Antologia Poética
A Lição maior vem dos pequenos
Há uma energia diferente quando o nosso "fazer" é motivado pelo sincero desejo de colaborar e ajudar o outro, o grupo, a coletividade.
Quando nos percebemos, como parte essencial, de algo maior que nossos próprios interesses, a vida ganha novo sentido.
Não mais o meu time, minha religião, meu ponto de vista, acima de todos os outros, mas, o interesse do outro.
Qual o seu endereço, meu irmão?
Onde está doendo?
Como eu posso ser leal e aprender com você?
Debaixo de uma árvore, em um belo dia de sol, todos podemos nos sentar, estender a toalha e partilhar alimentos, de paladares diversos.
A fraternidade dos homens ainda é um ideal a ser alcançado, mas podemos insistir com tal aprendizado.
Tenho observado as formigas, como elas fazem, como são pequenas, mas o quanto de ordem e harmonia há no formigueiro. De como são fortes, estando unidas.
Tenho observado a ordem na casa das abelhas, como fazem o que fazem!
Curvo-me diante desses animaizinhos, a descobrir que temos a mesma importância!
Gratidão às formiguinhas e às abelhas, mestras amadas, por suas lições de convivência, ordem e harmonia.
Que haja um acréscimo de Compaixão em meu olhar, quiçá, talvez ... de humildade, posto que ainda não atingimos tamanha perfeição na comunidade dos homens!
Eni Gonçalves
Mais um Natal
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
Na Vida quando me falaram de amizade, aquela que nos acompanham fazendo-se presente até mesmo no silêncio, achei que era somente fantasia de um sonhador. E é real! Os que se tornaram distantes, hoje não me dizem nada, mas também trouxeram uma carga de evolução em minha existência. Os verdadeiros são presentes e pulsam no coração. Como é fantástico como vemos as pessoas de modo diferente com o passar dos anos e aprendemos com elas os significados mais estranhos dos sentimentos que nos tocam... É tão bom saber que amigos fazem parte, e que também a solidão tem sua fração. Neste mais um Natal, quero olhar cada rosto que vai marcar presença, esses sim meus amigos verdadeiramente fraternais, e retribuir com meu sorriso sincero. Pois o tempo galopa mais que o nosso olhar possa perceber, e a maturidade nos faz saudosos dos tempos ingênuos da irresponsabilidade, dos amiguinhos sem interesse, das brincadeiras de adolescentes, do tempo maravilhoso de faculdade. Saudade! Então quero agradecer cada manhã amanhecida, um presente Divino, uma alegria pra ser comemorada, partilhada... E nestes momentos de comemorações, dividir com a vida todo este festejo, aquela música que marcou um segundo, um minuto, um beijo, a poesia escrita com a pluma da alma, a mão que afagou com suas palavras de conforto, olhar que acolheu o meu olhar absorto, o abraço que em meu corpo se fez laço... Afinal, mais um Natal!
Cicatriz
A saudade dói
Força que aperta o peito
O tempo cura
Força o esquecimento
O silêncio cauteriza
Força que cicatriza pela dor
A cicatriz é marca perene
Lembrança de uma dor
Da saudade
Do silêncio
A minha maior inspiração vem do silêncio das madrugadas; a calmaria noturna me desperta para a explosão poética; ao menor sopro da realidade humanística me faz nascer do âmago a leveza do lirismo que suaviza os momentos de angústia e tormento.
TRAGO
Trago a prosa na alma, inteiramente
Como se fosse uma tocante sinfonia
Que me invade e do profundo irradia
Inspiração. Sou da poética pendente
Trago no âmago o lírico praticamente
Olhares, agrados e sensível harmonia
Em cada versejar o trovar com magia
Sou apaixonado, ao acaso indiferente
Trago o canto, na cadência, atraente
Sou instante, um todo, o total afago
Um Bardo cheio de emoção presente
Trago sensação, premissa dum amador
Para o meu contentamento, tudo trago
Menos a perfídia daquele amado amor
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
28 agosto, 2022, 21’07” – Araguari, MG
Uma vez um amigo me disse:
Você é uma pessoa "romboide".
Eu sai pesquisando, o que seria isso?
