezes quando você já sabe o fim da história.
Você pode tentar ler as letras rasuradas neste papel antes que as corrija mas você não sentirá o impacto dessas palavras antes d'eu dizê-las.
Mas, senhores, os que madrugam no ler, convém madrugarem também no pensar. Vulgar é o ler, raro o refletir. O saber não está na ciência alheia, que se absorve, mas principalmente, nas idéias próprias, que se geram dos conhecimentos absorvidos, mediante a transmutação, por que passam, no espírito que os assimila. Um sabedor não é armário de sabedoria armazenada, mas transformador reflexivo de aquisições digeridas.
A natureza é racional e revelará seus segredos àqueles que aprenderem a ler e a entender sua linguagem.
Sou um livro aberto, pode me ler à vontade, não tenho nada a esconder.
A tarefa difícil é me compreender nas entrelinhas, nas minhas subjetividades poéticas.
Eu sou assim mesmo, um poço de segredos. Uma carta gigantesca e tediosa que poucos querem ler. Tão complicada quando se diz há respeito do que sinto e ao meu jeitinho de ser. Ora feliz. Ora triste. Sou uma caixa fechada cheia de mistérios e surpresas. Sempre vou surpreender-te com alguma atitude inesperada. Sempre vou ser essa caixa difícil de abrir. Aprendi ser assim, difícil. Porque percebi que as pessoas gostam do difícil, gostam de querer ter o que não tem, e também dão mais valor ao que foi difícil de se conquistar. Gosto de inovar, o igual é cansativo demais. Não uso roupas de marca e nem a que está na moda. Uso apenas roupas e combinações que me agradam. Meu guarda-roupa contém mais shorts e calças jeans do que vestidos. Sei ser fria com quem merece, sei ser legal com quem me respeita, sei ser má com quem quer se fazer de espertinho perto de mim. Quando é para falar, eu falo mesmo e algumas vezes falo até o que não devia. Mas quando é para falar sobre o que sinto, sou um túmulo. Deixo tudo guardadinho bem no fundo para que ninguém veja, e se perguntarem, vão ter o meu silêncio como resposta. Não porque eu não quero dizer, - mesmo que em algumas vezes eu não queira - é que às vezes não sei como, me faltam palavras para descrever tanto sentimento acumulado, provocando tanta desordem neste meu coração mais que bagunçado e teimoso. Sim, teimoso. Quantas vezes avisei para não se apaixonar? Quantas e quantas vezes te disse para não se iludir? Várias, várias e várias vezes. Mas é como eu sempre digo, ninguém me ouve, nem mesmo meu próprio coração. Todos fingem serem surdos para não ouvir o que tenho à dizer. Já me acostumei com esse fato. Mas só porque eu não digo, não quer dizer que eu não sinta. Eu sinto, sinto mais do que deveria. Sinto pena, sinto vontade, sinto raiva, dor, saudade e sinto um amor enorme por uma certa pessoa que não posso ter por perto. Levo minha vida fazendo minhas maiores obrigações, respirando, sobrevivendo. E principalmente, fazendo todos a minha volta rirem. Porque isso é o que eu sei fazer de melhor, fazer quem amo feliz. Meu jeito sempre foi assim desde pequena, sempre tive esse jeito engraçado que fazia todos felizes. Quem me vê em alguma rodinha de amigos conversando, nunca irá imaginar que escondo um coração quebrado. E mesmo tendo esse coração quebrado nunca deixei de sorrir. Nunca deixei de sair para festas e me divertir. Gosto de diversão e bagunça, menos a bagunça dos meus sentimentos.
Durante toda a sua vida, havia acreditado que bastava uma pessoa ler muitos livros para ser capaz de resolver um problema. Agora, não tinha tanta certeza disso.
(...) Se não gostar de ler, como vai gostar de escrever? Ou escreva então para destruir o texto, mas alimente-se. Fartamente. Depois vomite. Pra mim, e isso pode ser muito pessoal, escrever é enfiar um dedo na garganta. Depois, claro, você peneira essa gosma, amolda-a, transforma. Pode sair até uma flor. Mas o momento decisivo é o dedo na garganta (...).
Aprende – lê nos olhos,
lê nos olhos – aprende
a ler jornais, aprende:
a verdade pensa
com tua cabeça;
Confere tudo. Faça perguntas sem medo
não te convenças sozinho
mas vejas com teus olhos.
Se não descobriu por si
na verdade não descobriu.
Afinal você faz parte de tudo,
também vai no barco,
vai pegar no leme um dia.
Aponte o dedo, pergunta
que é isso? Como foi
parar aí? Por que?
Você faz parte de tudo.
Aprende, não perde nada
das discussões, do silêncio.
Esteja sempre aprendendo
por nós e por você.
Você não será ouvinte
diante da discussão,
não será cogumelo
de sombras e bastidores,
não será cenário
para nossa ação.
Desde que parei de escrever, leio mais do que nunca. Palavras de outras pessoas, não as minhas. Minhas palavras se foram.
O que a literatura faz é o mesmo que acender um fósforo no campo no meio da noite. Um fósforo não ilumina quase nada, mas nos permite ver quanta escuridão existe ao redor.
A única coisa que separa os roqueiros do analfabetismo absoluto é a necessidade que ele têm de ler o manual de suas Mercedes.
Dia a dia ia-se agravando a minha secreta aversão por tudo aquilo de que se tira proveito. Ler e sonhar, estes narcóticos, eram os meus antídotos, mas as regiões onde são possíveis os atos pareciam-me definitivamente fora de alcance.
O que Lacan chama de um sujeito petrificado pelo significante é um sujeito que não faz quaisquer perguntas. A definição mais simples de um sujeito petrificado é a daquele que não se questiona sobre si mesmo. Ele vive e age, mas não pensa sobre si.