Aniversário de Filha Distante
O Inimigo é Tão Furioso Comigo Que Já Colocou Minha Mãe,Pai,Irmã,Filha, Cunhadas,Sobrinhas, Sogra...Contra Mim.
Meu Sonho é Que Minha Filha Volte a Cantar:Ela Cresceu Cantando.Mas Não Vou Obrigá-la Pois Devemos Cantar Por Amor.
"Pouco antes de seguir para a França, minha filha deixara com a Civilização um ensaio sobre a situação da mulher na sociedade; não era trabalho perfeito, mas, com todas as suas insuficiências, estava acima do que vinha sendo aparecendo, aqui, no gênero"
A FÚRIA DE CALIBÃ - pág. 181
março de 1966...Em setembro, minha filha Olga seguiu para a França, com bolsa de estudos. A solidão começava a tornar-se acentuada. Vivíamos, agora, num país triste, agoniado, com a população passando privações e sob ambiente tenso"
A FÚRIA DE CALIBÃ
Eu acordei um dia
De meus sonhos loucos
E me vi nos braços
Da filha de um caboclo
Foi da filha do coronel
Que ganhei meu anel
E me pus nos pomares
A apreciar seus olhares
Com uma beleza singela
Que se fez como cinderela
A cantar em minha janela
Trazendo alegria a minha vida tumultuada e fria
Onde só existia, bebedeira, caos e uma vida em ruína
Hoje sou feliz porque encontrei a saudade
E com a simplicidade fiz verdadeira amizade
Não caminho mais sozinho, pois descobri que o destino
Deve ter nome estampado no peito
Não dou mais importância ao dinheiro
Porque conquistei o direito ligeiro
De ter a escritura do coração faceiro de alguém
Nesse coração fiz minha morada
E dele não me aparto por nada
Me ofereceram ouro, já me ofereceram prata
Mas decidi que minha poesia é somente de minha amada.
Ninguém foi capaz de perceber o quão destruída eu estava;
Nem mesmo aqueles que me chamam de filha.
Resiliência
Sim Deus, eu não tenho sido a filha que desejou que eu fosse
não faço as coisas que te agradam, e ainda te renego às vezes
renego mesmo sem querer, quando tenho medo de falar de Ti
por vergonha, deixo de glorificar e honrar teu Santo Nome.
Admito que minha fé é falha, e que só lembro de Ti na angústia
quando a agonia me faz perder o fôlego, aí sim, lembro de Ti
quando a dor me sufoca, e o medo me toma pelo braço, te chamo
e teu amparo sempre esta lá para meu auxílio, e tudo passa.
Mas Deus, sou falha! Te clamo na dor, e te esqueço nas alegrias
quando estou feliz esqueço de te agradecer, de falar do teu amor
quando estou com meus amigos, não te chamo para junto de nós
se alguém fala do teu amor, me envergonho às vezes, e calo-me.
Como sou falha! Não sei agradecer pela vida que tenho Deus
sei o quanto estou errada, sei também o quanto tens feito por mim emais uma vez Pai, eu peço teu maravilhoso auxílio, ajuda-me
ensina-me Pai, a pronunciar com sabedoria o teu Santo Nome.
Poesia ao "meu" Pará
Sou filha desta amada Terra
De diversidade natural
Onde o vermelho de sua bandeira
Representa suas lutas
Trago no meu sangue suas culturas
Por ser filha desta amada Terra
Por ser filha do "meu" Pará.
Tens saborosa culinária
Desde o pato no tucupí até o tacacá
E suas frutas regionais
Admirada no Pará inteiro
Como bacaba, pupunha
E o açaí: o fruto negro.
Encanto-me com teus cantos
E me embalo em tuas danças
Como o xote, carimbó
E seus rítmos calientes
Que danço acompanhada ou só.
E suas lendas que fazem parte
Do imaginário popular
Como a lenda do curupira
Do boto e do guaraná
Faz reunir os amigos
Para na porta da casa contar
Contar suas lendas
Cantar seu hino
E fazer poesia ao "meu" Pará.
--- Carta honrosa de filha para pai ---
Meu pai, meu amigo!
Meu pai! Como tenho aprendido com meu pai!
Em alguns estágios da vida, seus conselhos pareciam duros e sem sentido.
Em meio a murmúrios, mal absorvia, no fundo do meu núcleo, aquelas palavras soavam bondosamente, minha atitude era coerente à sabedoria.