Hoje, talvez, eu entenda que não existe formas para o ser humano, mas espaço e tempo de cada um inseridos no Universo estrelar.
E eu não sou plana.
Eu. A que gosta do frio. Do sossego. Sorri de volta à solidão. A que olha o céu escuro, mas que vê nitidamente as estrelas de dia. Essa! Que emite os seus raios dourados, mais ternos agora, de um quente suave, mas de brilho igual. Ai, eu... ai, de mim. Por ser como sou. Assim…
A linguagem verbal é o milagre maior do Logos, oceano comum-comunicante, mare nostrum antrópico onde a prosa nada enquanto a poesia navega.
A cópia do passado se restitui infindamente, desprovido das sensações, as quais terá efeitos adverso pois, a experiência muda e retoca-se no individualismo de uma realidade.
12:25 // 07/10
Creio que o fim último e a causa primeira da poesia seja preparar o homem para o contato COM e a compreensão DO Divino. Gosto de entendê-la, por isto mesmo, como a própria antecâmara da fé. Seu sentimento é sem paralelos dentre aqueles aos quais os homens são suscetíveis... O sentimento poético é a intuição continuada de (que há um) Deus.
O anseio ou engodo supremo da poesia, essa arte suprema do verbo, é, paradoxalmente, acessar a dimensão pré-verbal, aquela que o verbo mesmo nos roubou. E Sísifo fantasia-se de Orfeu, e Narciso, de Jasão, e embriagam-se de desespero e máscara.
Paixão é um instante: é um estalo de luz que desabrocha no coração a partir dos entre olhares. É o oceano que transborda a terra em instante de dilúvio emocional.
É uma maravilha!
Tudo brilha em cores quentes e o que importa é manter este
carnaval que bate no peito provocando suspiros rítmicos em
samba!
Ah! Minha bela amada. Como desejo consumir este raro Eros que ainda guardo no coração; mas o bloco dos iludidos já se foi, e encontraram, os iludidos, outros amores; Mas ainda continuo aqui.
Silenciosamente absorto em metafísica continuo aqui.
Fevereiro passou; e ainda continuo aqui.
Devaneio à meia-luz ao materializar sentimentos em palavras, e sem querer faço alquimia ao dissolve-las em seu balsamo impregnado nas minhas reminiscências.
Seguramente faço contrassenso ao entrelaçar palavras vis com sentimentos sublimes, logo reativamente as cores quentes congelam ao mesmo tempo que as neutras degelam.
Ainda que sem tempero ou sabor meu tamborim ecoa a ti, ainda que em vão.
Celebração da vida e do poder de resiliência,
o olhar poético desnuda mistérios,
bordeja e adentra ao sagrado
e extrai o melhor de tudo.
Ouvindo a voz da chuva
(...)
Ouves a voz da chuva ao amanhecer
Voz de chuva que vem do mar
Chuva que hoje parece
vento que faz uma prece
chuva que vem des[agua]r
(...)
Chuva que toca na arreia, Am[águas]
Chuva que choram, as ondas Des[água]
chuva que enche os poros
e antecede a solidão
(...)
Chuva que traz a dúvida, sem saber
versos que molham a planta, ao dizer
vozes que vem do vento
remindo o tempo, irá chover
§
In: TORVÍC, Allam. Poemas de conversações. 2023. São Paulo.
A espontaneidade expressada na junção de belas cores e numa graciosidade admirada, sendo contrastes emocionantes que a arte facilmente promove, dessarte, criações amáveis que partilham uma mesma fonte com tamanha afabilidade.
Trata-se de uma mescla artística entre algumas tintas e uma bela natureza, que de maneiras diferentes estão vivas, mas que através de uma concepção poética são percebidas claramente unidas numa única essência reluzente.
De fato, um belo banquete para os olhos e um frescor para o espírito, provocados por artes que se misturam e iluminam amavelmente à semelhança de um sorriso de ternura resplandecente que cativa olhares e inspira mentes.
"Nos meus escritos perdidos ao longo de eras seculares, onde meus pensamentos se entrelaçaram com a eternidade, emerge a sagrada concretização da minha realidade."