Aposentadoria
Ainda não nos escandalizamos com o farisaísmo político... Aquele que sempre propõe boas razões para enxugar as contas a partir de benefícios consagrados ao trabalhador, ao aposentado, ao enfermo e ao pobre.
Sorriso às câmeras de um sepulcro caiado.
O seu negócio seja qual for, vai sugar suas economias. Pense bem. E se você imagina trabalhar menos ao se aposentar, não abra um negócio próprio!
O mais provável é que, num novo emprego, seu chefe sinta-se ameaçado por você. Ou que você se sinta atemorizado, por uma chefia mais jovem e mais bem preparada.
Quanto mais alto você tiver chegado, maiores serão os seus sentimentos de perda, não só profissionais, como pessoais.
Jogar a culpa: no governo, na empresa, no cônjuge, só vai paralisar você. Não há culpados, nem você. Portanto, arregace as mangas e procure se enxergar, em vez de se recriminar.
A vida não lhe trará o sucesso de bandeja. Velho ou novo, vá buscar. Esta é a grande mudança da aposentadoria: comece de novo.
A pergunta não é mais, o que você vai ser quando crescer, mas sim, como você vai crescer quando você for.
Tudo tem seu defeito: o trabalho, porque nunca acaba; as férias, porque sempre acabam; e a aposentadoria, porque nos faz confundir uma reles terça-feira qualquer com um fim de semana com feriadão.
“Amanhã, dia de Corpus Christi. Não vou comungar, não tenho vontade, apesar da paz que sinto. A despeito das minhas dúvidas, dos meus erros, acredito, acredito. A verdadeira fé deve ser mesmo a vontade de crer, de aceitar com humildade como faço agora. É pensar: quero crer, portanto creio. Esta a força que nos leva à frente. Não se deter no pensamento do que é certo ou errado, verdadeiro ou não, mas querer com toda força, aceitar, aceitar. Mas mesmo assim, aceitando, não sei por que, não tenho vontade de comungar. Adio, adio sempre, para uma época que não sei quando, talvez quando não tiver mais tempo. Penso comigo: quando me aposentar irei diariamente à missa como mamãe, Tidoce e Dazinha faziam. Será que me aposentarei um dia? Para mim a aposentadoria é um prêmio tão esperado que chego a temê-lo. Serão dias de sol, de música, de alegria. A liberdade em parte, pois com Nonô na situação em que se acha não me é possível tê-la integralmente. Mas a liberdade exatamente como é mais bela, a liberdade que o amor dá. Não desejo nem nunca desejei a liberdade integral, desde a morte da minha mãe. Liberdade sim, mas presa pelo amor a alguém, a alguma coisa. Liberdade total para mim significa abandono, falta de amor. Preciso querer alguém, prender-me, sentir que necessitam de mim, mesmo apesar do meu receio, das minhas queixas. O que poderei fazer da liberdade total? Arrastá-la como um fardo, invejando as cadeias do amor dos outros e suspirando por elas. Sentarei num banco de praça numa manhã fria e de sol, vendo as árvores, sentindo o vento, ouvindo o vozerio das crianças que brincam, os rumores da vida meio distante através da névoa dos anos vividos. Andarei devagar pelas ruas, pisando as folhas caídas no outono, tentando adivinhas o mistério de cada casa adormecida na manhã fria. E à noite, sentada no quarto de música, ouvirei tudo que amo, olhando os quadros, os retratos na parede, pensando com doçura nos que já se foram, rebuscando na memória um som, um gesto, um sorriso esquecido no tempo.
A vitrola para e me levanto para tirar o disco. Nonô vem saindo do quarto, cheio de tinta. Vou ajuda-lo a lavar as mãos. Irrita-se porque tento enxaguar mais uma vez os dedos que ele julga limpos, me empurra, zanga-se. É sempre assim. Insisto e enxugo vagarosamente os seus dedos, tirando qualquer resto de tinta que por acaso tenha ficado, com um pano velho. Do banheiro encaminha-se para a sala de música, onde liga a televisão e senta-se na poltrona favorita. Acompanho-o me sentando também a seu lado e começamos a ver um filme onde um dos personagens num dado momento faça de inferno. Sacode a cabeça e escreve no caderno, me mostrando: “Não tem inferno, juro a você.”
Olho-o em silêncio e ele mantém o meu olhar, reafirmando com a cabeça:
- Não, não.
Estou com ele, mas quantas vezes não tenho discutido no confessionário a esse propósito! Foi mesmo origem de um desentendimento meu com um padre a quem detestei no momento. Passei muito tempo sem voltar ao confessionário, para quê? Se não admitiam que eu fosse sincera? Que me adiantava dizer que acredito na existência do inferno, se dentro de mim penso o contrário? Nonô, por exemplo, já tem o seu inferno aqui mesmo. Quase cinco anos emparedado vivo, haverá maior inferno? Nem mesmo a morte, libertação, apesar do medo que a precede.”
Vida Vida – pp. 201 e 202
Um cômodo ou aposento apertado pode ser uma antecipação da restrição de um caixão. Libertar-se dessa caixa significa escapar do comodismo e da aposentadoria desnecessária, abraçando a plenitude da vida.
Nenhum dinheiro pode restituir a vida perdida na busca por riqueza. Não troque sua vida por dinheiro. No entanto, se você viver amando o que faz e ainda conseguir ganhar dinheiro por isso – algo que faria de graça por tanto que ama – então, receber mais dinheiro e, eventualmente, receber novamente na aposentadoria, é um bônus extraordinário.
Só podemos desfrutar de nossos direitos, nesse sistema educacional, quando os saqueamos com muitas brigas, só trabalhando honestamente não é suficiente, somos obrigados a greves, derrubando a qualidade. Em aposentadoria, nem se fala.
“Se tem uma coisa que acompanha o ser humano no início e no final da vida é um par de sandálias do tipo papete. “
O sinal vermelho se dá quando mais da metade da população brasileira (...) continua acreditando que será sustentada apenas pelo governo quando chegar à aposentadoria.
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