Meu pai viu sua princesinha crescer, amadurecer, chorar, sofrer, adoecer, e quase partir antes dele.
Mas nem todo lado da história foi só abatimento.
Meu pai me viu sorrir, brincar, dar altar gargalhadas junto as gargalhadas deles; entre muitas conversas divertidas, conversas engraçadas, cheias de glória; momentos de luta, momentos de superação, momentos de perdão, momentos de abraço forte, momentos de demonstração:
"Eu amo o meu pai! Pai, me dá um abraço?"
O meu pai ao meu nascimento exclamou, declarou com olhos repletos de agrado: "Eis a minha princesinha!"
Tem sido e será pra mim essa a imagem do meu pai, não importando o tempo que passe: homem honesto, trabalhador, leal à esposa, única namorada em sua vida inteira, minha mãe, a esplendorosa dona.
Meu pai, às vezes com o coração doendo, calava-se para não piorar a dor que nos via passar, por causa de certas desilusões; chorava-se muito na solidão do quarto.
Meu pai pode ter sido o maior pai coruja, hoje, eu sou a filha coruja que nunca existiu outra igual.
Meu pai, eu o defendo como sendo parte de mim, como exercendo o papel contrário, como de mãe para filho.
Meu pai, sangue do meu sangue, homem de princípios, homem que ensinou a não tirar nada de ninguém.
Ensinou-me a pontualidade, e a não confiar em quem fala demasiadamente.
Meu pai em sua frugalidade, homem de poucas faculdades intelectuais, porém, visão empreendedora e natureza ponderada.
Meu pai, não sabendo exprimir o que sentia por nós, compreendo que seu amor por nossa família transborda em seu coração.
Meu pai me ensinou tanto..., que alguém me amaria se unicamente esperasse até o casamento. Como lutei e sofri para me manter, mas consegui!
Meu pai, ninguém pode falar nada de mal do meu pai, pois o conheço.
Meu pai, se alguém falou, não passara de mentira e desgraça à pessoa que ousou de tal ultraje; amaldiçoada seja a calúnia, é infeliz e miserável quem a proferiu, pois não tem Deus no coração.
Meu pai, eu assino embaixo como num documento, mesmo adulta, não mais aquela moça ingênua e rúptil (esse tempo venceu a validade).
Agora chegou o tempo da alegria, da motivação, da amizade, do carinho, do amor, do cuidado, do zelo, do respeito, desses nobres valores.
Meu pai, eu jamais esquecerei os lindos dias que passamos juntos: as graçolas, o bom humor, a troca de ideias, muitas cuias de chimarrão.
O tempo de menininha na memória ficou: escovávamos os dentes juntos; apenas um olhar, era aquela festa de risos, memoração engraçada e imaculada.
Meu pai, meu herói, amigo de Deus, esposo dedicado, pescador de homens, não és perfeito. Meu amigão!
Meu pai!
Nunca vou deixar de amar um ser tão transparente assim.
Meu pai que se chama Altair.
(Livro: Colecionando laços e notas musicais da alma.
2016, ISBN: 978-85-920747-0-8 - adaptações).
Michele Stringhini - Poetisa
Filha de Andrômeda
Munida de imprevistos anatômicos,
Despojada das verossimilhanças,
Portadora de um grupo muscular glúteo
Severamente avantajado;
Porção mínima, média e máxima,
Salientemente distribuída,
Na saborosa face posterior de teu quadril.
Havia sido abençoada,
Pela desproporcional opulência genética,
A notória capacidade hereditária de locomoção,
Evidenciava tua imponente estrutura óssea.
Pude apreciar,
Por meio de minhas órbitas oculares infatigáveis,
Vossa deslumbrante rafe perineal, 'Amada',
Tua pelve imaculada, projetava Ílio, Ísquio e Púbis,
A tríade mitológica, com inegável determinação.
Deslizando com perícia clínica,
Por entre os planos de corte,
Sagital, coronal e transverso.
Profissionalmente rotacionava
Em circundução pelos eixos,
Latero-lateralmente, ântero-posteriormente
E para o delírio absoluto da multidão atônita,
No sentido craniocaudal.
Desalinhando,
Até os seres mais santificados,
Com tua beatitude.
Produzindo saliva gotejante, agridoce, viscosa.
Satisfação, sempre foi o termo adequado,
E para ti, minha gratidão,
Filha de Andrômeda.