Aperto de Mão
Só Deus sabe
Só Deus sabe quantas mãos eu apertei
Para então poder apertar a sua
Só Deus sabe por quantos minutos eu vaguei
Pelo nosso futuro inexistente
Só Deus sabe com quantos olhares eu cruzei
Procurando o brilho dos seus
Só Deus sabe quantos sorrisos para ti sorri
Sem nem estares ao menos por perto
Porque quando a distância é grande,
As pedras se engrandecem com ela;
Mas ao seu lado, até as montanhas se desfazem em pó.
O que é por natureza frio, contigo esquenta;
E o que já é quente, ferve.
E eu fervi.
Minha cabeça está a mil
meu coração está apertado
minha respiração está ofegante
minhas mãos estão trêmulas
meu peito arde, minha cabeça está explodindo
tô tentando fugir de tudo
mas sinto que estou em um labirinto
em um beco sem saída
tô parado, tipo aqueles sonhos
onde a gente corre,corre e não saímos do lugar
estou sendo esmagado entre meus
pensamentos e sentimentos
to me sentindo sufocado
pressionado, imóvel
sem conseguir mexer um músculo
sem respirar
to sem rumo
travado
perdido
chorar alivia
mas já não me restam lágrimas para chorar
sinto que sou um oceano
e estou eu to sentado no meio
na terra
pois já transbordei até secar
confesso que estou cansado, exausto, esgotado
estou tentando ser forte a cada dia
mas a cada dia que passa, me sinto fraco
e não sei por quanto tempo
eu ainda suportarei
Suaviza minha dor
Agrava meu amor
Meus pés molhados no chão
Com força aperto com as mãos
O caule da rosa mais bonita
A dor que traz a vida.
Eis minha percepção.
É o singelo e disfarçado aperto de mãos em forma peculiar formal rotineira, um habitual cógnitivo de convencimento!
Conversa de comadres: Palma
Terra seca: Palma
Fome aperta: Palma
Mãos furadas: Palma
Boi babão: Palma
_Sabe, comadre: Não é todo mundo que sabe preparar a palma!
_Deus nos livre de engolir um espinho!
_Perde a voz! Perde a vida!
_Oxente, comadre!
Barriguda sabe preparar palma como ninguém!
_Como o boi nunca se engasga, comadre?
_ Sei lá! Vai ver a gente precisa aprender a ruminar!
_Ruminar a vida!...
Amor:
Eis-me aqui,
Tô pronto
Ou pelo menos
Creio que estou,
Se é chegada a hora
Aperta-me
As mãos,
Interaja
Com este coração
Que almeja ser
Para sempre teu
E no mais
Pareço uma coletânea
De contos incompletos
Perdidos no emaranhado
De teus cabelos.
...
Coração na boca
Peito apertado
Alma barroca
Tremor nas mãos
Brilho nos olhos
Eixo recíproco
Me despi, escrevi
Discorri anseios
Me despojei, atrevi
Socorri receios
Soletrei verdade
Dissertei fadigas
Em cada frase
Cicatrizei feridas
Fiz paródia
Refiz meu verso
E na discórdia
Incontroverso
Se sou eu, baluarte
Se aqui és minha arte
Clamo com todo respeito
Se gostas do rarefeito
Esqueças o “à la carte”
Existem coisas que estão em nossas mãos
por vezes deixamos escapar
em outras apertamos tanto
que sufocamos sem a intenção de acabar
mas sufocado
nem o amor consegue suportar
Quero colo, cafuné, abraço apertado, chamego;
Quero xero e muito dengo, andar de mãos dadas
na praça; beijo na boca demorado, sms de amor, e todas
aquelas coisas gostosas que homem jura ser
bobeira, mas que mulher não vive sem.